6- "Achar que a mulher depende do homem."

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Achar que há uma dependência da mulher quanto ao homem, no sentido de que ela é incapaz de se manter financeiramente sozinha, é uma estupidez. No cenário contemporâneo são notórias as grandes mudanças nas engrenagens sociais, avançamos muito, isso é incontestável, mas as neofeministas insistem em olhar com pessimismo para o agora. As mulheres estão cada vez mais presentes no mercado de trabalho, estão criando suas próprias oportunidades e abrindo espaço para outras mulheres também. Elas caminharam a passos lentos no mercado de trabalho até darem um lado feminino a ele, essa caminhada inicia-se na revolução industrial e consolida-se na segunda grande guerra mundial.
A segunda revolução industrial na Inglaterra, período que vai da segunda metade do século XIX, até meados do século XX, trouxe mudanças para o cenário social, as mulheres foram introduzidas no mercado de trabalho, pois o grande número de máquinas das indústrias exigiam mais mão-de-obra, a partir daí, mesmo com condições desfavoráveis, as mulheres passaram a competir com os homens. Aqueles que acham que a mulher é incapaz de ser independente financeiramente, que é frágil e indefesa, ainda estão presos ao passado, antes isso era uma realidade, o homem era o garantidor do sustento da família, a mulher por ainda não ter criado suas oportunidades, via-se limitada a casar para ter alguém que a mantivesse financeiramente, em troca de seus trabalhos domésticos. As condições de trabalho de alguns séculos atrás não se adequavam a mulher, os serviços mais comuns eram extremamente pesados, a exclusão da mulher no mercado de trabalho no passado não era inteiramente fruto de um pensamento machista, enraizado na sociedade, que oprimia e excluía as mulheres só por elas serem mulheres. Não. As mulheres não conseguem fazer tudo que o homem faz (no sentido físico), a maioria dos trabalhos de antigamente exigiam justamente o que a mulher comumente não tem, força física.
Posso imaginar daqui a expressão de nojo na cara de muitos, principalmente das neofeministas, que insistem em negar a biologia que nos difere. A era moderna, a tecnologia, é o ponto da história mais adequado para as mulheres, principalmente agora, no mundo contemporâneo. A tecnologia trouxe a internet, sistemas de comunicação, softwares, novos modelos de instituições financeiras e educativas, industriais de entretenimento, cinema, teatro, e muito mais. As mulheres passaram a ter mais setores para explorar e mostrar suas capacidades, não é mais de suma importância a força física. A capacidade intelectual, a inteligência para finanças, os dons artísticos, a habilidade na comunicação, o conhecimento técnico, a possibilidade de empreender, tornaram-se acessíveis a mulher, e nada as desqualifica de exercer essas funções.
E não houve, em nenhum momento da história, oposição coletiva ao avanço feminino durante o seu período de ascensão ou em qualquer outro, as mulheres conseguiram inverter a sua situação em pouquíssimo tempo, estão em pé de igualdade com os homens, e alcançaram isso em apenas um século. Não faz mais sentido achar que a mulher é um ser indefeso, incapaz de viver sozinho, um grande número de mulheres perdeu o interesse no casamento, e o número de mulheres que não desejam ter filhos é incontável. O casamento era uma garantia de sobrevivência, uma troca de favores, o meio para um benefício. Os homens precisam urgentemente acordar para a realidade, deve haver ceticismo em qualquer relacionamento atual, o homem é inteiramente descartável para a mulher, se não tiver nada que desperte interesse (o sexual principalmente) ou que traga algum benefício, o homem já não é mais garantidor de nada, a mulher pode, sozinha, ter tudo aquilo que o homem possa te oferecer. Os homens que tratam as mulheres como semideusas, despejando oferendas em seus altares, as deixarão mais poderosas e se tornarão mais fracos. Logo, mais descartáveis.
A estrutura religiosa que rege a sociedade, que agrega valor ao casamento, condena o divórcio, a libertinagem, o adultério, a prostituição, o prazer pré-marital, está desmoronando. A religião é útil, como um todo, para o controle da massa, pois coloca limites através do modo mais eficiente, o medo de uma suposta condenação. Porém, há um problema, o respeito que é sustentado pelo temor desaparece quando o medo se esvai. E nenhum medo dura para sempre. Essa é a data de validade de toda religião. Os valores morais foram construídos em torno da figura de Deus, daquilo que o agrada, que para ele é correto e os valores morais não fazem sentido sem Deus, pois todo ato moral é em nome de uma suposta recompensa que será dada por ele. Esses valores morais estão se definhando, as pessoas não estão mais tão voltadas a figura de Deus, e estão agindo sem receio, de forma “imoral", para muitos, Deus está morto. A liberdade sexual é a prova do rompimento da sociedade com os valores morais, o termo “imoral" também não faz mais sentido, pois é de teor condenatório, não há mais quem possa dizer o que é certo ou errado. Estamos vivendo em torno da “amoralidade", um possível período de transição, que deixará os antigos valores morais para trás, em nome de um novo conjunto de valores morais baseados em algo que ainda nos é desconhecido.
As mulheres chegam a mais de 40% da força de trabalho de diversos países. Pesquisas mostram continuidade no processo de elevação da participação das mulheres no mercado de trabalho. Em 2013, no Brasil, 42,79% das pessoas no mercado de trabalho eram mulheres, esse número subiu em 2018 para 45,03%. De 2013 a 2017, o salário médio feminino subiu 4,4%, já o dos homens 0,9%. E o número de cargos femininos também está em constante crescimento, as mulheres representam 45% dos cargos de liderança. É totalmente ilógico achar que a mulher depende financeiramente do homem, isso já deveria estar claro. Isso está explícito, “não dependemos de homem nenhum”, “somos independentes”, “não preciso de macho”, não são meras falácias, o número de divórcios está crescendo porque o homem já não é mais um porto seguro. A tendência é que a infidelidade aumente, junto dos relacionamentos abertos, a troca de parceiro se tornará cada vez mais comum, não haverá mais esforço em nenhum para superar uma crise no relacionamento, o ato será de desistência, de separação, o olhar para o outro será de descartabilidade. O terror do amor líquido do sociólogo Zygmunt Bauman tomará conta de nosso cenário.

Em defesa do homem: o processo de demonificaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora