9- "Ter preferência por algum "tipo" de mulher".

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A seletividade não é do feitio do homem, ainda que o mesmo possua certas preferências. O homem que diz ter um gosto, um “tipo" de mulher, está sendo filtrado como machista. Por que o homem não pode ter preferências ou seguir seus gostos, procurando mulheres com características físicas que o atrai? Pesquisas apontam que o “homem atraente” para as mulheres varia de acordo com a cultura, na Inglaterra os homens peludos fazem sucesso, aqui no Brasil elas preferem os da barba por fazer e na Nova Zelândia a preferência é pelos barbeados. As mulheres preferem homens com o corte de cabelo simples, curto, também aprovam o liso bagunçado e os cachinhos. E dizem sentir-se atraídas por homens que preservam a naturalidade, gostam de cabelo grisalho, preferindo que o homem não pinte o cabelo nessa fase. Ainda que muito vaidosas, tendem a não se atrair por homens excessivamente cuidadosos com a beleza, os metrossexuais não costumam ser atrativos, por serem considerados “exagerados". As mulheres deixam os seus gostos em evidência, e são peritas na seletividade, então por que os homens não podem imitar as mulheres ?
As preferências são diversificadas, mas existe um quase consenso entre as mulheres quanto ao gosto por homens altos. "A altura masculina tem um poderoso impacto na psicologia das mulheres, provavelmente, por questões evolutivas. A altura é um valor intrínseco, ou seja, as mulheres simplesmente gostam de homens altos, embora incapazes de dizer o porquê", escreveu o pesquisador Kitae Sohn, da Universidade de Konkuk, em Seul, na Coreia do Sul. Quanto a personalidade, os homens mais requisitados são os bem humorados, inteligentes, altruístas, sérios, corajosos e românticos. As damas possuem preferências físicas e de personalidade a respeito dos cavalheiros. Elas não escondem seus gostos e sem cerimônia opinam sobre a aparência de seus parceiros, “não gosto de você com bigode, deveria tirar”, “você tá ficando barrigudo”, “essas roupas não combinam". Essas advertências em nada se diferem das feitas pelos homens, “prefiro você de cabelo longo", ”você precisa emagrecer”, “não gostei dessa roupa”, então por que um lado está errado e o outro não? Isso pode estar relacionado a como cada sexo interpreta as “críticas".
Os homens no fim das contas não dão tanta importância as advertências femininas, já as mulheres são mais sensíveis aos comentários masculinos, e qualquer opinião proferida por um homem a respeito da aparência feminina está sendo considerada abusiva pelo neofeminismo, o contrário não. O gosto dos homens é mais simples, ainda que possuam preferências específicas, não costumam segui-las com fidelidade, a ponto de rejeitarem uma gordinha por terem preferência pelas magras. Existem características físicas do feminino que no geral, despertam com mais facilidade o desejo sexual do homem, em resumo seriam essas: nádegas avantajadas (bumbum), seios grandes, cheiro, cintura, coxas, rosto bonito ou simétrico.
Existe um fator que faz com que os homens olhem para o mesmo ponto de forma simultânea e sincronizada, esse é o “efeito mulher”. As mulheres que possuem algumas das características citadas acima serão alvos em potencial de olhares fantasiosos na rua. Essas características físicas femininas fazem “sucesso” com os homens há séculos, como se fossem preservadas, passadas de geração em geração, arrisco dizer que isso se dá devido a Seleção Sexual, que interpreta esses atributos como úteis na reprodução humana. Mas por que especificamente esses caracteres exercem um poder de sedução sobre os homens?
O nosso inconsciente segue determinados padrões a partir do seu caráter discriminatório e dedutivo. O “atrativo” não limita-se somente aos fatores sociais, muitas das preferências humanas estão relacionadas aos genes, a nossa herança genética armazena informações no inconsciente, nos forçando a seguir determinados padrões. Vanessa Sardinha dos Santos, graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás, nos coloca nas raízes do assunto:
“A atração sexual pode ser resumidamente explicada como o desejo sexual por outra pessoa. Esse desejo, diferentemente do que muitos pensam, vai além do simples fato de outra pessoa obedecer aos padrões de beleza da sociedade. Geralmente fatores psicológicos, sociais, econômicos e, até mesmo, genéticos podem influenciar nossas escolhas.”
O homem não escolheu desejar o que deseja, ele foi, de certa forma, forçado a desejar o que deseja. Não existe um método para fazer com que o homem anule as suas “preferências", já que está sendo influenciado pelo seu inconsciente a procurar traços que sejam considerados adequados e satisfatórios para a sua natureza. Vanessa Sardinha expõe em um de seus estudos os fatores que influenciam a atração sexual:
“Geralmente, quando se fala em atração sexual, pensa-se em beleza. Inconscientemente nosso organismo busca outras pessoas que apresentam saúde e juventude e que, consequentemente, serão melhores para a geração de filhos. Indivíduos simétricos, normalmente, são os mais escolhidos, pois indicam que são os mais saudáveis.
O mesmo é válido para a quantidade de gordura no corpo das mulheres, que, em locais adequados, indica altos níveis do hormônio estrogênio, ligado à reprodução. É por isso que muitos homens sentem-se atraídos por mulheres com cinturas finas e quadris largos. Inconscientemente, ele está analisando a capacidade reprodutiva dela.
Apesar de a primeira impressão ser realmente a aparência e o comportamento, a atração sexual também está bastante ligada aos cheiros. Segundo algumas pesquisas, o cheiro está relacionado com o complexo principal de histocompatibilidade (MHC). O MHC é um conjunto de genes que controla o sistema imunológico e relaciona-se também com a rejeição de tecidos. Se um casal apresenta MHC semelhante, pode ocorrer uma grande chance de o corpo da mulher rejeitar o bebê.
Estudos indicam que somos capazes de identificar esses genes pelo cheiro. Em virtude dos riscos da finalização inesperada da gestação e também do aumento da chance de fortalecimento do sistema imunológico do filho, inconscientemente, escolhemos parceiros com sistemas imunológicos diferentes dos nossos. Podemos concluir, portanto, que, segundo alguns estudos, realmente somos atraídos pelo nosso oposto quando o assunto é genética.
Além dos cheiros do MHC, os seres humanos, assim como outras espécies de animais, possuem feromônios que ajudam na atração sexual. Vale destacar, no entanto, que essa forma de comunicação química apresenta-se bem mais sutil do que em animais.”
Quase tudo é mais complexo do que podemos supor, que venhamos a refletir antes de qualquer conclusão, para sabermos se estamos aprofundados no conhecimento ou afundados na ignorância. Lembrando que as mulheres não têm a menor obrigação de buscarem o “corpo" que satisfaça o homem. E os homens também possuem o direito de escolher uma parceira seguindo as suas preferências, a liberdade deve ser priorizada em todos os âmbitos. É irracional sentir-se mal por não ser compatível com os gostos de outro indivíduo. É como se o objetivo humano fosse agradar para poder conquistar, é saudável manter uma boa aparência e cuidar do corpo, desde que não seja por obrigação ou porque algo ou alguém impõe tal iniciativa.
É nítido que que as mulheres são mais sensíveis a críticas direcionadas ao corpo ou a aparência. Um simples comentário pode arruinar o dia de uma mulher. E para piorar, elas mesmo avaliam-se e fazem autocríticas, analisam cabelo, pele, rosto, silhueta, peso, e ao sentirem-se desconfortáveis com qualquer parte do corpo, ainda que sem uma razão existente, afundam-se na mais profunda tristeza. E o que falar das várias mudanças radicais no cabelo? Comprido, liso, cacheado, curto, pinta, despinta, saudades e arrependimento! É uma novela sem fim. Problemas como a bulimia e a anorexia também devem ser destacados, pois são transtornos muito presentes na vida das mulheres.
A sociedade hipervaloriza a estética, a beleza corporal, o potencial de sedução. A busca pelo corpo “ideal” dentro de parâmetros comparativos está levando pessoas ao colapso mental. Há uma inconformidade generalizada quanto ao próprio corpo, que vem causando preocupações excessivas, desnecessárias, irracionais. A beleza corporal possui uma data irrevogável de validade, todo o tempo que você está gastando para alcançar o corpo satisfatório é em prol de uma glória temporária. Os indivíduos não estão gastando incontáveis horas em academias por um corpo saudável. Não é sobre saúde. É pela aparência. Por aparências.
Os portadores da beleza corpórea são os que mais podem nos satisfazer em um relacionamento? Sim, se o nosso único interesse for o sexual. Companheirismo, lealdade, amor, respeito e caráter, serão úteis na juventude, na flor da idade e na velhice. Aquele que tem apenas um belo corpo, será atraente apenas pelo corpo e enquanto o corpo satisfazer. No crepúsculo da vida, no pesar dos janeiros, como as flores o corpo murchará, então, aquele que pelo corpo amava, não mais amará, pois para esses, somente o que traz prazer é amável.
Fazer críticas ao corpo do parceiro pode não ser saudável, como o outro interpretará determinados comentários é imprevisível. As mulheres são pressionadas e pressionam-se para serem “desejáveis”, e isso piora gradativamente, já que a traiçoeira beleza se esvai com o tempo. O homem deve ver na sua esposa algo além de um mero corpo bonito, já que o corpo é uma arte efêmera. Há homens que traem as suas esposas por elas já não possuírem a beleza que tinham na juventude, trair faz parte da natureza dos desejosos, dos amantes de carcaças, dos canalhas. A grandeza interior é alcançada através de um longo processo, que sejamos atraentes e atraídos pela nobreza antes de qualquer coisa, para que tenhamos laços fortes, inquebráveis diante das pancadas do tempo. Não há corpo sensual mais excitante do que uma mente brilhante.
Queridos e pacientes leitores, convido-lhes para mais uma análise. Acredito que é do conhecimento popular o ardiloso “padrão de beleza”, não é raro ler uma crítica sobre ou ver alguma neofeminista nas redes sociais militando contra esse vilão. E veja só, quem vocês acham que está sendo considerado culpado por esse mal? Pelo menos dessa vez, não é o homem! Não existe um responsável direto pela criação do avassalador “padrão de beleza”. O padrão de beleza é uma expressão utilizada para se referir a um modelo de beleza considerado “ideal" ou “referencial”, que é estabelecido dentro de uma sociedade, sofrendo variações de acordo com a cultura e o contexto histórico.
O padrão de beleza e a sociedade são indissociáveis, considere o segundo como causa do primeiro. A sociedade como um todo, não um grupo, não um indivíduo, é responsável pela criação do padrão de beleza, que atualiza-se e adapta-se de acordo com cada contemporaneidade. Os padrões de beleza se propagam pelas sociedades através dos meios de comunicação, como o cinema, a televisão, e hoje, com mais potência do que nunca, pelas redes sociais. Celebridades, grandes atores, ganharam destaque mundial no universo cinematográfico, as atrizes eram selecionadas não só por seu talento, mas também por sua beleza. As mulheres que destacavam-se nos filmes, ficavam visíveis na sociedade e consequentemente tornavam-se um “referencial de beleza”, como por exemplo: Grace Kelly,  Catherine Deneuve, Elizabeth Taylor, Angelina Jolie, Halle Berry e Scarlett Johansson. Vale lembrar que nos filmes as atrizes sempre estão no seu melhor ângulo, com a melhor maquiagem, com os melhores efeitos e com roupas que “valorizavam" o corpo, a ideia que se tem sobre essas celebridades, até hoje, é de que são perfeitas, simétricas, gloriosas.
O mesmo vale para a televisão, os programas de TV sempre reforçaram estereótipos, as bailarinas de determinados programas eram quase sempre idênticas, tendo as mesmas características corporais. Nos comerciais de cerveja a garota propaganda era sempre a dita “mulherão”, glúteos avantajados, seios grandes, cintura fina e olhar sedutor. Nas novelas a protagonista sempre encaixava-se nos critérios da beleza, passando a impressão de que o papel principal, ou seja, a importância, sempre está atrelada ao suposto belo. Sinto que apenas compartilhei algumas obviedades, sabemos as causas, os efeitos, os critérios, a estrutura, o funcionamento, mas não conseguimos identificar um “culpado”. Talvez sequer exista um culpado. Todos nós estamos preocupados com a aparência, pelo simples fato de que a aparência é importante. A beleza possui utilidade e poder, ainda que esteja vinculada ao banal. Nos famosos e retrógados comerciais de cerveja, a garota propaganda é sempre “gostosa”, com roupas que realçam as belas curvas e que ostentam as partes mais “cobiçadas” do seu corpo, os figurantes do comercial são sempre homens sentados à mesa de bar, apreciando a beleza da bela mulher, com o olhar de uma besta dominada por seus mais delirantes desejos sexuais.
Essas grandes empresas de cerveja são machistas por usarem mulheres para divulgar o seu produto? Na verdade, não passam de bons “marketeiros”. Essas propagandas possuem um único objetivo: atrair um determinado público. E nada mais efetivo do que usar aquilo que é atraente para esse público, uma mulher bonita, com poucas roupas e com muito carisma. Mas por que uma garota propaganda e não um garoto propaganda? Porque essas empresas possuem um público alvo, que são os homens. Os homens consomem três vezes mais cerveja do que as mulheres, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“No levantamento, o IBGE informou que a maior parte de consumo de cerveja do brasileiro ocorre fora de casa - sendo que, nessa opção, de consumo de alimentos e bebidas fora de casa, registrou participação de 51% no total de menções.
Ao se separar as respostas por gênero, no caso dos homens, o instituto estimou consumo de cerveja em 54,5 gramas por dia — ou, ao se considerar uma grama correspondente a 0,001 litro, isso na prática conduz a um total de 0,0545 litro por dia, para eles.
Mas, nas mulheres, o consumo de cerveja ficou menor, em 16,4 gramas por dia - ou 0,0164 litro diário, na pesquisa do IBGE.”
- Alessandro Saraiva, Valor.
As empresas de cerveja tentam dar ao seus clientes “favoritos" o que lhe é satisfatório. Por isso dificilmente haverá um fim aos padrões nesse contexto ou a inclusão de um perfil feminino que deixe a desejar na matéria de beleza estética, pelo simples fato de que isso não seria satisfatório ao público principal. Isso ainda não parece “justificável”, mas na verdade não precisa ser. Se criarmos um cenário hipotético, onde as mulheres fossem as maiores consumidoras de cerveja, pela lógica capitalista, mudanças revolucionárias aconteceriam na publicidade das empresas. Se o público alvo mudou, as propagandas também mudam, a mulher sexy não faria mais sentido, pois seria agora agradável somente a minoria dos consumidores. Um homem, pela lógica, seria o garoto propaganda. Mas não qualquer homem! Um padrão também seria estabelecido, e esse homem teria que ter aquilo que é agradável para as mulheres, um suposto “deus grego". Agora seria o homem a ser “objetificado”. Dentro das entranhas capitalistas, o essencial é o que gera capital, ou isso, ou o fracasso.
Essa realidade é intrinsecamente egoísta, pois há um desprezo ao efeitos secundários da conduta. No entanto, essa é a lei natural das coisas. As empresas de cerveja possuem um objetivo estabelecido: vender o seu produto, divulgando-o de forma inteligente. E são bem-sucedidas nisso. Ao dissecar essa questão, nota-se que existem causas que geram efeitos e meios para determinados fins. Esses comerciais alcançam o seu objetivo, tendo como meio a fortificação de estereótipos que reforçam o padrão de beleza e a objetificação da mulher. Essa “causa" possui vários “efeitos”, como a impressão de que um determinado perfil está sendo valorizado em detrimento de outros. Ainda que os efeitos da conduta dessas empresas sejam nocivos, vale salientar que isso não é intencional, não há interesse ou controle sobre esses efeitos, pois são consequências do caminho trilhado para um objetivo.
A sociedade é como um solo fértil, se quisermos colher, temos que plantar, e para plantar precisamos cavar a terra correndo o risco de acidentalmente atingir e destruir um formigueiro invisível aos nossos olhos. Devemos parar de plantar por que existem consequências que podem ser indesejáveis? Somente por meio de intervenção no funcionamento da sociedade conseguir-se-ia anular os efeitos secundários, que nada mais seria do que uma utopia. As mulheres são selecionadas para o mundo da moda tradicional somente se preencherem certos requisitos, precisam ser altas, magras, ter seios pequenos e um corpo curvilíneo, nesse cenário o padrão de beleza também está presente, causando efeitos prejudiciais recorrentes.
Então as agências de moda devem ser dizimadas, pois ao expor a beleza de suas modelos, incentivam a comparação e afetam negativamente outras mulheres? Isso não faz sentido. Seria o mesmo que proibir o uso de agrotóxicos pelos agricultores pelo fato de que podem causar mal a saúde humana. Apesar de tudo, sabemos que os agricultores não usam agrotóxicos tendo como objetivo o mal-estar, os danos a saúde são efeitos secundários do uso. O objetivo dos agricultores é garantir a preservação de suas colheitas e não possuem controle quanto aos efeitos secundários.
O padrão de beleza é um parasita que nunca tirará suas presas da sociedade. A beleza é um fenômeno intrigante, as nossas primeiras impressões sobre um indivíduo baseiam-se em sua aparência, no que veste, na postura. Somos incrivelmente atraídos pela beleza, pois a interpretamos como uma fonte de prazer em potencial, na teoria Kantiana o belo está relacionado a aquilo que é satisfatório ou agradável ao observador. Refletimos sobre o belo a partir do juízo estético, o belo é essencialmente relativo pois para que algo possa ser considerado como tal precisa estar em harmonia com os sentidos daquele que observa. Um indivíduo pode considerar uma cor como bela, já outro não, os julgamentos de cada um para a definição do belo envolvem a imaginação e a própria percepção, o belo está vinculado a contemplação. “Esta particular determinação da universalidade de um juízo estético, que pode ser encontrada em um juízo de gosto, é na verdade uma curiosidade não para o lógico, mas sim para o filósofo transcendental; […] pelo juízo de gosto (sobre o belo) imputa-se a qualquer um a complacência no objeto, sem contudo se fundar sobre um conceito (pois então se trataria do bom); e que esta reivindicação de validade universal pertence tão essencialmente a um juízo pelo qual declaramos algo belo”. (KANT, 1995, p. 58).
“Diante disso, fazendo uma analogia do belo com o agradável, podemos dizer que o agradável diz respeito àquilo que é aprazível. Em outras palavras, significa fazer juízo de alguma coisa, como nos diz Kant: “‘o vinho espumante […] é agradável’, um outro corrige-lhe a expressão e recorda-lhe que deve dizer ‘ele me é agradável’; e assim não somente no gosto da língua, do céu da boca e da garganta, mas também no que possa ser agradável aos olhos e ouvidos de cada um.” (KANT, 1995, p. 57). Outro fator intrínseco ao juízo é o som dos instrumentos. Quando ouvimos sons de um determinado instrumento, isso logo nos remete ao agradável, tornando-nos aprazíveis as sensações que são manifestas ao sujeito através da música. Sendo assim, cada sujeito possui um determinado gosto para um determinado tipo de coisa. Desse modo, não existem gostos iguais, apenas um juízo estético. “Os juízos na verdade reivindicam, […] validade para qualquer um. Todavia, o bom é representado somente por um conceito como objeto de uma complacência universal, o que não é o caso nem do agradável nem do belo.” (DUARTE, 1997, p. 125). No entanto, o juízo de gosto traz consigo uma quantidade estética universal e anuncia a expressão de beleza.”
- Rosemberg Carmo Nascimento, graduado em filosofia pela faculdade Dom Luciano Mendes.
Os críticos do padrão de beleza mal sabem que também contribuem com o mesmo. O padrão de beleza tem apenas um modelo corpóreo como referencial, que nada mais é do que aquele que é buscado pela maioria, deixo a definição desse corpo por conta da sua imaginação. Acontece que as redes sociais estão tentando mudar esse cenário, a partir da descentralização da beleza, mais perfis de mulheres estão sendo colocados como outros referenciais de beleza. No entanto, tudo não passa de uma cruel ilusão criada pelo mundo virtual, as mulheres fora do padrão de beleza, incentivadas a serem como são, intituladas como belas na internet, frustram-se na vida real ao chocarem-se com a realidade.
O perfil das mulheres fora do padrão de beleza, ao que tudo indica, é valorizado apenas no mundo virtual, as mulheres que são encorajadas a serem como são no primeiro contato com o mundo real veem todos tentando mudar o que são, indo em direção ao convencional, ao corpo perfeito. A estética é apontada como a maior justificativa para a prática de exercícios físicos, a saúde está em segundo lugar. Na academia de ginástica 70% dos frequentadores tem como objetivo a estética. Em Portugal 67% das mulheres que praticam aeróbico com idade entre 40 e 51 coloca a estética como a motivação para a prática. Estudantes de Educação Física de algumas Universidades do nordeste do Brasil, apontaram que 65% dos que praticam exercícios físicos por motivos estéticos, tem como foco o emagrecimento.
A magreza está diretamente envolvida com o padrão de beleza atual, sendo análoga ao corpo ideal. Os padrões novos vão de encontro ao inédito, ou pelo menos contrariam os antecessores, são tão versáteis quanto os padrões da moda. Na Grécia antiga, a cerca de 500 a 300 a.C. o corpo referencial, dentro do padrão de beleza, era o “gordinho". Na renascença entre 1400 e 1700, as “gordinhas", com seios avantajados, e barriga saliente eram o padrão, a referência de beleza, isso se dava por conta das influências sociais da época, os corpos mais robustos indicavam abundância, fartura, riqueza, já os mais magros indicavam pobreza. As pinturas renascentistas ressaltam o padrão de beleza da época, a maioria das mulheres que constituíam as obras eram “cheinhas”.
Convido-lhes para uma viagem no tempo, rumo a Renascença! Desculpem-me, sou filho da hipérbole. Separei imagens de algumas pinturas renascentistas, onde o padrão de beleza da época está em destaque. Apreciem!

Em defesa do homem: o processo de demonificaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora