10- Droga! Droga! Droga!

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Cole observou, se divertindo, enquanto Lili continuava a conversar com a família como se nunca tivesse ido embora.

O próprio pai dele, traidor que era, simplesmente sorria e dava tapinhas na mão dela, como se ela fosse um tipo de cachorrinho.
A mãe era ainda pior. A certo ponto, ele estava convencido de que ela ia dar uma festa de verdade em homenagem ao retorno de Lili.

Num ataque de pura alegria, a mãe tinha ido até os álbuns de fotos e selecionado todas as fotos dos dois na infância e colocado sobre a mesa.

Claro que Dylan estava em todas as fotos.
E, naturalmente, Cole estava ao fundo, de cara feia.

Maldito irmão. Sempre roubando os holofotes.

Lili tinha sido dele e nunca de Cole.

{...}

Com um rosnado que infelizmente saiu em voz alta, Cole entrou na cozinha e pegou uma cerveja bem gelada no refrigerador. Os pais, antecipando a chegada deles, tinham estocado petiscos - e álcool suficiente para se embebedar por um ano.
E isso parecia uma boa ideia, no fim das contas. Ele estava preso nessa casa abandonada por Deus até a história toda terminar. E, do jeito que as coisas estavam, Dylan não ia ficar muito por lá, com tudo que estava acontecendo no trabalho.

Cole, sendo o mais responsável dos dois, tinha dado aos funcionários do rancho um
bônus para contratar alguns estudantes a mais ao longo do verão, para ter mais tempo com os pais e a avó - que, neste exato minuto, parecia estar no auge da saúde.

- Vovó? Você pode sair da cama? - Cole olhou de soslaio para a avó minúscula. A
cor havia voltado ao rosto, e ela parecia pronta para ir jogar golfe. De acordo com o médico, ela deveria pegar leve. Afinal, um miniderrame ainda era um derrame.

- Onde ela está? Onde está minha doce menina? - A vovó Nadine bateu palmas e
suspirou. Um batom vermelho brilhante coloria seus lábios, e uma quantidade imoral de sombra estava lindamente espalhada sobre suas pálpebras.

A vovó sempre foi deslumbrante e, aos 85
anos, ainda partia corações. Sua última conquista simplesmente era o vizinho ao lado, sr. Casbon. O pobre homem
passeava com o cachorro pela propriedade deles pelo menos três vezes ao dia. Cole costumava se preocupar de o homem sofrer uma insolação e ter um derrame na entrada de carros, mas ele era incansável e nunca interrompia sua peregrinação para dar um tchauzinho para a vovó.

- Cole! Vou te matar! Me dá isso! - Lili entrou enfurecida na cozinha e arrancou
a cerveja da mão dele, engolindo a lata toda antes de batê-la no balcão e acidentalmente soltar um arroto alto.

Ela levou as mãos à boca e seu rosto ficou vermelho. Nesse instante, Cole se apaixonou um pouco mais por ela, se é que isso era possível.

A vovó Nadine soltou uma risada sincera.

- Ai, meu Deus, meu docinho, você continua devorando cervejas na cozinha longe dos olhos atentos dos pais desse aqui, é? - A vovó estendeu as mãos para Lili e a puxou para um abraço apertado. - Nem falo nada. Acho que essa aqui precisa é de uma margarita, Cole. Por que vocês dois não fogem juntos e tomam uns drinques na varanda? Eu cuido das coisas por aqui.
Deixa aqueles dois comigo. - A vovó ajeitou o casaco justo e entrou empertigada na sala de estar.

Lili engoliu em seco atrás dela.

- Eu juro que ela poderia ter sido a primeira presidente do sexo feminino.

Cole não achou que era o momento mais adequado para deixar Lili saber do segredo de família. Na verdade, a vovó tivera um caso com um dos presidentes.

THE BET. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora