um mundo injusto

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Não sei quanto tempo eu dormi, só lembro de acordar com tiros, oque me deixou confusa. Zumbis invadiram a comunidade? Isso não acontece desde que chegamos aqui...

Eu acordo assustada. Saio da cama e calço meu tênis o mais rápido possível.

Enquanto ouvia tiros e gritos, saio correndo do meu quarto, procurando por meu tio ou Evelyn, mas parece que não tem ninguém em casa.

Antes de sair, penso no que meu tio me falava, sobre sempre levar uma faca ou algo que me proteja. Vou para a cozinha e procuro por algo do tipo. Abro uma das gavetas e acho uma arma. Não quero matar ninguém, mas vou precisar disso caso queira sobreviver.

Eu saio de casa e o que eu vejo ficará na minha memória para sempre.

Tinham mulheres gritando o nome de seus filhos, desesperadas. Tinham crianças chorando também, procurando por seus pais.

Tinha fogo e fumaça, oque tornava difícil de respirar e de enxergar. Mas eu ouvia... Conseguia ouvir os tiros e as pessoas agonizando de dor.

Minha visão começou a embasar e lágrimas molhavam minhas bochechas.

Para todo lugar que eu olhava, só havia caos e tristeza. Todos que eu conhecia, agora estavam no chão, mortos.

Eu me recusava a me mover, estava em choque, minha cabeça estava cheia de emoções, era demais para mim.

Então finalmente acordei, se não me mover, eu posso ser a próxima a estar gritando no chão.

Eu limpo minhas lágrimas com a mão e seguro a arma com mais força. Corro para o meio do caos, tentando ser o mais discreta possível.

Eu ando no meio das pessoas, tentando achar meu tio.

Olho para o meio de pessoa reunidas gritando, e vejo ele, brigando no chão com algo.

Corro para lá, e vejo um zumbi em cima do meu tio, minha mira não é a melhor, mas eu não tinha outra opção. Eu miro para a cabeça do zumbi, e rezo para estar mirando certo.

Eu atiro e felizmente acertei. Corri para ver meu tio, tirei o zumbi agora morto de cima dele, e vi o rosto cansado do mesmo.

Ele olha para mim, e força um sorriso.

"Belo tiro. Acho que os treinos valeram a pena." Ele se esforçava para formular uma frase. Seu corpo todo tinha arranhões e sangue.

"Oque... oque eu faço?" Eu examinava seu corpo, tentando pensar no que fazer o mais rápido possível, estava desesperada.

Até meu olhar parar em seu pescoço, e lágrimas caírem dos meus olhos com a visão.

Ele foi mordido.

"Ah, não, não, não!"

Eu arranco um pedaço da manga do meu pijama com os dentes, pressionando contra o peito machucado dele.

"Andy, me escuta."

Meu tio falava, tentando fazer com que eu preste atenção nele, porém tomada pelo desespero, eu o ignorei, amarrando a manga rasgada da minha roupa em seu braço ensanguentado.

"Andy- olha para mim." Ele me pegou pelos ombros, me fazendo olhar para ele, ele parecia estar usando toda sua força.

Eu olhei para seu corpo de novo, e lágrimas cairam dos meus olhos.

"N-não... não me deixa..."

Eu sussurrei para ele, começando a me desesperar de novo, eu olhei em volta para a multidão, não dava para ver nada. Só tinha fumaça, fogo, gritos e tiros. Parecia um tipo de fim do mundo.

Tentava procurar por alguém que podia ajudar, porém não tinha ninguém.

"Andy... Corra daqui." Então meu tio fala, me fazendo olhar para ele com meus olhos encharcados.

"Eu vou se você vir comigo."

Eu falo, e ele solta uma risada nasal, não expressando nenhum sentimento.

"Andy, eu fui mordido. Se você ficar aqui nós dois morreremos. Então se você quiser que nossa história seja contada, saia daqui agora mesmo."

"C-cadê a Evelyn?"

Ele não responde. Seu silêncio já me deu a resposta.

"Andy, por favor. Eu não quero que você morra. Só... só saia daqui." Ele fala, mais uma vez com dificuldade.

Eu não queria deixa-lo, porém percebi que não teria outra opção.

"Eu não posso te deixar virar uma daquelas coisas."

Eu falo, não acreditando nas minhas próprias palavras.

"Andy, É melhor eu mesmo fazer isso. Me de a arma e saia daqui-"

"Não." Minha voz falhou, eu não queria realmente fazer aquilo. 'Não me deixe', eu gritava por dentro. Porem eu sabia que não havia nada que eu poderia fazer por meu tio.

Ele olhou para mim, como se estivesse pedindo perdão com seus olhos. Pude ver algumas lágrimas ali, ele estava tentando ser forte por mim.

Meu tio suspirou miseravelmente, enquanto eu o encarava, pensando que essa seria a ultima vez que eu o veria.

Eu me levantei lentamente, e não conseguia acreditar que eu estava realmente prestes a fazer oque eu mais temia a anos.

Parecia que o mundo tinha parado.

Eu apontei a arma para a cabeça do meu tio, e a esse ponto minhas lágrimas bloqueavam minha visão.

Minhas mãos tremiam em hesitação, porém eu sabia que essa era a coisa certa a se fazer.

"Adeus... tio."

Eu puxo o gatilho.

Após isso, solto a arma, e caio de joelhos, sentando no chão frio, levando meu rosto até meus joelhos e afundando todas as minhas mágoas ali, eu sinceramente não ligava a todo o caos que acontecia ao meu redor.

Eu acabei de perder tudo.

Minhas mãos corriam pelos meus cabelos, enquanto eu tentava me acalmar. Mas o único que comseguiria me acalmar nessa situação seria ele.

Após um longo suspiro, eu me levantei. com lágrimas caindo. Peguei minha arma e apenas dei o fora dali, o mais rápido possivel. Para tentar esquecer isso. Para tentar esquecer tudo isso.

Eu corri em direção ao portão de saída, correndo para fora daquele lugar.

Estava afastada do local quando parei para respirar um pouco. Estava ofegante.

Olhei para trás e vi meus sonhos sendo destruidos. Tudo estava pegando fogo agora.

O sol nascia atrás de mim enquanto meu antigo lar era destruido e lágrimas caiam nas minhas bochechas.

Eu soltei a arma que estava na minha mão enquanto caia de joelhos no chão.

Tampei minha boca com as duas mãos e fechei meus olhos com força, levando meu rosto até a grama fria, deixando escapar um grito longo e doloroso.


Por favor, não seja um leitor fantasma. [Obrigada por ler até aqui :) ]

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