Capítulo 15

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Sarah estava caminhando rápido o suficiente para que eu não pudesse alcançá-la sem deixar as meninas para trás. Eu queria falar com ela, mas eu tinha que ficar mais a trás e garantir que Camilla e Carla não se distraissem se se afastassem.

Mesmo quando nos conhecemos, Sarah era sarcástica, mas ela não tinha me ignorado. Aquilo não era bom.

-Tudo é tão colorido... e minha cabeça está latejando - Carla falou - é como mil abelhas picando o interior do meu cérebro! Por que essa selva está tão quente? O sol estava tão bom a pouco...

Não, ela também não! Não agora!

-Nós só temos que continuar andando, okay? - eu pedi

-Sim, andando - a baixinha murmurou - mesmo que tudo dói... agora está se espalhando pra parte de trás do meu pescoço. Fascinante!

Me senti alarmada ao ouvi-la descrever o que estava sentindo, mas eu sabia que se Carla ainda estava falando, ela estava melhor do que Gil.

Eu mantive uma mão em suas costas para ter certeza de que ela continuava andando pra frente, mesmo que ocasionalmente eu tenha levado umas cotoveladas com seus gestos dramáticos.

-Então, se ela está piorando agora, isso significa que eu sou a próxima, certo? - eu pulei um pouco, surpresa com a voz atrás de mim. Camilla não havia dito uma palavra desde que deixamos a praia.

-Nós encontraremos água fresca para todos melhorarem, Cami - assegurei, mesmo sem ter certeza disso - você vai ficar bem, apenas aguente firme, okay?

-Se você diz - ela murmurou.

-Você não deve dar falsas esperanças - a voz de Sarah chamou minha atenção e eu percebi que ela havia parado a alguns metros à nossa frente.

Seus olhos claros haviam adotado um brilho mais duro, mais frio e sério do que já vi antes.

-Eu não pensei que você estava ouvindo, já que você estava andando super rápido - alfinetei um pouco.

-Porque quanto mais cedo nós voltarmos melhor - ela rebateu, com a cara fechada - e isso não muda o fato de que mentir pra Camilla não ajudará em nada.

-Não é uma mentira! Estamos à procura de uma cura.

-E agora não temos uma, nós nem sequer temos ideia de por onde começar.

-O que mais eu deveria dizer? - rebati, minha paciência indo pro ralo - "Desculpe, Camilla, você provavelmente vai morrer, mas se anime"? Isso é horrível, eu não vou presumir o pior, a menos que isso aconteça.

-Há otimismo e depois há negação, Juliette - o voz de Sarah saiu tão fria quanto gelo - nós temos que ser realistas. As chances de nós sobrevivermos não estão ao nosso favor.

Ela realmente achava que todos iriamos morrer antes de encontrar uma cura? Eu sabia que era tecnicamente uma possibilidade, mas conseguimos chegar até aqui. Nós fomos de dormir no chão comendo tomates para viver em um resort com alimentos enlatados em questão de dias. E Sarah se recuperou da doença, os outros também podem.

-Você está dizendo que está desistindo? - questionei esperando que ela não estivesse realmente pensando nisso.

-Não - Sarah respondeu depois de alguns segundos e depois desviou o olhar - mas não seria uma má ideia buscar uma pá quando voltarmos para o resort.

Suas palavras me atingiram como um soco no estômago, me deixando travada no lugar.

Sarah virou e voltou a andar novamente, a distância entre nós aumentando antes de eu forçar minhas pernas a se moverem novamente, tentando entender o que acabou de acontecer.

Castaway - A Aventura do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora