.maçã do amor - chenji

único

as bandeirinhas coloridas já começavam a serem penduradas pela quadra do colégio; os chapéus de palha eram desempoeirados e as calças jeans remendadas.

apesar da feição séria, jisung estava muito animado com a festa, ainda mais que seu par de quadrilha era por quem tinha uma quedinha há algum tempo. durante os ensaios a vergonha ainda dominava o rosto e corpo do garoto, mas o chinês logo tomava frente da dança e o guiava.

os pequenos olhos fitavam o pequeno bico formado pelos lábios de chenle ao recortar jornal. aquela era a cena mais fofa do dia, então apenas parou para observar e guardar em sua memória cada traço singelo. parou somente quando a professora chamou a turma para o último ensaio antes da apresentação. enquanto dançavam, era impossível não acabarem se encarando e desviar o olhar rapidamente com as orelhas ardendo em vergonha.

no fim do ensaio, se despedem e cada um segue seu caminho na ansiedade de chegar o dia seguinte.

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a cada minuto o colégio lotava mais, a essa altura jisung havia perdido jeno em alguma barraca de comida. chenle não soltava por um segundo o braço de renjun, que já se irritava por conta do calor que sentia ao ter um corpo ocupando seu espaço pessoal.

o cheiro de pipoca, pastel frito na hora e o quentão - que mesmo sem álcool ainda era muito bom - faziam a alegria dos dois adolescentes, apesar de que não negavam uma boa paçoca ou pé de moça de sobremesa. 

minutos antes da turma de formandos ser chamada para apresentar, jisung, completamente envergonhado, foi atrás de jaemin - responsável pelo correio elegante - pedir que enviasse para o chinês um recadinho. o loiro já conhecendo de toda estória, não tardou em escrever rapidamente e correr pelo pátio para encontrar chenle.

ao ouvir o chamado do diretor, achou seu lugar na fila, agarrou no braço do mais baixo e esperou o toque já conhecido por si começar.

a dança ocorreu sem imprevistos, todos os dedos dos pés intactos e sem errar os passos. quando se curvaram ao fim, suspiraram de alívio, depois de já estarem do lado de fora da quadra chenle chama jisung.

– você manda um correio elegante e simplesmente vira as costas e vai saindo assim, sem dizer nada? francamente, achei que você tinha mais atitude. - cruza os braços esperando reação do outro.

o coreano trava no lugar, coração disparado e as bochechas sendo tomadas por uma coloração avermelhada.

– eu não sabia se você iria querer algo… - balança os ombros enquanto encara a ponta da botina desbotada.

sem receber reação alguma, levanta o olhar e encontra o mais velho de sobrancelhas franzidas e bico nos lábios, perdido em pensamentos; de repente agarra a mão do outro e o arrasta pelo meio das pessoas até a barraca de maçã do amor, onde uma senhorinha os atendeu com um sorriso no rosto. 

ao ver somente uma maçã na mão do chinês o mais alto começa a tremer na base pensando no que pode acontecer dali para frente.

– vamos, sei um bom lugar pra ficar. - e sai em direção ao refeitório.

o outro vai atrás, levemente desengonçado. se sentam em uma mesa no canto mais afastado, onde não se ouve mais música ou gritos de criança.

quando toma coragem para desembrulhar, sente o rosto ficar tão vermelho quanto a fruta em suas mãos.

– você… prefere a casquinha ou só a maçã? - morde um pedaço e fecha os olhos em deleite.

jisung olha a cena e esquece do doce ou do lugar onde estão.

– eu prefiro você. - encara o outro seriamente.

o chinês quase engasga com a maçã, enquanto respira tentando recuperar o ar, pensa no que acabou de ouvir.

– ah… eu… - volta a ficar em silêncio.

o coreano sente uma gota de suor escorrer pela sua testa por conta do nervosismo.

– sim chenle, eu prefiro ficar aqui, no refeitório do colégio, enquanto te vejo comer uma maçã do amor. - puxa o palito de sua mão e morde a fruta.

após um tempo em silêncio, chenle volta com o doce em mãos e deixa um beijinho doce na bochecha cheia de jisung.

– eu prefiro dividir uma maçã do amor com você enquanto te dou beijinhos doces. 

junta os lábios vermelhos pelo corante à boca cheinha enquanto dividem o sabor doce de uma maçã do amor numa noite de festa junina.