Capítulo único.

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Tudo o que eu quero é nada além
De ouvir você bater em minha porta
Pois se eu pudesse ver seu rosto, só mais uma vez
Poderia morrer um homem feliz, tenho certeza

     Se Chayoung soubesse como tudo iria acabar, talvez ela nem tivesse começado. Se ela não tivesse ficado paralisada, ou conformada com a situação, como seria? Ela nunca iria saber. E mesmo assim, se ela soubesse, ela não teria começado aquilo.

     Ou será que teria?
     No fundo, ela sabia que apesar dos pesares, viveria aquilo tudo de novo, com prazer.

     Ou será que Vincenzo, se soubesse, ele teria mesmo assim a deixado com aquela promessa? Será que se ele tivesse a ouvido antes, ele teria ficado? Assim com tentou ficar? Ele não sabia responder.

     Os últimos dez meses haviam sido estranhamente incríveis, Vincenzo e Chayoung estavam morando e trabalhando juntos. Ele finalmente havia conseguido uma identidade com seu nome coreano Joohyung, para que pudesse voltar para a coréia como cidadão, sem ser um foragido da polícia.

    Por dez meses ele conseguiu.
    Por dez meses ele acordou ao lado da mulher que amava.
    Por dez meses ele fez café da manhã para ela.
    Por dez meses ele a tocou como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo.
    Por dez meses ele a fez rir.
    Por dez meses ele sorriu.

    Por dez meses Vincenzo se reuniu com sua família do Geumga Plaza.
    Por dez meses ele riu com sua família.
    Por dez meses ele cuidou da sua afilhada -filha do Sr.Lee-.
    Por dez meses ele sentou para trabalhar em sua cadeira na advocacia jipuragi.

    Por dez meses ele foi feliz.

~...~

     Naquela manhã Hong Chayoun estava mais ansiosa que o normal, ela estava inquieta, confusa, com medo, surpresa e...feliz. Ela saiu da suíte secando seus longos cabelos castanhos com a toalha. Olhou as roupas que ela e Vincenzo estavam usando na noite passada no chão, esparramadas. Ela corou e sorriu faceira, desfrutando da lembrança.

     Como de costume, foi em direção a cozinha onde o dono dos seus pensamentos mais impuros estaria vestindo seu sofisticado pijama bordallo. Ela iria tomar o café da manhã ao lado dele, admirar o lindo sorriso que ela arrancaria do mafioso depois de fazer piadas sem graças como todas as manhãs (ás vezes ela achava que ele ria por educação, mas isso não vem ao caso). Talvez até acontecesse algo diferente. Mais tarde eles iriam à advocacia Jipuragi e fazer o que faziam de melhor juntos, trabalhar. Almoçariam no restaurante italiano e em seguida iriam visitar a afilhada deles, como sempre faziam.

     Os planos do dia passavam como um filme na cabeça dela enquanto descia as escadas, com um largo sorriso no rosto. Mas conforme ela foi chegando ao cômodo e visualizando a figura do homem seu sorriso foi diminuindo, o belo filme que ela fazia questão de passar em sua cabeça todas as manhãs foi travando, como se o disco tivesse estragado e desgastado.

     Chayoung respirou fundo, com os olhos marejados.
     Vincenzo não usava o pijama bordallo, mas sim um terno da mesma marca.
     Vincenzo não tinha feito o café da manhã.
     Vincenzo não segurava uma xícara de chá para entrega-lá, mas sim uma maleta.
     Vincenzo não sorria.

     Ela já tinha ideia do que viria a seguir, por isso ficou com medo de falar. Será que se ela não falasse nada, não aconteceria nada? Ele permaneceria ali em frente dela, independente de tudo? Chayoung queria que sim, ela tinha a sensação que qualquer palavra o faria sumir como um passo de mágica, ou quebrar como uma porcelana delicada. Por causa disso, ela não teve forças para falar nada.

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