Capítulo 16

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No momento em que voltamos para dentro do resort, Sarah foi trabalhar na cozinha. Eu vi ela amassar todas as bagas em uma pasta antes de apertar tudo através de um pano, espremendo o suco em quatro copos diferentes. Era um trabalho intenso e eu decido deixá-la sozinha, não querendo atrapalhar. Mas quando ela pegou dois dos copos e deixou os outros para trás, eu rapidamente os peguei e segui Sarah até onde os outros estão sentados.

-Vamos, Gil, você tem que beber isso - Sarah pediu, entregando um copo pra ele.

-Tudo isso? Parece óleo - o capitão reclamou.

-Sim, tudo isso, e sorte para você, o gosto é melhor do que o óleo.

Carla e Arthur pegaram seus copos sem reclamar, mas Camilla estava descansando com a cabeça contra a mesa, os ombros tensos quando eu dei uma leve cutucada.

-Hey, você está acordada?

-acho que sim - ela murmurou

-Bem, isso é uma coisa boa. Eu tenho algo que vai te ajudar a se sentir melhor, você pode me olhar?

Ela gemeu, mas lentamente levantou a cabeça, os olhos fundos de exaustão. Camilla parecia muito pálida e eu entreguei o copo com urgência, não querendo que ela desmaiasse antes de beber o líquido.

-Apenas pegue isso, okay?

-Juliette, estou morrendo? - ela perguntou depois de um momento em silêncio.

-Não, não, você não está... - ainda não, mas ela não precisava ouvir isso.

-Onde está Hope? Eu quero me despedir - apesar de tudo, senti um sorriso puxando meus lábios.

-Você é muito ligada a Hope, não é? - perguntei

-Eu a construí com minhas próprias mãos e seu eu for embora, ela não terá ninguém saiba como ela trabalha...

-Camilla, você não vai a lugar nenhum, okay? - tentei tranquiliza-la - e Hope está atrás de você.

A morena se virou em seu assento o suficiente para ver o drone pairando por perto, deixando escapar um som calmo.

Eu olhei para cima e vi Sarah se retirando para o fundo da sala, usando um pano para tentar esfregar as manchas das bagas de seus dedos. Mas não estava funcionando muito bem.

Ela jogou o pano de lado e suspirou, desabando na cadeira mais próxima, com um olhar distante.

Sarah estava se esforçando muito. Eu sabia que a apatia era uma fachada, ela não queria que ninguém visse através dela. Eu não suportava vê-la assim. Ela precisava saber que não estava fazendo aquilo sozinha, mesmo que não quisesse ouvir.

Eu sabia que ela ia tentar me afastar de novo, mas eu finja que tentar chegar até ela. Eu reuni toda a minha coragem e me aproximei dela.

Assim que me viu, os ombros de Sarah ficaram tensos. Ela se fechou, como um animal selvagem tentando se proteger de um predador. Eu nem podia imaginar o quanto ela estava estressada, estava evidente em todos os seus movimentos.

Sarah abriu a boca, mas eu falei antes que ela pudesse dizer qualquer coisa para me desencorajar.

-Nós não temos que falar sobre qualquer coisa que você não queira, eu estou aqui apenas para ajudar.

-Não há nada com o que você possa ajudar agora - ela rebateu, fria e direta.

-E com isso? - suavemente, peguei o pano de suas mãos. Sarah estava esfregando com tanta força que sua pele estava começando a ficar vermelha - você estava se machucando, suas mãos estão todas vermelhas.

Castaway - A Aventura do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora