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Bailey

Houve exatamente quatro momentos que definiram minha vida. 

Este foi o primeiro. 

 *

 Blossom Grove, Geórgia

 Estados Unidos da América

 Há doze anos 

Aos cinco anos de idade 

— Gusto kong pumunta! Ngayon na! Gusto kong umuwi! — eu gritei o mais alto que pude, dizendo para a minha mamma que eu queria ir embora naquela hora! Eu queria voltar para casa!

 — Não vamos voltar para casa, Bailey. E não vamos embora. Nossa casa agora é aqui — ela respondeu em inglês. Ela se agachou e me olhou bem nos olhos. — Bailey —disse, suavemente —, eu sei que você não queria ir embora de Manila, mas seu pappa conseguiu um emprego novo aqui na Geórgia.

Ela passou a mão no meu braço, mas eu não me sentia melhor. Eu não queria estar neste lugar, nos Estados Unidos.

Eu queria ir embora para casa. 

Eu odiava falar inglês. Desde que tínhamos saído da Noruega e chegado à América, mamma e pappa só falavam comigo em inglês. Eles diziam que eu tinha que praticar. 

Eu não queria!

— Nós estamos na América, Bailey. Eles falam inglês aqui. Você fala inglês há tanto tempo quanto fala norueguês. Está na hora de usá-lo.

Fiquei onde estava, olhando minha mamma enquanto ela passava por mim e entrava na casa. Espiei, ao redor, a pequena rua onde a gente ia morar. Havia oito casas. Eram todas grandes, mas cada uma tinha uma aparência diferente.  A nossa era pintada de vermelho, com janelas brancas e uma varanda enorme. Meu quarto era grande e ficava no térreo. Achei mesmo que era, tipo, legal. Um pouco, pelo menos. Eu nunca tinha dormido no térreo antes. Em Manila, meu quarto ficava no segundo andar.

Prestei atenção nas outras casas. Todas tinham cores brilhantes: azul-claro, amarelo, rosa... Então olhei para a que ficava ao lado. Bem ao lado – dividíamos um pedaço de grama. As duas casas eram grandes, e os jardins também, mas não havia cerca ou muro entre eles. Se eu quisesse, poderia correr para o jardim vizinho; não havia nada para impedir.

 A casa era de um branco brilhante, com uma varanda ao redor. Ela tinha cadeiras de balanço e uma grande cadeira suspensa na frente. As beiradas das janelas estavam pintadas de preto, e tinha uma em frente à do meu quarto. Bem na frente! Eu não gostei daquilo. Não gostei que pudesse ver dentro do quarto deles, e eles, do meu.

Vi uma pedra no chão. Eu a chutei, observando-a rolar para a rua. E me virei paras seguir minha mamma, mas então ouvi um barulho. Vinha da casa vizinha. Olhei para aporta da frente deles, mas ninguém saiu. Eu estava subindo os degraus da minha varanda quando notei um movimento ao lado da casa – na janela do quarto da casa ao lado, aquela em frente à minha.

As minhas mãos congelaram no corrimão e fiquei olhando enquanto uma garota, usando um vestido azul brilhante, se pendurava na janela. Ela pulou para a grama e limpou as mãos nas coxas. Eu franzi o cenho, com as sobrancelhas para baixo, enquanto a esperava levantar a cabeça. Ela tinha cabelos castanhos, amontoados na cabeça feito um ninho. Usava um grande laço branco na lateral da cabeça.

Quando ela olhou para cima, deu de cara comigo. E então sorriu. Ela me deu um sorriso tão grande. Acenou rápido e aí correu e parou na minha frente.

 Ela estendeu a mão e disse:

— Oi, meu nome é Sabina Hidalgo, eu tenho cinco anos e moro na casa ao lado. 

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⏰ Última atualização: Jun 21, 2021 ⏰

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