Importar-se com a vestimenta do companheiro não é em sua essência uma atitude machista. Os indivíduos, antes de iniciarem um relacionamento, não deveriam preocupar-se em agradar, mas sim em deixar claro suas expectativas, posições e vontades, sempre com sinceridade e transparência. O homem tem o direito de fazer uma simples notificação: “Não gosto dessa roupa”. E a mulher tem o direito de usar a roupa que desejar. Qualquer um dos lados, se insatisfeito, deve ter o direito de abrir mão do companheiro quando bem entender. O que as neofeministas não entendem, é que em um relacionamento deve haver companheirismo, ambas as partes deve ceder uma vez ou outra, as vontades do parceiro nem sempre são um ataque a liberdade, o comportamento de um indivíduo comprometido não deve ser o mesmo de um solteiro.
O homem pode sim opinar sobre as vestes de sua companheira, desde que não seja abusivo, autoritário, agressivo, deve fazer isso de forma direta e respeitosa. Se a companheira não levar em consideração os pedidos de seu companheiro, por achar que ele está sendo exigente ou invasivo, assim como ele, ela tem o direito de dar o fora da relação sem qualquer julgamento. Existe milhares de formas para manter uma boa aparência, a mulher de postura consegue ser sensual sem precisar explicitar o seu corpo. O estilo de roupa muda de acordo com o ambiente, lugares formais exigem roupas formais, lugares informais abrem espaço para roupas informais, aceitar isso é ser sensato, não machista. Não estou dizendo que é errado usar roupas curtas, como shortinhos, saias e aquelas outras mil peças de roupas que as mulheres possuem, estou criticando a vulgaridade, a sexualização exagerada, o inconveniente, o homem não é obrigado a aceitar isso só porque um bando de radicais dizem que ele não tem voz para nada e deve ser submisso e obediente.
Só homens excessivamente ciumentos e inseguros implicam de forma abusiva com as roupas de suas companheiras, a ponto de querer “ditar" o que a mulher vestirá. Esses excessos não devem ser tolerados. Mas nem tudo é excesso, obsessão, invasão, abuso, machismo, é preciso ter discernimento para não confundir as coisas. A mulher “tem que se dar o respeito”, assim como o homem também “tem que se dar o respeito”. A mulher tem o direito de se vestir como quiser, de andar na rua como quiser, o homem que assedia uma mulher na rua com a justificativa de que a roupa dela validou sua atitude é um animal estúpido. Não estou dizendo também que o homem deve ser condenado por sentir desejo por uma mulher na rua, isso é totalmente natural, existem roupas “provocativas", no sentido de que deixam a mulher mais sedutora, e mesmo que não seja a intenção, essas roupas junto do corpo da mulher vão atrair a atenção do homem. O homem precisa ser discreto, deve expressar os seus desejos sexuais de forma cuidadosa, privada e civilizada, se quer ter algo com uma mulher que viu na rua, dê a iniciativa de forma respeitosa, não expresse seus desejos sexuais como uma besta irracional assobiando, dando cantadas ou fazendo gestos obscenos, isso é desconfortável para a mulher e mancha a imagem do homem.
O “saber vestir-se" é importante para a mulher no sentido geral, acredito que em cada meio “cabe” uma roupa. A mulher no simples ato de existir é causadora de desejo no homem, o homem é direcionado a mulher por sua natureza, o corpo feminino, o cheiro, a sua fragilidade, submetem o homem. É essencial, por exemplo, que a mulher do meio político, quando no meio político, use roupas formais, “comportadas", que evite a “sexualização", para que a atenção de seu público (masculino) não seja direcionada para o seu corpo durante um discurso, debate ou no meio da apresentação de uma proposta.
A mulher da política com roupas sexys, ficará mais sedutora, e essa “sedução" atrapalhará a concentração dos homens, causando um desvio na atenção, principalmente nos descontrolados. A mulher da política ao apresentar suas ideias e propostas pode ser “menos compreendida”, porque seu público (masculino) estará um tanto focado em seu corpo. Não estou dizendo que a mulher é culpada ou que pede para ser desejada quando evidencia a beleza de seu corpo, estou afirmando que a mulher tem um poder sobre o homem, possui algo que rouba o seu foco, e se a mulher quiser comunicar-se mais eficientemente com o homem terá que diminuir o seu potencial de sedução em diversos aspectos. Isso parece um tanto bizarro, absurdo, ridículo, mas é a realidade, o homem é facilmente afetado pela imagem feminina, ele deseja a figura feminina, e condenar esse desejo, é uma forma de repressão.
E não é saudável que os desejos sexuais dos indivíduos sejam reprimidos, principalmente no início da vida sexual, estudos apontam que há mais indivíduos violentos nas sociedades onde existe repressão aos estímulos sexuais, falta de contato ou carinho. Compartilharei um trecho do livro “Cosmos”, de Carl Sagan, onde o escritor fala sobre a necessidade afetiva de nós, mamíferos.
“É típico dos mamíferos acalentar, acariciar, abraçar, mimar, cuidar e amar os filhos, comportamento que os répteis desconhecem. Se é mesmo verdade que o complexo-R e o sistema límbico vivem em incômoda trégua dentro de nosso crânio e ainda compartilham suas antigas predileções, podemos esperar uma afetuosa indulgência parental a encorajar nossa natureza mamífera e a ausência de afeição física a estimular o comportamento reptiliano. Existem algumas evidências disso. Em experimentos de laboratório, Harry e Margaret Harlow descobriram que macacos criados em jaulas e fisicamente isolados — embora pudessem ver, ouvir e sentir o cheiro de seus colegas símios — desenvolveram uma série de traços de rabugice, retraimento, autodestruição e outros tipos de anormalidade. Nos seres humanos observa-se a mesma coisa em crianças criadas sem afeição física — em geral em instituições —, que demonstram de maneira clara um grande sofrimento.
O neuropsicólogo James W. Prescott fez uma impressionante análise estatística transcultural de quatrocentas sociedades pré-industriais e descobriu que culturas que propiciam a afeição física a crianças tendem a não se inclinar para a violência. Mesmo sociedades nas quais não se faz carinho nas crianças desenvolvem adultos não violentos, se a atividade sexual da adolescência não for reprimida. Prescott acredita que culturas com predisposição para a violência são compostas por indivíduos que foram privados — durante pelo menos uma ou duas fases críticas da vida, a infância e a adolescência — dos prazeres do corpo. Onde a afeição física é encorajada, o roubo, a religião organizada e as odiosas exibições de riqueza não são tão conspícuos; naquelas em que as crianças são punidas fisicamente, a tendência é haver escravidão, assassinato, tortura e mutilação dos inimigos, culto à inferioridade das mulheres e a crença em uma ou mais entidades sobrenaturais que intervêm na vida diária”.
- CARL SAGAN, COSMOS.
É, de fato, importante que as mulheres possuam liberdade sexual, os conceitos religiosos, que condenam a prática sexual antes do casamento não fazem sentido, pois também são uma forma de repressão aos desejos sexuais, nocivos principalmente para a mulher, pois quanto a sexualidade, é colocado sobre a figura feminina muitas responsabilidades de teor puritano. Prescott disse o seguinte:
“O provável percentual em que uma sociedade se torna violenta se ela propiciar afeição física a suas crianças e for tolerante com um comportamento sexual pré-marital é de 2%. A probabilidade de que essa relação entre os parâmetros seja só uma casualidade é de uma para 125 mil. Não tenho conhecimento de qualquer outra variável relativa ao desenvolvimento que apresente tão elevado grau de validade preditiva.”
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Em defesa do homem: o processo de demonificação
Non-FictionO homem está sendo colocado no extremo negativo existencial, sentado no banco dos réus, sem chances de defesa, em um julgamento, onde o acusador é também vítima e juiz. O masculino está passando por um "processo de demonificação", protagonizado pelo...