Capitulo 15

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Zabdiel

-Sinceramente não te entendo.-digo vendo Richard bufar.-A algumas semanas atrás me garantiu que a Judith não era de confiança, e agora quer que eu acredite nela?

-Ela não mentiria sobre algo assim, ainda mais estando tão sensível com todos esses acontecimentos, com o Christopher principalmente...

A curiosidade fala mais alto que a minha razão, e então percebo que nunca entendi de fato essa conexão entre Evans e Vélez.

-Não entendo, os dois são...namorados?-gaguejo um pouco e sinto meu estômago embrulhar, não consigo imaginar um patife como o Christopher sendo um bom partido.

-Longa história, e não cabe a mim lhe contar.-sua voz soa baixa e preocupada, como se o assunto não o deixasse confortável.

-Apenas me responda uma coisa.-Camacho assente sério.-Ela tem motivos o suficiente, além do roubo, para querer acusá-lo de estar com a minha noiva?

-Você é mais burro do que pensei.-sua risada irônica me deixa confuso.-Não, ela não inventaria tudo isso apenas para prejudicar o Vélez.

-Bom...então, se for verdade o que ela disse sobre a Nath?

-Então você é corno, simples assim.-imaginar a mulher que amo me apunhalando pelas costas me destrói completamente.

Richard se despede e logo retorna ao trabalho, para mim foi mais difícil manter a concentração, já que uma constante vontade de desaparecer hora ou outra me distraía.

O dia passou mais rápido que o normal, talvez porque eu não queira voltar para casa. Enquanto dirijo me lembro de todos os segundos que contava para poder rever a minha Nath, as coisas mudam tão constantemente em minha vida que mal consigo acompanhar o ritmo.

Sempre fui alguém de riso fácil, de personalidade calma e alegre, mas agora me sinto um verdadeiro ranzinza perambulando por aí. Um corpo vazio e oco, uma mente perturbada e estressada 24 horas por dia.

Os únicos momentos em que me sinto vivo são quando estou no calor do corpo da minha amada, que talvez não me ame mais tanto assim. Quero acreditar que tudo não passa de uma armadilha suja de Judith, afinal, se for verdade não tenho um plano B.

-Natasha?-a chamo empurrando a porta principal com cautela.

-Estou aqui!-sua resposta ecoa baixo pela casa, então deduzo que a mesma está no quarto.

Adentro o ambiente a encontrando totalmente arrumada, seus cabelos e maquiagem estão impecáveis, seu perfume invadiu minhas narinas com tanta agressividade que mal consigo imaginar o quanto ela deva ter usado.

-Onde vai?-questiono abrindo os primeiros botões da camisa.

-Sair com uma amiga.-seu olhar não encontrou o meu em nenhum só momento.

-Ok, vou com você.-Natasha se vira com os olhos arregalados e assustada balbucia algumas palavras que não compreendo.-O que foi? Não se incomoda se eu for, não é?

-Você não se sentiria confortável, sabe? Só irão mulheres.-arqueio a sobrancelha e ela sorri fraco.-Por que não fica e descansa? O seu dia parece ter sido bem puxado...

-Não estou cansado, irei com você.-rapidamente pego minha toalha indo em direção ao banheiro.-Serei rápido, prometo.-grito antes de fechar a porta.

Não recebi nenhuma palavra ou expressão, apesar de odiar estar agindo dessa forma preciso descobrir se há algo errado. Se não houver, perfeito! Peço desculpas e ela com certeza me entenderá, além do mais, tenho total direito de me sentir inseguro.

Em poucos minutos volto para o quarto e me deparo com a mesma retirando as sandálias, de uma forma bastante rude ela arremessa os saltos num canto e se deita puxando o cobertor.

-Não íamos sair?-confesso que estou surpreso com a minha habilidade de bancar o desentendido.

-A Ingrid desmarcou.-ela sorri forçado me encarando.

-Bom, assim podemos passar mais um tempinho juntos.

-Estou cansada, boa noite.-bruscamente Nath enterra o rosto no travesseiro e sinto os meus olhos se encherem d'água.

-Boa noite...

Despedaçado me deito e assim permaneço durante toda a madrugada. Rapidamente meu consciente relembra de seus olhos azuis, e principalmente das suas palavras. Por favor Judith, não esteja certa.

Judith

Três dias se passaram desde a surpresa infeliz de Christopher, por sorte ele não voltou a me procurar. Sua soltura foi concedida sob fiança, e segundo os policiais o julgamento acontecerá em breve, não imagino como será ter que encara-lo novamente mas preciso ser forte.

Por outro lado Zabdiel tem ignorado até mesmo o meu "bom dia", quando nos encontramos pelos corredores ele abaixa a cabeça e simplesmente passa. Essa situação me magoa mais do que deveria, afinal de contas apenas o alertei na intenção de ajudar e não o contrário.

-Ele nem se quer olha para mim...-jogo a cabeça para trás fitando a lâmpada ofuscante do meu escritório.-Rich, eu não inventei tudo isso!

-Eu sei que não! Acredito em você, fez bem em contar a ele.-Richard caminha até mim abaixando-se em minha frente.-Não sei por que se importa tanto com a atenção de Zabdiel, mas se minhas suspeitas estiverem certas...

-Que suspeitas, garoto?

-Você gosta dele.-ele fala prendendo o riso e dou um tapa em seu braço.-Ei, isso doeu!

-Eu não gosto dele, para de viajar!-meus batimentos cardíacos vão a milhão e sinto minhas bochechas corarem.- Apenas já passei pelo mesmo e sei como é doloroso, só isso.

-Uhum, sei bem.-Richard gargalha me deixando sem graça. De onde ele tira essas ideias malucas? Por Deus!

-Você não tem mais o que fazer, Camacho?-o empurro até a saída enquanto o mesmo tem uma crise de risos.

-Se não gosta dele, por que está toda nervosinha?

-Não estou nervosa, é que...você me estressa, é isso!

-Você já mentiu muito melhor que isso.-ele se aproxima e beija a minha testa com carinho.-Até mais tarde, Jud.

-Até.-o acompanho até a porta e logo volto para a minha cadeira.

Desde quando admirar é errado? É inegável que o De Jesus é um homem e tanto e me sinto bem ao seu lado, mas não quer dizer que gosto dele. Algumas pessoas possuem energias parecidas com a nossa, e isso faz com que nos sintamos mais próximos e conectados, com certeza é o meu caso e de Zabdiel.

Mesmo sendo impossível esquecer do seu abraço e do seu toque macio em meu rosto, sei que não sinto nada mais que um carinho especial.

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