capítulo trinta e três, Heros.

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"Se nos lembrássemos todos os dias que podemos perder alguém subitamente, nós amaríamos mais intensa e livremente, e seríamos mais tolerantes e compreensivos.
Ninguém pode afirmar que não há nada a perder porque tudo pode ser sempre perdido."

Tudo que foi dito fica se repetindo na minha cabeça, não pode ser eu não posso ter o sangue desse monstro correndo em minhas veias, eu não
sou como eles, não sou como nenhum deles, eles me moldaram a gosto deles mas eu encontrei a luz eu quero ser diferente eu posso fazer diferente eu
sei que posso.

Estou de joelhos no chão em estado de choque, eu nunca poderia imaginar o quanto a minha Mama sofreu nas mãos desses dois merdas, minha mãe, meu Deus por que logo com uma pessoa tão boa quanto a minha mãe era, será que ela ao menos me amava? Depois de ter sido estuprada tantas vezes até me conceber, minha mente está a mil, nunca vou me perdoar pelo que ela passou nunca vou perdoar nenhum deles por
tudo isso.

— Heros.
Alguém me chama, mais eu não ligo parece que de repente tudo perdeu o sentido o foco eu não sei o
que fazer.
— Heros, por favor
Tento olhar para onde estão me chamando, mais não consigo de jeito nenhum.
Sinto mãos em meus ombros me balançando.
— Heros, caralho acorda, saia desse transe, não deixe isso dominar você, olha em volta, elas precisam de você, Heros agora.

Alessandra foi quem apagou o velho infeliz, ainda
bem que ela sempre está por perto.
Ouço um grito muito alto e sei que esta vindo dela,
não aguento vê-la com dor nem assim do jeito que
está.
— Heros você tem que ser forte agora, você é forte,
você consegue, me ajude a tirá-la dos ganchos, ela
está entrando em trabalho de parto.
Meus ouvidos estão zumbindo, não ouço quase
nada, o chão onde piso está se movendo eu não sei
o que fazer.
— Eu...não...posso...
— Vá para o inferno, é a Lua aqui, você pode sim.
— Augusto, ajude aqui, temos que colocá-la no chão depressa, senão ela não vai resistir.
Não morra por favor, não morra, não me deixe só, eu suplico por favor.
Colocam ela no chão, está pálida perdeu muito sangue tem uns buracos enormes em seus braços, resista meu amor, por favor.
— Heros, ou...ça...me se eu n...não...res...sistir
cuide dela.
— Não Lua, não se esforce por favor.

— Tudo bem vamos fazer isso, Augusto ligue pro pronto socorro agora, Heros ajude ela a ficar
acordada.
Alessandra é tão corajosa.
— Ela vai nascer prematura, se não levarmos ela ao atendimento urgente ela não resistir.
— Tu...do bem.
— Ok, Lua querida preciso que você faça força, eu sei que você não aguenta mais dor, mas aguente sómais um pouquinho e tudo estará bem.
Vejo ela assentindo.

Ela é tão guerreira, meus olhos estão marejados nunca fui homem de chorar, mas o medo de perdê-las me paralisa, me deixa sem ação, eu nunca estive em uma situação dessas antes.

Ouço gritos e mais gritos vindo dela, ela já está em seu limite, sei que não vai aguentar muito e isso me deixa apavorado, aguente Lua, eu não estou pronto para perder você.

Ela aperta minha mão como se isso fosse tudo para ela, está se agarrando a mim, é como se estivesse pedindo, clamando por socorro e aquele sentimento fodido de ser inútil está aqui de novo.

Ela solta um grito ensurdecedor e solta a minha
mão, de repente ouço um choro diferente está
vindo da nossa menina, eu não me aguento de tanta emoção estou chorando igual uma criancinha.
— Você conseguiu Lua, você é incrível.
Alessandra fala.
— Agora temos que correr.
Lua segura de novo em minha mão e me puxa devagar para perto.
E o que me diz parte o meu coração mais do que eu um dia imaginei ser capaz.
— Heros e..eu não vou con...seguir, cuide da nossa menina, e saiba que nunca ninguém amou alguém como eu amo você, nunca deixei de acreditar um só segundo que você viria e você veio. Obrigado por tudo, por ter me dado a chance de viver esse amor tão bonito, por ter me dado nossa filha.

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