Capítulo Único

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Neste corpo feminino prevalece a alma de um poeta gritante, raivoso, incontrolável, imutável. Preso, desprezado. Desejaria ter o prazer de amar-te como mereces.

Porque nós sempre voltaremos para onde a alma chama, e a minha chama você, grita. Nos momentos de angustia, é você. Eu sou você. Minha angustia é não poder ser você.

Lembro de quando senti a liberdade, viciante. E sinto raiva por sentir medo, e desprezível por não acreditar no que digo amar. Como quero crer que um dia a angustia será tão rotineira que se confundirá com a felicidade, que o poeta mudará para a exatidão, que minha humanidade se torne lógica e meus sentimentos quentes esfriem.

Maldito seja o dia que confrontei a frieza e considerei-me incompetente por sentir demais, por ser esse vulcão constante.

O passado imutável e futuro improvável me condenam, julgam sem piedade. 

ImutávelOnde histórias criam vida. Descubra agora