Girassol

129 26 39
                                    



Número de palavras: 3.190

Londres, 2016.

Suas suspeitas apenas se confirmaram durante o jantar mais chato da vida de Nymphadora Tonks. Marlene não sorria como uma mulher apaixonada, seus olhos estavam vazios e opacos sem nenhuma fagulha de alegria, ela evitava manter contato visual com os presentes na mesa e estava estranhamente calada. Ela estava sofrendo.

Apesar da Tonks só precisar de um único indício de tristeza para comprovar a sua teoria de que a amiga estava infeliz com o noivado, algo atiçou ainda mais as suas certezas, o toque. Todos os reles seres do mundo possuíam formas distintas de demonstrar afeto a pessoa amada, mas o toque parecia ser uma unanimidade entre os casais.

Não precisava ser íntimo, podia ser sutil como um entrelaçar de dedos, podia ser discreto como um leve toque no ombro, podia ser afetuoso como um afago em qualquer zona, não importava como fosse. Pessoas apaixonadas sempre encontrariam formas de sentirem o calor do corpo da pessoa que amava e Tonks não via isso em Marlene e Peter.

Na realidade, até via, mas sempre por parte do noivo e nunca por Marlene. Além disso, quando Peter a tocava, a loira retraía de maneira discreta o seu corpo como se o toque daquele homem fosse áspero ou até mesmo venenoso. Se Tonks já estava desconfortável com aquela atmosfera, Marlene estava implorando pela morte. Céus, como iria salvar a sua melhor amiga daquela situação hedionda?

A florista não conseguiu comer, era como se ela pudesse sentir a angústia de Marlene, era como se pudesse ouvir seus pedidos de ajuda mesmo sem dizer uma palavra ou trocarem um único olhar corriqueiro. Após o jantar, coroava em fim a confraternização entre os padrinhos.

Tonks pensava em se aproximar de Marlene durante o evento na tentativa de iniciar alguma conversa fraterna, mas, ao redor da loira, formou-se uma espécie de semi círculo de pessoas querendo conhecer a noiva. Não os culpava por aquilo, tudo aconteceu de maneira muito abrupta e ninguém do ciclo familiar de Peter conhecia Marlene e queriam sanar aquele déficit na primeira oportunidade que tivessem.

Conformada de que aquela tolice de confraternização não traria os resultados que a florista queria, Tonks pediu por uma garrafa de uísque fechada no bar e subiu batendo na porta do advogado.

— Eu não acho uma boa ideia dar mais bebida para o seu primo — Remus a repreendeu — Além disso, ele dormiu. Eu triturei dois comprimidos que eu uso para dormir e coloquei dentro de um biscoito recheado. É como medicar um cachorro só que bem mais difícil — contou brincalhão.

Tonks maneou com a cabeça em concordância e encarou o Lupin que agora se vestia de uma maneira bem mais informal. O advogado usava somente uma blusa azul com uma estampa de um desenho japonês e uma calça de moletom preta bem diferente das roupas sociais que usava para o jantar daquela noite.

— Você estava indo dormir? — Tonks perguntou ao julgar pelas roupas.

— Não, eu tenho insônia, por isso eu tomo remédio. Eu estava pensando em responder alguns emails...

— Quer beber e falar mal desse casamento? — e o Lupin esboçou espanto com aquele pedido tão direto — Vamos! Eu sei que você é contra esse circo tanto quanto eu. Caso fosse a favor, nunca teria ficado com o Sirius trancado aqui.

— Com uma condição, eu não vou beber no seu quarto e eu não quero ser visto por ninguém lá embaixo — definiu trancando a porta do próprio quarto — Por mais que eu não concorde com esse casamento, eu acho que seria um tanto indelicado da minha parte aparecer na confraternização como se nada tivesse acontecido.

Love Project: How to Destroy a Marrige Onde histórias criam vida. Descubra agora