A objetificação é a redução do indivíduo a nível de objeto, sendo também um processo que anula ou nega seu emocional e psicológico, desconsiderando as vontades, interesses e autonomia do mesmo. É também a deslocação do indivíduo da base de seus desejos e de sua liberdade para a função de terceiro, com objetivo de alcançar os interesses alheios, como uma ferramenta ou existência inanimada. Segundo o dicionário objetificar é:
“Atribuir ao ser humano a natureza de um objeto, tratando-o como um objeto, como coisa; coisificar.”
O processo de objetificação é gravíssimo, pois nada mais é do que um ataque a liberdade e a autonomia do indivíduo. O objetificado tem sua dignidade retirada, está sob rédeas e dentro de um núcleo de opressão. A objetificação ocorreu em muitos contextos históricos, pode-se citar regimes totalitários como o nazismo, fascismo ou comunismo e a escravidão. Nas famosas ditaduras, o poder era concentrado nas mãos de um ditador, garantindo-lhe o direito e a liberdade para impor as próprias vontades, conduzir a sociedade para os moldes de seus ideais e controlar a conduta dos indivíduos como se fossem seres inanimados.
A escravidão é uma prática social onde indivíduos por meio da força suprimem a liberdade de outros, assumindo o direito de propriedade sobre suas vidas. Os escravos eram mercadorias, produtos negociáveis, adquiridos pela conquista mediante a brutalidade ou pelo poder de compra de um “senhor” que visse nele alguma utilidade prática. A objetificação é uma das maiores crueldades no histórico humano, redimensionar essa ação seria arrancá-la do seu real significado, tendo como consequência a anulação do seu sentido devido a uma nova dimensão estabelecida, que resultará em novas interpretações.
O termo “objetificação da mulher” está em ascensão e é uma das pautas mais discutidas pelo neofeminismo. O neofeminismo alega que a mulher está passando pelo processo de objetificação, interpretado como causa da banalização da imagem da mulher, sendo a sociedade patriarcal, ou melhor, os homens, os responsáveis por esse mal, pois o masculino coloca a aparência do feminino acima de todos os seus outros aspectos quanto indivíduo. Os comerciais de cervejas são uns dos acusados de criarem estereótipos femininos e hipersexualizarem mulheres em suas propagandas.
É dito que o homem considera o corpo da mulher como um mero objeto que possui a função de satisfazê-lo sexualmente. A narrativa se aprofunda, afirmando que as mulheres dedicam-se em tornar os seus corpos atraentes, sedutores, desejáveis, não porque querem, mas sim para agradar os homens, e isso se dá por conta da pressão social que sofrem, sendo a sociedade patriarcal a responsável pela pressão que as obriga a alcançarem o patamar de beleza. Também são apontados os “ambientes de objetificação” que influenciam as mulheres ao seu alcance a se objetificarem. Os exemplos dados desses “ambientes de objetificação” são pouquíssimos e genéricos, o que leva a entender que as análises convencionais a cerca do tema não possuem completude.
A elite intelectual do neofeminismo utiliza como exemplo de “ambiente de objetificação” as publicidades que sexualizam as mulheres para aumentar o seu alcance, em especial os comerciais de cervejas, os programas de auditório com mulheres seminuas de fundo e sites de pornografia, são esses os exemplos mais comuns. Existem muitos pontos nessa narrativa que são inconsistentes. Começarei citando outros “ambientes de objetificação” ignorados ou camuflados pelo neofeminismo.
Dou ênfase aos “bailes funk”, o recinto da futilidade e da baixeza. Nesses “bailes funk" a mulher é explicitamente banalizada e induzida a se bestializar. As músicas são essencialmente sexistas e sexualizadas, com letras depreciativas, que fazem referência ao sexo fácil, ao uso da mulher para a satisfação sexual, dando a ela uma suposta descartabilidade. Também associa o valor da mulher como indivíduo a sua beleza, são esses critérios que colocam as “gostosas" como as poderosas e cobiçadas. Vale ressaltar que os “bailes funk” colocam a integridade física da mulher em risco, deixando-as a mercê de assédios verbais e físicos, sem nenhuma garantia de segurança.
Tentarei expor as incoerências e os absurdos da narrativa neofeminista sobre a objetificação da mulher de forma clara e direta. O neofeminismo afirma que o homem tem uma visão despudorada da mulher, sendo incapaz de admirá-la por suas capacidades, por sequer considera-las como dignas de nota. É dito que o homem julga o corpo feminino como um simples objeto que tem a função de proporcionar-lhe prazer sexual. Essa visão sobre o homem é absurda e difamadora, pois coloca o homem no seio da futilidade, além de considera-lo incapaz de controlar seus instintos sexuais, nega a sensibilidade que permite que o mesmo tenha relações sinceras e saudáveis.
O masculino não vê o feminino como um pedaço de carne suculento (não em sua totalidade). Os homens bem intencionados, íntegros e nobres estão longe de ser a minoria, tratar a mulher como objeto é do feitio dos tolos, animalescos e deturpados, esses têm seus desejos como bússola e colocam a satisfação sexual acima do respeito humano. São desprezíveis, por isso é sábio manter-se distante. O homem naturalmente sente desejo sexual pela mulher, é normal que ele a busque por sexo, mas isso não quer dizer que seja essa a sua única motivação e intenção com o feminino. O homem também é uma vítima do amor, da paixão, sendo igualmente capaz de colocar os seus desejos sexuais em segundo plano, para escolher uma parceira baseando-se no seu valor quanto indivíduo.
A insensibilidade que está sendo atribuída ao homem é injusta, os cavalheiros ainda que deixem a desejar em alguns momentos, são intimamente mais sensíveis e levados pelo “coração”, uma pesquisa inglesa apontou que o homem se apaixona mais rápido que a mulher. Abro aqui espaço para a citação de um breve texto do blog Fúria e Tradição, intitulado “Os homens se apaixonam mais rapidamente do que as mulheres”.
“Está totalmente estabelecido na cultura popular, sejam filmes, livros e principalmente nas novelas voltadas para o público feminino, a imagem da mulher sofrendo de amor não correspondido pelo homem insensível, que apenas está preocupado com ele mesmo e suas realizações pessoais.
É comum essa visão do homem frio e distante que não demonstra os sentimentos, e justamente por isso dedico tanto tempo a argumentar sobre a forma masculina de expressar sentimentos. Homens sentem e vivenciam intensamente seus sentimentos, mas de uma forma masculina que muitas vezes é pouco entendida, e pouco reconhecida.
Como já escrevi anteriormente, a sociedade vivencia ciclos de feminilização, e por estarmos vivendo num ciclo atual que tem durado muito tempo, muitos acreditam que sempre foi dessa forma, nunca existindo nada diferente, uma vez que esse é o modelo sob o qual nasceram e se acostumaram. E como o paradigma social atual é dominado pelo sexo feminino em sua forma de pensar e agir, todas as formas masculinas acabam sendo renegadas como erradas.
Homens se apaixonam profundamente e pesquisas indicam, na verdade, que os homens, principalmente os homens de vinte e poucos anos, geralmente se apaixonam mais rápido que as mulheres e são os primeiros a assumir a iniciativa ao dizer palavras de amor nos estágios iniciais do relacionamento. As mulheres, por outro lado, geralmente ficam mais apreensivas nos estágios iniciais de um relacionamento. Em outras palavras, só porque você é um homem, não significa que você não é suscetível a amar cegamente. É o que nos mostra o artigo "Women and Men in Love: Who Really Feels It and Says It First?"
Além disso, usando máquinas de ressonância magnética, pesquisadores da University College London descobriram que sentimentos de amor levam à supressão de atividades nas áreas do cérebro que controlam o pensamento crítico, como visto em "The neural correlates of maternal and romantic love". Parece que quando chegamos perto de uma pessoa, o cérebro decide que a necessidade de avaliar seu caráter e personalidade é reduzida.
Não apenas o amor romântico suprime nosso pensamento crítico, mas também os hormônios e substâncias químicas que conferem a sensação de bem estar, como a ocitocina e a dopamina, obscurecem ainda mais nosso julgamento. O amor realmente nos dá uma “drogada” parecida com uma droga e é tão bom que simplesmente ignoramos até mesmo os claros sinais de alerta que acenam diante de nós, deixando claro que não devemos nos relacionar com determinada mulher. Nisso, se por acaso você perceber o comportamento ou a atitude negativa de uma garota, é provável que a minimize, descrevendo-a como uma peculiaridade fofa ou dizendo a si mesmo: “Não é tão ruim assim. Além disso, talvez eu possa ser o cara para ajudá-la a melhorar. Muitos homens não conseguem perceber que não são amados.”
Justamente são essas características masculinas que levam mais homens a sofrer por amor que as mulheres, o que nega totalmente a ideia cultural que temos que a mulher é sempre a vítima ou que é sempre abandonada.
É necessário avaliarmos também que a mulher não é responsável pela segurança e proteção do homem da mesma forma que o homem é responsável pela proteção e segurança da mulher. E isso faz homens e mulheres vivenciarem o amor de formas diferentes.
Soma-se a isso que a configuração cerebral e fisiológica masculina leva homens a trabalharem mais facilmente com conceitos, idealizações, abstrações; enquanto mulheres trabalham com percepções individuais. Isso leva homens a amarem idealisticamente. As mulheres amam oportunisticamente. Notem que isso não quer dizer que mulheres são oportunistas, isso significa que elas buscam características específicas em homens, enquanto homens buscam o amor se importando menos com as características individuais da mulher.
E por não dividirem o mesmo conceito de amor, muitos homens sofrem por não serem amados por uma mulher segundo o conceito dele de amor que era esperado.”
O homem está sendo julgado genericamente a partir de experiências individuais ruins de algumas mulheres com alguns homens. Todo esse foco exclusivo nos pontos negativos do masculino macula a sua imagem e estabelece uma “pré-impressão”, um preconceito, que fará com que as futuras mulheres desconfiem, desprezem e temam o homem no simples ato de existir. O indivíduo deve ser julgado a partir de sua conduta, erros e atos repudiáveis alheios não são atribuições válidas para considerações finais sobre um indivíduo do mesmo grupo.
A teoria de que a sociedade patriarcal estabelece um sistema regrado por padrões, responsável pela busca excessiva feminina pela beleza, no grau apresentado, é falaciosa. Os padrões de beleza retém o controle sobre as referências estéticas e possuem o poder de eleger os corpos referenciais, mas não existe um pilar, um grupo que o organiza e o conduz mediante a própria satisfação. Esse sistema que atribui valor a beleza corpórea e que leva as mulheres a procurarem um corpo dentro dos moldes do padrão dominante é um efeito colateral da existência da sociedade. Ou a culpabilidade é de todos ou de ninguém.
A ideia de que as mulheres utilizam seu tempo na academia, no salão de beleza e gastam fortunas em produtos de beleza não por vontade própria, mas sim para corresponderem as expectativas alheias, é mirabolante. Essa narrativa não tem fidelidade com a realidade, pois nega a vaidade do feminino. As mulheres possuem muitas razões para buscarem a beleza. Tem as que fazem isso pelo próprio bem-estar, pois sentem a necessidade de ter uma impressão visual positiva do próprio corpo, no extremo desses casos, a satisfação com o próprio corpo é uma condição para a estabilidade emocional, e vale lembrar que isso não se dá necessariamente pela pressão de terceiros. Existem casos intrigantes de mulheres que são belíssimas e cobiçadas, ou seja, que alcançaram o suposto ideal, mas que olham-se no espelho com insatisfação e até consideram-se feias. A autoavaliação negativa é um problema interno do feminino, sem relação direta com o mundo exterior.
A vaidade está enraizada no feminino, comprova-se isso com uma simples análise do cotidiano, em matéria de cuidados pessoais, as mulheres desbancam os homens. Assim como os homens (como toda e qualquer espécie animal), as mulheres competem entre si, sendo quase sempre uma competição de beleza, onde a vencedora é aquela que mais se destaca e tem sucesso com o masculino. Algumas mulheres consideram as suas semelhantes como rivais, ou até mesmo como inimigas, essas quando reúnem-se com suas “aliadas" para uma fofoca, não medem palavras, e seus ataques são direcionados a aparência de suas inimigas (“ridícula", “horrorosa", “feia"). Há uma parte do feminino que atribui valor e associa poder a beleza, tendo como efeito a incitação da “comparatividade”, e o empenho para tornarem-se belas, não é pela existência de um sistema que as forçam a isso, visando o benefício do homem, mas sim para competirem entre si.
O neofeminismo é a atual ideologia representante das mulheres. Os movimentos que orientam-se por essa ideologia, avidamente na segunda década do século XXI denunciariam a existência da opressão sistemática da sociedade, enfatizando problemas como a violência contra a mulher, feminicídio, violência sexual, machismo, padrão de beleza, objetificação da mulher e deram-se a missão de especificar condutas do homem, da mulher e da sociedade que deveriam ser evitadas. Os interlocutores do neofeminismo possuem espaço e notoriedade nas redes sociais, e a partir das mídias digitais pregam sua ideologia em tom de informação. Graças as guerrilheiras neofeministas sabemos (ou pelo menos podemos saber) o que é o machismo, como identificar um machista, como não ser um machista! Lindo.
E há também uma orientação ao feminino, nesse caso, em tom de conselho, não de condenação, que visa alinhar o comportamento feminino ao que é do interesse do sexo. Essas orientações são incentivos a mudanças, ao rompimento com os conceitos tradicionais, a partir da definição dos comportamentos femininos que devem ser evitados e praticados, pois há a ideia de que a conduta feminina definida pela sociedade patriarcal limita e faz com que as mulheres contribuam com a retirada da própria liberdade. Segundo o neofeminismo, a mulher precisa empoderar-se o quanto antes, iniciando uma luta por sua independência, e para isso deve evitar a submissão ao masculino, a dependência financeira, a auto-objetificação e a repetição de comportamentos machistas.
Grande parte da sociedade contemporânea, principalmente os de meia idade para baixo, possuem “consciência” das condutas praticadas de forma “inconsciente”, como por exemplo o seguimento do padrão de beleza, a associação da beleza ao valor individual, a objetificação e a auto-objetificação da mulher. A objetificação é a prática individual ou social que rebaixa a mulher ao nível de objeto, é o processo de coisificação que leva os indivíduos a se interessarem unicamente no corpo feminino. Afirma-se que a auto-objetificação é oriunda dos ambientes de objetificação, levando as mulheres a se objetificarem de forma inconsciente, a se submeterem as vontades do homem e a assumirem a missão de usar o próprio corpo para satisfazer o marido, como forma de compensar as garantias fornecidas pelo companheiro, para assim se livrarem do sentimento de dívida criado pela sociedade patriarcal.
Destaco aqui a prostituição, uma conduta auto-objetificante, que nada mais é do que ressignificar o próprio corpo, trocar-se por dinheiro ou submeter-se a satisfazer o outro sexualmente por algum benefício. A prostituição, em alguns casos, é a única alternativa de sobrevivência, algumas mulheres são forçadas a essa conduta. Porém, é nítido que a prostituição passou de uma válvula de escape das desesperadas para um atalho utilizado pelas espertas e ociosas. A prostituição está sendo aceita e normalizada, essa conduta que objetifica e escraviza a mulher está quase sendo considerada uma nobre profissão. Denuncio a negligência cometida pelo neofeminismo, pois permanece calado quanto as mulheres que aderem a prostituição por livre e espontânea vontade, cito aqui as “suggar babys", que são garotas jovens, saudáveis, aptas como qualquer outra, que vendem-se para qualquer indivíduo que esteja disposto a financiar os seus “sonhos” em troca de submissão e da posse de seus corpos. A auto-objetificação já não é mais uma prática inconsciente, é um ato puramente lúcido, sabe-se como evitar e pode-se evitar, aquelas que se auto-objetificam não são vítimas do homem, ou da sociedade, são vítimas das próprias intenções, vilãs da própria história, responsáveis pela própria banalização.
Diante de tudo isso, pode-se afirmar que tanto os homens quanto as mulheres sabem quais comportamentos devem ser evitados, pois é quase impossível manter-se isolado de todas as informações do neofeminismo. O neofeminismo escancarou a existência de um suposto sistema social machista, que sorrateiramente leva o indivíduo a assumir uma determinada conduta de forma inconsciente, como por exemplo a suposição de que as mulheres empenham-se em tornar os seus corpos atraentes para os homens em detrimento de suas expectativas. Agora que sabemos da existência desse sistema, somos conhecedores do inimigo, então podemos combatê-lo, e já que possuímos a capacidade de identificar toda a problemática, não seria coerente afirmar que os indivíduos continuam praticando ações consideradas manipuladas inconscientemente.
A atribuição de culpa ao homem pela busca feminina por beleza é completamente desonesta, pois é uma tentativa de camuflar as intenções egoístas de uma parte do feminino. Algumas mulheres cientes do seu poder sobre o homem, tentam dominá-lo pelas rédeas de seus desejos sexuais para alcançarem benefícios. Essa é a motivação para algumas mulheres empenharem-se em deixar seus corpos atraentes, irresistíveis. Essas “espertinhas" focam nos homens mais promissores, nos mais ricos, naqueles que lhe garantirão boêmia. O homem que possui status social, recursos, riquezas, tem poder de escolha, e quando movido por seus instintos, escolherá aquela que mais lhe for satisfatória e correspondente as suas fantasias. O desejoso procura a espertinha pela contemplação de seu corpo, pelo prazer, por sexo, e a espertinha procura o desejoso pelos benefícios, por status social, por poder. Não existe vítima na relação entre egoístas, pois esses juntam-se pela semelhança de suas pobres naturezas.
O escritor Nessahan Alita no seu livro “A Guerra da Paixão”, dedica um capítulo a discussão acima:
“Costuma-se falar de má vontade sobre a maldade feminina. A tendência comum é evitá-la, evadindo-se. Por outro lado, denunciar as várias e inegáveis crueldades do homem é algo comum, visto pelas pessoas como natural pois, como é comum ouvir-se, "os homens não prestam mesmo". Os homens bons, então, dão
um sorriso amarelo e fingem achar graça, ainda que no fundo saibam as coisas não são assim tão simples. Daí a necessidade de trilharmos o caminho oposto para esclarecer o que falta, encarando frontalmente o problema que todos evitam e denunciando-o como fazem as feministas justas com os vícios masculinos.
Se é verdade que os machos humanoides animais são maldosos com relação às fêmeas, cobiçando-as, valorizando-as pela beleza exterior e possuem segundas intenções sexuais, não é menos verdade que as fêmeas também são maldosas, valorizando-nos por nossa posição social, nossa atratividade em relação às
mulheres bonitas, nosso dinheiro, nossa fama etc. não nos amando desinteressadamente. São totalmente utilitaristas e não nos amam pelo que somos mas apenas pelos benefícios práticos e emocionais que possamos proporcionar. As
segundas intenções masculinas são sexuais: o macho quer copular. As segundas intenções femininas são práticas e calculistas: ser invejada pelas rivais, transformada em princesa, ter um escravo, chamar a atenção, ser protegida, ser
conhecida etc. Portanto, não somente os homens os vilões da história.”
A objetificação deve ser combatida em todos os contextos, pois nenhuma variante dessa prática é ética. Então, cabe o seguinte questionamento: a objetificação da mulher é válida em alguma circunstância? Ainda que o processo de objetificação seja praticado de formas e por indivíduos diferentes, a natureza do ato é sempre a mesma. Não há espaço para meio termo, ou sequer para a relativização.
Ao que parece, a objetificação da mulher só é condenável quando não praticada pelo interesse feminino, visto que muitas mulheres se auto-objetificam, constroem carreiras e ganham notoriedade em torno disso, sem sofrer nenhum tipo de represália. Refiro-me não só as mulheres que de livre e espontânea vontade vendem o próprio corpo, mas também as artistas contemporâneas de grande relevância.
No auge da música brasileira atual, permanece em disparada, os gêneros musicais: funk e sertanejo. Direciono a minha crítica previsivelmente ao primeiro citado. Estamos passando por uma crise cultural, a música nunca esteve tão próxima da futilidade, as canções são instantâneas, esquecíveis, efêmeras, acendem como um fogo de palha e esfriam-se rapidamente no vento da “enjoatividade”.
O funk é abraçado pelo neofeminismo, e grande parte das funkeiras são representantes da ideologia, defensoras dos direitos das mulheres e ditas combatentes do machismo. Ícones do feminismo, como Anitta, Luiza Sonza, Carol Konká, marcam os seus clipes com a exposição hipersexualizada de seus corpos, que não passa de uma estratégia apelativa de auto-divulgação travestida de ato de liberdade.
Os componentes elementares nas obras dessas artistas são majoritariamente voltados para o libidinoso, o foco é a temática sexual, a sensualidade, as letras referem-se ao sexo de várias formas e a parte visual dos clipes tem o corpo na centralidade, insinuações voluptuosas e referências ao ato sexual. Essas artistas não possuem profundidade musical, destacam-se pelo uso do corpo, pela exposição da carcaça. Essa conduta é nociva em vários contextos, além de contribuir com a banalização da mulher, influência negativamente outros indivíduos. A preocupação principal é com o público infantil, que devido a falta de restrição, consome conteúdos visuais e sonoros de teor sexual e inocentemente os reproduzem. As crianças estão imitando comportamentos adultos, “rebolar", “sentar", “descer até o chão”, “fazer quadradinho”, são referências diretas ao ato sexual e em nenhum contexto adequam-se ao público infantil.
A objetificação da mulher não pode ser considerada errada apenas quando praticada pelo homem. O feminino entra em contradição quandopratica o que ao mesmo tempo condena, a vítima não pode fazer consigo mesmo o que com ela faz o agressor. A única maneira de comprovar a insatisfação é por meio do repúdio absoluto, não se pratica aquilo que se repudia, em nenhuma hipótese, sob nenhuma circunstância. A objetificação da mulher não é válida quando praticada por um homem, nem por um sistema, então por que seria quando praticada por ela mesma?
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Em defesa do homem: o processo de demonificação
No FicciónO homem está sendo colocado no extremo negativo existencial, sentado no banco dos réus, sem chances de defesa, em um julgamento, onde o acusador é também vítima e juiz. O masculino está passando por um "processo de demonificação", protagonizado pelo...