03 • carona

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Fui embora da boate pior do que havia entrado. Não consegui chegar nem perto do dançarino e agora me sinto mais confuso do que antes.

Sua dança erótica, os homens famintos por sexo, o mar de dinheiro no palco e toda aquela profanidade... De fato, não é pra mim.

Agora só me resta aceitar e esquecer de tudo. Principalmente do seu cheiro.

Assim que chego em casa, no meio da madrugada, me entrego completamente ao meu sono, aproveitando as últimas horas que ainda me restam antes de trabalhar.

Então, acabo tendo mais um sonho como o da noite anterior.

Novamente, a figura presente é o dançarino e ele está dançando para mim.

Mas dessa vez percebo que alguns detalhes são diferentes: sua roupa não é exagerada ou erótica, na verdade, é algo bem simples como uma blusa e uma calça qualquer, e o lugar onde estamos não é a boate, e sim um quarto pequeno.

De relance, eu consigo notar um mural de fotos bem atrás dele, são de vários lugares diferentes, para ser mais específico, pontos turísticos.

A minha visão volta a focar no dançarino e agora posso sentir o seu cheiro, mas o que me intriga dessa vez, são os sentimentos que sinto em relação a isso.

A sensação que me preenche é de algo muito confortável, quase que de pertencimento e uma calmaria inexplicável.

E apesar do sonho parecer muito real, eu não consigo ver o seu rosto. É como se minha mente não fosse capaz de projetar nada para substituir a face que não conheço.

De qualquer maneira, essa preocupação não dura por muito tempo, porque de repente, eu me distancio do sonho assim que escuto o barulho estridente e repetitivo do meu despertador tocando.

Seis e quarenta e cinco.

De novo.

Meu deus, como eu gostaria de ser um milionário agora e não precisar ser feito de escravo para o capitalismo.

Bem, pelo menos eu não estou escravizando ninguém, afinal, existem só duas faces desse sistema.

Apesar da crítica ser persistente, não posso me enrolar muito com os meus pensamentos, e por isso, me levanto, ou pelo menos tento.

Consegui cambalear três vezes em uma curta distância até o meu banheiro.

Os efeitos da noite mal dormida já estavam dizendo "olá."

Depois de tomar um banho demorado e preguiçoso, percebo que não separei minha roupa para trabalhar na noite anterior, logo, não há nenhuma camisa que esteja devidamente passada, me obrigando a optar por um suéter azul claro, no qual ganhei da minha mãe no meu aniversário de vinte e cinco anos.

Ele é horrível.

Depois de me vestir, sigo com minha rotina de sempre: café expresso, comida e água para o Iron e depois rumo ao meu trabalho dos infernos.

Quer dizer, meu trabalho maravilhoso.

Sei que falando assim parece que eu não gosto do que faço, mas na verdade, eu gosto, ensinar é legal, ainda mais sobre assuntos que me agradam. O que me irrita é ter que acordar cedo e conviver com gente que eu não gosto.

E falando em gente que eu não gosto, assim que chego na universidade, meu colega de trabalho vai até mim sem nem mesmo esperar que eu saia do meu carro.

— Bom dia, Jeon! — Mingyu diz com certa empolgação.

— Bom dia. — Ao contrário dele, respondo com desânimo, saindo do carro e batendo a porta.

Mil Dentes de Leão • JJK + PJM Onde histórias criam vida. Descubra agora