Metamorfomagia

Capítulo Único

NA: Tudo aqui pertence à JK Rowling.

Nymphadora Tonks amava ser uma metamorfomaga. Sempre amou.

Era uma habilidade rara e extremamente útil, especialmente para seu trabalho como Auror. Mas não era só por isso que ela gostava de ser capaz de mudar sua aparência.

Ela já havia perdido a conta de quantas pegadinhas tinha feito com a ajuda da metamorfomagia nos seus tempos de Hogwarts.

Ela se tornava de tudo — alunos da sua própria casa, alunos de outras casas, professores, ela até se transformou em Argus Filch uma vez, que lhe rendeu uma semana de detenção supervisionada pelo mesmo. Havia sido um pesadelo, mas as boas risadas que ela deu por causa do rosto de Filch ao ver outro ele pelos corredores fizeram tudo valer a pena.

Ela adorava fazer as pessoas rirem com seus narizes de porco e bicos de pato (isso tinha um efeito especialmente gratificante com crianças do primeiro e segundo ano, mas, em geral, todos gostavam), e adorava mais ainda fazer isso durante jantares em que a sua mãe exigia decoro, as boas risadas tinham o preço de broncas e castigos da mãe mais tarde, mas ela nunca ligava muito.

Eventualmente, quando ela entrou na Academia de Aurores, essa habilidade foi especialmente útil em Esconderijos e Disfarces, dando para ela as melhores notas.

Ela não poderia dizer que tudo eram flores ao ser metamorfomaga, sempre tinham aquelas pessoas que pediam para mudar sua aparência para elas, ou fazendo críticas e sugestões ao jeito que a mulher escolhia usar seus cabelos, deixando a bruxa extremamente incomodada. Ela não acatava os pedidos, mas ainda ficava entristecida.

Lógico que, quando as pessoas pediam para ela morfar, ela ficava irritada, mas ela sempre culpava as pessoas que não tinham tato — nunca suas habilidades. Suas habilidades não fizeram nada de errado. Nunca tinham feito.

Bem... Isso até ela se juntar à Ordem da Fênix, quando a metamorfomagia passou a deixá-la na mão nos piores momentos.

Tudo começou quando ela conheceu Remus Lupin, membro da Ordem e melhor amigo de seu primo, Sirius.

Ela chegou no Grimmauld Place pela primeira vez e já tropeçou naquele porta guarda-chuvas na entrada e caiu no chão, acordando o retrato da Sra. Black. Remus fechou as cortinas do retrato e a ajudou a levantar, verificando se a bruxa estava bem. Não havia sombra da risada (que ela estava acostumada a ouvir quando as pessoas a viam cair) em seu rosto, ele estava genuinamente preocupado, sem nem a conhecer.

As pessoas tinham a tendência de rir dela, quando ela caia (e na academia de Aurores muitos achavam que ela era menos talentosa por causa dos seus tropeços frequentes), mas Remus Lupin parecia realmente se importar com seu bem-estar. Ele não queria rir dela.

Seus cabelos foram para um tom de vermelho vivo por causa da vergonha do momento, como ela esperava que eles fossem, já que ela havia acabado de passar vergonha na frente de um total estranho, do qual ela queria muito ganhar admiração. O que ela não sabia, era que aquilo iria acontecer várias vezes nos próximos meses, todas as vezes que ela estava perto de Remus.

Seu cabelo às vezes mudava de cor correspondendo às suas emoções, mas com o passar dos anos, Tonks aprendeu a controlar essas mudanças espontâneas. Quando ela era criança, seus cabelos mudavam de cor facilmente, correspondendo suas exatas emoções, sendo elas fortes ou fracas. Se ela ficasse apenas um pouquinho feliz, como quando sua mãe fazia seu prato favorito para o almoço, seus cabelos ficavam rosa brilhante imediatamente. Uma leve frustração, como sua mãe dizendo que ela não poderia ir ao parque naquele dia, seus cabelos já perdiam as cores extravagantes, voltando à sua cor natural.

Quando ela se tornou adolescente, ela aprendeu a controlar suas habilidades, assim as cores só mudavam quando as emoções fossem muito fortes, e assim, ela conseguia manter alguns de seus sentimentos para si. Não era confortável ter todas as pessoas ao seu redor saberem exatamente o que você está sentindo.

Mas quando ela estava próxima de Remus Lupin, ela perdia totalmente o controle das suas emoções, consequentemente, perdendo o controle da sua metamorfomagia.

Era extremamente constrangedor, principalmente no começo.

O simples fato dele olhar para ela já era bastante para seus cabelos (e suas bochechas) atingirem um tom avermelhado.

Quando ele contava uma piada (das que eram realmente engraçadas ou não), seus cabelos se tingiam de um tom tão forte de amarelo que ela achava que devia ser cegante para os que estavam ao redor dela no momento.

Quando ela voltou de uma missão da Ordem com um arranhão em seu queixo (que ela podia ter escondido rapidamente com suas habilidades, mas ele era tão indolor que ela nem havia percebido) Remus havia ficado extremamente preocupado e cuidado da ferida com muita calma e cuidado, e os cabelos de Tonks ficavam o tom de rosa mais chiclete que se podia atingir.

Nas noites após a lua cheia quando Remus se encontrava ferido, seus cabelos atingiam um tom profundo de azul, de preocupação e nervosismo pelo estado do licantropo, mesmo quando Sirius assegurava-lhe dizendo que ele estava bem.

E essas mudanças não passavam despercebidas por Sirius, que, trancado dentro de casa, não tinha nada melhor para fazer, então não perdia a oportunidade de fazer piadas sobre como Remus a afetava, e como ela tinha uma paixonite pelo melhor amigo do animago.

Com o tempo, ela se viu inegavelmente apaixonada pelo lobisomem e todas as mudanças no seu controle da metamorfomagia fizeram sentido, mas não foram embora, como ela esperava que fossem.

Agora que ela tinha certeza de seus sentimentos, ela parecia ter perdido mais controle ainda, quando perto dele. Cada dia aquilo ficava mais patético ainda.

Ela sabia que precisava agir. O mais rápido possível. Ela já estava farta de se fazer de boba na frente de Lupin.

Um dia, Nymphadora Tonks puxou Remus para um quarto vazio de Grimmauld Place e o beijou. Simplesmente, sem dizer uma palavra, uniu seus lábios aos dele. À princípio, Remus não reagiu, não retribuiu o beijo nem a empurrou para longe.

Por um segundo assustador, ela pensou que Sirius estava errado todas as vezes que ele dizia que Remus também tinha sentimentos (maiores do que amizade) por Tonks. Ela pensou que não fosse correspondida, e ela simplesmente queria matar Sirius naquele momento. Até que Remus reagiu.

Seus dedos invadiram os cabelos de Tonks (que haviam ido de um rosa brilhante de ansiedade e antecipação pelo que estava por vir, para um azul-marinho, pelo medo de rejeição) e ele a puxou para mais perto dele, aprofundando o beijo.

Tonks já não sabia quanto tempo eles estavam assim. Ela, entretanto, sabia que estava ficando sem ar, mas não tinha vontade alguma de separar seus lábios dos de Remus. Ele parecia sentir o mesmo.

No entanto, o momento foi interrompido de qualquer forma pelos chamados de Sirius, que estava parado, ombros apoiados na moldura da porta, com um sorriso bobo e animado, que logo virou levemente malicioso, quando ele piscou um olho para os bruxos, que ainda estavam levemente ofegantes por causa do beijo. Os dois reviraram os olhos, mas seguravam sorrisos.

Quando Sirius saiu do quarto, dizendo que esperaria os dois no andar de baixo para o almoço, e para eles não demorarem muito, Remus começou a rir. Basicamente gargalhar. A metamorfomaga franziu o cenho.

— O que houve?

— Tonks... — Ele disse entre risadas — O seu cabelo.

Ela pegou uma mecha e a colocou em frente dos seus próprios olhos.

Ele estava indo de amarelo, para rosa, alternando repetida e rapidamente. Os tons eram fortes.

É... Talvez o plano de ficar com Remus para resolver logo o problema com a sua metamorfomagia não tinha funcionado como esperado (bem, parecia ter piorado), mas quando o licantropo a puxou para mais um beijo, ela percebeu que não ligava.

Nem um pouco.

Seus cabelos podiam mudar o quanto eles quisessem, como eles quisessem, contanto que Remus estivesse lá, ao seu lado.