Eu odeio isso

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Algo que jamais deve ser esquecido é que pessoas são pessoas, são corpo e matéria. Pessoas machucam, são machucadas. São julgadas todos os dias e de todas as formas.

Pessoas não são o que aparentam ser. Pessoas são mais que externo, que aparências.

Park Jinyoung sempre foi apegado nas observações que fazia das pessoas ao seu redor. Antes de chegar à Capital fazia suas análises visuais.

O lema de nunca julgar um livro pela capa era o abre águas para que Jinyoung pudesse viajar no seu próprio mundinho de especulações.

No entanto, quando chegou na capital, algumas coisas mudaram na sua visão ilusória.

Jinyoung começou a entender aos poucos que as pessoas enganavam por trás das aparências.

Há uma diferença entre uma aparência enganar e entre enganar com a aparência.

E ali, naquele dado momento, Jinyoung havia deixado as aparências lhe enganarem.

Havia se enganado com Jaebeom. Ele não era nada daquilo que demonstrava. Nunca foi ou chegou a ser.

Se fosse compará-lo com um livro, Jaebeom certamente seria aqueles livros de capa dura sem entalhes, com a costura feita a mão e sem muitas objeções.

Não teria sinopse. Não teria nada além de mistério e vontade de tocá-lo.

Seria como comprar algo às cegas apenas pela vontade de descobrir o conteúdo. Como um jogo às escuras onde você sabe que perder é a única coisa que vai te acontecer.

Mas então você embarca na história e ela te arremessa a um universo totalmente diferente do que você imaginou.

É inédito e indescritível.

É de tirar o fôlego a cada virar de página.

Jinyoung quis saber ler Jaebeom melhor, não pela culpa que estava carregando, mas sim porque agora via o quanto ele era diferente de tudo que imaginou.

Esteve durante aqueles dois anos cego pela sua implicância, desconfiança e atitudes infantis.

Jaebeom tinha aquela aparência de cara que certamente ferrava com a vida de todos com suas irresponsabilidades emocionais. Jinyoung não era muito fã da aura dos badboys. Detestava-os demais.

Eram sempre caras instáveis e sem qualquer equilíbrio. E Jinyoung gostava de estabilidade e conforto. Totalmente o oposto do que Jaebeom aparentava curtir e cultivar.

No entanto, enquanto ainda o observava dormir naquela manhã fria e chuvosa, Jinyoung pode contar que as palavras de Sunhee eram as mais verdadeiras possíveis.

Jaebeom era apenas um menino. Um menino doce e amoroso, que apenas teve que amadurecer rápido demais e tal amadurecimento o causou muitas dores.

Dores estas que Jinyoung naqueles últimos dias vinha ferindo, cutucando, abrindo ainda mais por puro capricho e orgulho.

O suspiro que saiu dos seus lábios foi de frustração, enquanto seus olhos intercalavam entre o vapor que saía da xícara de café forte e o rosto sobre o travesseiro.

Jinyoung sabia que Jaebeom lhe estranharia naquele momento, e ele tinha razão para aquilo.

O alfa se mexeu, resmungando e passando a mão nos fios, logo deixando-a na testa.

Reclamou pela dor.

Jinyoung não sabia, mas ela já era costumeira ao outro.

Ambos se encararam. Jaebeom fechou os olhos por alguns instantes, como se procurasse pela consciência perdida.

As Aparências EnganamOnde histórias criam vida. Descubra agora