Cap 1 | Silêncio

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17:55 da Tarde | Tóquio.

Ruas completamente vazias, um clima estranho e sem sentido, enquanto várias coisas passavam pela minha cabeça. Dês de que cheguei a Bordeland minha vida virou de cabeça para baixo e com certeza foi assim para outros jogadores. Nunca fui sociável e agora só piorava ainda mais a minha situação, por isso eu tentava manter o mínimo de contato possível com os jogadores que passavam nos jogos, tendo em mente que a única maneira de sobreviver era não confiando em ninguém.

Passei grande parte da minha vida jogando jogos online, adquirindo conhecimento com vídeos específicos no YouTube e treinando algumas coisas em meu próprio quarto. Eu sempre fui o meu próprio porto seguro e esse era sempre o meu lema. Depois que meu melhor amigo de todos os tempos sumiu sem deixar rastros, minha vida desmoronou pela segunda vez, já que a primeira foi quando minha mãe morreu.
Nunca conheci meu pai, ele sempre foi fechado e foi embora assim que descobriu a gravidez de minha mãe, a deixando completamente sozinha nesse mundo tão gigante. Ela era nova e não sabia o que fazer, sua única esperança era os seus próprios pais que a expulsaram de casa sem ao menos ter compaixão.

Minha mãe lutou pela vida dela e pela minha, sempre trabalhando duro para conseguir me dar uma vida melhor, sem deixar as influencias das pessoas me prejudicarem. Ela costumava me dizer que pessoas são ruins e que eu deveria confiar apenas em si mesma e com isso eu vivi. Quando completei os meus onze anos de idade, minha mãe conseguiu me dar o meu primeiro celular, a partir daquele dia eu praticamente não existia mais, já que sempre ficava calada e quieta em meu canto, sem ligar muito para o que acontecia no mundo a fora.

Minha vida era resumida em fotos bem tiradas e redes sociais, onde eu postava curiosidades e criava memes para entretenimento do público. Eu me considerava uma garota inteligente, já que fui me aperfeiçoando cada vez mais, aprendendo lutas marciais pela Internet, me interessei até mesmo em lutas com espadas. Quando completei meus quinze anos, arrumei um emprego agradável, fazendo o possível para ajudar minha mãe em casa e sustentar os meus vícios, já que depois que arranjei dinheiro comecei a gastar com internet, começando a comprar vários tipos de coisa para coleção.

A escola já é uma parte que preferia esquecer ao máximo, já que pessoas ao qual eu tentei conviver eram completamente rudes e idiotas comigo, me julgando por ter uma voz mais grossa que o normal e com uma aparência estranha. Me chamavam de tábua e sapatona por ter cabelos curtos naquela época, isso nunca foi um problema, até eu começar a sofrer agressões.
Por esses motivos eu acabei começando a treinar em casa, me aperfeiçoando nas artes marciais e na luta de espadas. A partir do momento em que consegui me defender, nunca mais fui alvo de críticas ou coisas do tipo e isso me motivou ainda mais a viver na internet, acabando por não notar que minha mãe estava doente.

Lutei bastante para tentar conseguir algo para ajudar minha mãe, mas tudo foi em vão a partir do dia em que ela foi parar no hospital. Passei dias ao seu lado, esperando uma melhora considerável, mas nada adiantava, então eu tive que tomar a decisão de desligar os aparelhos para não ter que ve-la sofrer ainda mais. Aquela dor percorreu o meu corpo de uma maneira terrível, já que minha mãe era a única que me entendia e cuidava de mim. Eu me vi perdida, mas sabia que não poderia desistir nem tão cedo, já que devia honrar o nome de minha mãe de uma forma ou de outra.
Tive que aprender a viver sozinha com apenas dezesseis anos, tendo dificuldades e desafios ao longo da vida, mas nunca mudando minha essência. Admito que fiquei arrogante e séria até de mais, mas era uma forma de não demonstrar o que eu sentia de verdade, já que meu coração se partil em milhões de pedaços naquele dia.

Fiquei em Tóquio com minha prima mais velha, a única pessoa da família que eu tinha contato. Com ela eu aprendi muita coisa, já que a mesma era uma ex militar e me ajudou com os treinamentos pessoais e até mesmo com armas, o que me deixou muito bem, além da força que a mesma me dava quanto a área da fotografia. Consegui entrar em um curso profissional pela Internet e foi por lá que conheci o Taka, um rapaz que postava várias curiosidades e posts na Internet que ninguém via ou curtia.
Todas as publicações me deixaram entretida e curiosa, por isso eu tinha decidido conversar com ele. Ele era difícil assim como eu, mas nos demos bem e nos tornamos bons amigos, até o dia em que ele sumiu.

A Strange Love || Alice in Bordeland (Last Boss).Onde histórias criam vida. Descubra agora