11- "Assediar uma mulher com cantadas, assobios, etc."

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Não sossegue seu espírito, não perca a vontade, eternize-se ou permita que o tempo lhe apague. Mantenha-se atento, lúcido, em guarda, ofereça toda a sua atenção ao orador, nas pausas entre uma fala e outra, reflita sobre o que foi dito, analise, e se por um acaso, a dúvida se fizer presente em seu coração, dê confiança a ela, não a oculte ou ignore, aquele que vos dirige a palavra não é dono da verdade. Mas o que pode fazer aquele que é pouco instruído, além de ouvir sem questionar? Aquele que não possui amor pela verdade e que não a procura, pode identificar a mentira e eficientemente combatê-la?
A pior das negligências é a falta consigo mesmo, é não aceitar o processo que trará a elevação, e consequentemente, os recursos para o livre pensamento. E quão belo é aquele que é criador dos próprios pensamentos, o que não comporta-se como um estúpido, o capaz de reconhecer-se ignorante, o corredor das estradas infinitas, que não aquieta-se e tem amor pela mudança. Esse de ninguém é escravo, não pode ser enganado, dominado ou conquistado pelos falaciosos. De forma cuidadosa relaciona-se, e corre a passos largos dos corrompidos, desejosos e virulentos, pois bem sabe o quão maligna é a má companhia.
É mais fácil absorver os vícios do que as virtudes, se anda com um tolo, poderá sê-lo sem nenhum esforço através da imitação, mas e quanto aquele que anda com um sábio? A dádiva da companhia não garante sabedoria, e não se pode imitar um sábio, não por demasiado tempo, pois a conduta e a língua do imitador o denunciarão. E quão agradável é o olhar prazeroso para o ontem, é a visão dos que bem aproveitam o seu tempo, esses possuem a dor do cansaço, mas nunca do arrependimento. Restringir-se dos prazeres para não perder-se na satisfação, nobre, conquanto angustiante.
Aquele que rende-se ao prazer é possuído pelo egoísmo e vê no outro apenas o que pode-lhe ser satisfatório. Controle-te a ti mesmo. Não ceda, não ande por impulsos, segure nas tuas próprias rédeas e direcione os seus passos, afaste-se do que é vergonhoso. E nada é mais vergonhoso do que a perda do controle, pois é da natureza dos explosivos perdê-lo, bem sabe os que devido a estes sofrem. Aqueça as suas mãos e acalente o seu peito, perdoe-me, não sou adepto a irreverência, não contento-me com a inércia, elevo-me, para que eu possa olhar de cima.
Com a visão ampla, posso contemplar a beleza das montanhas e não passa-me desapercebida as lindas formas das nuvens pinceladas pelo vento. Preencho-me com a solidez dos meus esforços e encho-me até que meu recipiente transborde. Ainda que minha mente oscile entre o que julgo correto e o que abomino, recomponho-me rapidamente e luto para afastar-me das minhas confusões. Aconselho-vos, não andem de mãos dadas com a loucura, ela deixará o seu solo desértico e destruirá as suas províncias, o bom rei preza pelo seu reinado.
Venho por meio deste, aconselhar os cavalheiros e advertir os estúpidos. Sinto a necessidade de reforçar o objetivo que proponho, não é do meu interesse acobertar os homens corrompidos, animalescos, desejosos e medíocres, a esses declaro o meu repúdio e reforço as suas existências, são muitos. Por não possuírem autocontrole, movem-se pelo desejo, causam constrangimento e maculam a imagem do homem. Esses indivíduos são perfeitos para os mal intencionados, pois o masculino está sendo julgado e definido a partir deles. O neofeminismo baseia-se em experiências individuais ruins com esses homens medíocres para julgar o masculino. Ignoram a existência dos homens nobres, para assim, exercer o processo de demonificação do homem.
Considero a existência de três indivíduos: o ínfero, o médio e o elevado. Essa visão é constituída por dois extremos e um ponto de referência. No extremo negativo está o ínfero, no extremo positivo o elevado e no ponto referencial o médio. Para definir o ínfero e o elevado, primeiramente se faz necessário definir o médio, pois esse está entre os dois extremos. Todo indivíduo possui a sua excelência, e a excelência nesse contexto seria a carga ética. A carga ética é constituída pelos valores, ideais, peso existencial e conduta. Cada um desses fatores que constituem a carga ética possuem o estado de bom e ruim, a partir da soma desses fatores define-se a excelência individual.
Por meio de critérios matemáticos estabelecerei as normas definidoras. Supúnhamos que todos os indivíduos sejam analisados e avaliados mediante os critérios da definição de excelência, e seguindo os critérios matemáticos determinaremos a média de excelência dos indivíduos, ou seja, somaremos a excelência de todos os indivíduos e dividiremos pela quantidade de indivíduos somados. Então, por meio desse método, estabelece-se o ponto referencial, a média, os indivíduos que possuírem uma excelência igual ou próxima da média, não aproximando-se tanto de nenhum extremo, serão definidos como indivíduo médio. Aqueles que possuírem uma excelência muito inferior a excelência média, serão definidos como indivíduo ínfero e por fim, os que possuírem uma excelência muito acima da excelência média, serão definidos como indivíduo elevado.
Para facilitar o entendimento, usarei os números. Consideraremos que seja possível avaliar a excelência individual com uma nota numérica, de 0 a 10, o extremo negativo será a nota 0, o extremo positivo a nota 10 e teremos como ponto referencial, ou média, a nota 5. Aquele que possuir uma excelência avaliada com uma nota igual a 5 ou não tão próxima de um dos extremos, que são as notas entre 3 e 7, será definido como indivíduo médio. Aquele que possuir uma excelência avaliada com uma nota entre 0 e 2, será definido como indivíduo ínfero e o que possuir uma excelência avaliada com uma nota entre 8 e 10, será definido como indivíduo elevado. Baseando-se nesses critérios, é intuitivo afirmar que os homens médios são a maioria, mas quero preveni-los de uma errônea interpretação.
Não considerem que os indivíduos ínferos e elevados existem na mesma quantidade ou que os dois extremos são equiparáveis devido a igualdade de possibilidades entre ambos. A diferença entre o ínfero e o elevado está na raridade, no valor existencial, em termos matemáticos, no equivalente numérico. O indivíduo ínfero sobrepõe o indivíduo elevado em quantidade, pelo simples fato de que é mais fácil ser ruim do que bom. Pouquíssimos alcançam o patamar de elevado devido ao grau de dificuldade, no ínfero há quantidade, no elevado há qualidade. O equivalente numérico é o valor existencial, ou seja, um indivíduo elevado avaliado com a nota 10 equivale a 5 indivíduos ínferos avaliados com a nota 2. A média de excelência dos indivíduos nada mais é do que o equilíbrio entre a grande quantidade de ínferos e o valor existencial dos elevados. O grande valor dos elevados compensa a baixeza dos ínferos, dando ao médio uma existência equilibrada e ao mundo uma aparência menos vil.
Somos passíveis de influência, mas essa corrente indutora não tem por si só o poder de furtar a liberdade. Nos é permitido escolher os ditos influenciadores, com bons olhos e mente ativa, não por meio da sorte, pode-se optar pelo bom influenciador, quem seria esse se não o elevado? Os espíritos excepcionais que deram presença no mundo, com suas obras e pensamentos, contemplaram os indivíduos com um toque de beleza, livrando-os, felizmente, em muitos casos, da estupidez. O elevado no ato de existir, por sua alta equivalência, aproxima os indivíduos médios para o positivo da existência. O médio é o ponto de referência, habita nas terras que dividem os extremos, é instável por natureza, pois ainda que possa ser consumido pela baixeza, é também um elevado em potencial. O ínfero, cego seguidor da gravidade, deseja a queda, ama e odeia o que se é, em desespero, na inútil tentativa de fugir de si mesmo, agarra-se nos que estão acima, e se esses não forem fortes, cairão junto com ele.
O indivíduo não é fruto do meio, é fruto de si mesmo. Machado de Assis defendia veementemente essa ideia e ele mesmo foi um exemplo disso. O indivíduo é soberano de sua existência, dono das próprias vontades, autor da própria história. Ainda que os meios exerçam as suas influências, o indivíduo é livre para segui-las ou não. Somos imitadores por natureza, tendemos a nos exemplar naquilo que está próximo, porém, temos a capacidade de identificar se o que imitamos é bom ou ruim e a liberdade para decidir entre o bom e o ruim. Se um indivíduo é criado na estupidez, a tendência é que torne-se um estúpido, mas a esse mesmo indivíduo é garantido o direito de mudança, ninguém permanece igual para sempre, pode-se piorar, assim como pode-se melhorar, tudo depende da vontade do indivíduo. Aquele que baseia-se no ínfero e segue os maus costumes, pode também basear-se no elevado e adotar a boa conduta. O ínfero é capaz de sair da mediocridade, através de um processo inviolável, chamado desenvolvimento pessoal contínuo, não é possível pular do estado ínfero para o estado elevado, o processo de elevação é gradativo e constituído por fases, o ínfero primeiro torna-se médio e por fim, elevado. E até mesmo o elevado pode regredir, colapsar, decair a níveis inferiores se negligenciar o seu processo evolutivo, se não souber administrar o seu “eu", tornando-se arrogante a ponto de achar que de tudo já sabe, que já evoluiu o suficiente.
“Sócrates — Assim, os indivíduos que não têm a experiência da sabedoria e da virtude, que estão sempre nas festas e nos prazeres afins, são, ao que me parece, transportados para a região baixa, depois de novo para a média, e erram assim durante toda a vida. Não sobem mais alto; nunca viram as verdadeiras alturas, nunca para lá foram transportados, nunca foram realmente cheios do Ser e não experimentaram prazer sólido e puro. A semelhança dos animais, de olhos sempre voltados para baixo, de cabeça inclinada para a terra e para a mesa, pastam na pastagem gorda e acasalam-se; e, para satisfazerem ainda mais seus apetites, escoicinham, batem-se com seus chifres e matam-se uns aos outros no furor do seu apetite insaciável, porque não encheram de coisas reais a parte real e estanque de si mesmos.”
(A República de Platão, livro IX)
Já explicadas as considerações anteriores, poderei entrar na temática principal. Nenhuma mulher merece passar pelo constrangimento de ser abordada de forma inconveniente na rua. Assobiar, “cantar" ou fazer gestos obscenos não é a conduta de um cavalheiro que se preze, e na sociedade, no dia-a-dia, é fácil perceber que são muitos os que se propõem a isso.
Uma mulher está caminhando na rua, exercendo o seu direito de ir e vir, quando subitamente, a atmosfera se torna pesada, trazendo-lhe um terrível desconforto. Observadores estão à sua volta, tão concentrados, como feras famintas à espreita de sua presa. Os passos da dama tornam-se incertos, inseguros, ela está sendo notada, mas sente-se inexistente, anulada pelos desejos alheios. Ela, à passos apressados, distancia-se de seus observadores, mas esses não contentam-se e fazem um som agudo com a boca, enquanto suas mentes estão a fantasiar. O som emitido, aparentemente inofensivo, arranca brutalmente a pobre mulher de seus pensamentos e a traz para a realidade. Para a cruel realidade.
Os homens que assediam, fazem palhaçada ou proferem bobagens para uma desconhecida, são medíocres, incompetentes, descontrolados. Esses ínferos não possuem uma das principais virtudes do homem, o autocontrole, são maculadores do masculino, estão no extremo negativo existencial. Não refletem, não possuem empatia, não são respeitosos. O guia desses indivíduos é o prazer, o desejo sexual, a satisfação carnal, em matéria de conduta são terríveis, pois não controlam-se, suas ações não baseiam-se em princípios, em valores, sequer na moral. Esses canalhas estão por toda parte, repetindo compulsivamente comportamentos aprendidos, considerando-os naturais, “coisa de homem".
Os desejos sexuais dão ao homem uma incontestável necessidade, são puramente eles que fazem com que o mesmo procure a mulher, não é algo de natureza voluntária, o homem não escolhe desejá-la, ele simplesmente a deseja. No entanto, o homem é dono de seus desejos, não o contrário. Dar aos desejos sexuais uma direção e estabelecer um controle sobre eles, é possível ao homem. Assim como é possível agir por influências dos desejos sexuais de forma refinada, discreta e eficiente. É esperado que o homem sinta-se atraído ao ver uma mulher agradável aos seus sentidos, é natural que ele a deseje sexualmente e até tente conquistá-la. Mas é necessário conter-se, evitar expressar o que sente de forma animalesca, constrangedora, agressiva. Assediar não é cortejar ou flertar, assobiar e dar cantadas não é uma abordagem adequada, essa conduta gera desconforto e consequentemente afasta o feminino.
O homem não precisa fazer palhaçadas para levar uma mulher para cama. Cavalheiros, aconselho-vos, não imitem os comportamentos dos ínferos, não façam o que dizem os descontrolados, sejam respeitosos e moderados. Se alguma mulher despertar o seu desejo, tente conquistá-la de forma descente. Em vez de fazer macaquices para chamar a atenção de uma dama na rua, aborde-a discretamente, com sutileza, apresente-se, cumprimente-a, demonstre seu interesse de forma indireta, peça seu número de telefone, marque um encontro e no momento adequado deixe claro as suas intenções. Essa é a atitude de um homem admirável, essa conduta passará confiança e possivelmente despertará interesse, no mínimo, curiosidade. O homem que controla os seus instintos é mais efetivo do que o descontrolado na busca pelo prazer sexual, quantos relatos se tem de homens que conseguiram conquistar uma mulher com um assobio? As mulheres na maioria esmagadora das vezes ignoram, fingem que esses indivíduos não existem e retribuem a “iniciativa” com desprezo na face.
Esses frouxos sabem da própria insignificância, por isso são incapazes de colocarem-se frente a frente com uma mulher de maneira correta, não possuem um conteúdo digno de nota, são preenchidos apenas por desejos egoístas e não passam de covardes indisciplinados. Os ínferos assumem essa conduta inconveniente e impulsiva, constrangendo, causando vergonha, porque sentem-se obrigados a provarem para os seus semelhantes que são “homens de verdade”, porque acreditam que o “homem de verdade” ao ver uma mulher deve desejá-la compulsivamente e expressar imediatamente os seus desejos para provar aos demais que é o que diz ser. Vivem no marasmo dos instintos, aprisionados as paixões, afeiçoados a traição.
Homens dessa natureza são infiéis as suas esposas, pois demonstram um claro interesse por outras mulheres estando comprometidos, não são dignos de confiança, já sabe-se de antemão que não possuem autocontrole. Por serem capazes de coisas terríveis, devem ser evitados. E quanto aqueles que estão descompromissados? Suas atitudes são justificáveis, pois não possuem nenhum compromisso? Essa ideia é sórdida, os indivíduos que agem dessa forma com outros, desconsideram os sentimentos alheios, não possuem empatia e não medem as consequências dos próprios atos. Apenas agem. As mulheres, devido as atitudes dos ínferos, sentem-se desconfortáveis em alguns ambientes sociais, experiências ruins apenas fortificam o preconceito sofrido pelo sexo masculino, pois todos passam a acreditar que o lado negativo do masculino é o único lado existente.
É esperado que as mulheres sejam adversas aos comportamentos impulsivos do homem (assobios, cantadas, etc.), pois a natureza feminina é seletiva, levando-as a buscarem no companheiro qualidades que sejam úteis, também garantias e benefícios (não só no sentido material). O homem mais requisitado é o forte, aquele que possui algum poder. Detalharei os “benefícios” que refiro-me e também explicarei o que quero dizer com “forte" e “poder". O benefício nada mais é do que “um privilégio ou provento concedido a alguém”, algumas preferências femininas predominam desde a pré-história até os dias de hoje, sendo uma espécie de herança genética importante para a sobrevivência. Na pré-história, a mulher tinha a obrigação de procurar o homem mais forte, mais apto fisicamente, mais criativo e com maior capacidade na aquisição de recursos, a escolha certa poderia garantir a sua sobrevivência e também da prole. A mulher pré-histórica no seu período de gestação entrava em um estado de vulnerabilidade total, o homem escolhido era o responsável por sua defesa, a protegia dos perigos externos, tinha de ser competente, uma escolha não cuidadosa significava morte. O homem precisava “garantir” proteção e dar a mulher o “benefício” da segurança
A herança genética, a seletividade, ou seja, as preferências que estão no inconsciente feminino, apenas adaptaram-se a modernidade. Pesquisas mostram que mulheres gostam de sentirem-se protegidas e dão preferência aos homens que de alguma forma passam segurança e confiança. Essa vontade meiga de querer sentir-se protegida é uma herança genética dos primórdios da existência feminina. A garantia de segurança é uma das garantias requisitadas pelo feminino, e a “segurança” nesse contexto possui vários sentidos. Segurança no sentido físico, emocional e material. A segurança física é a pura espera pela proteção de perigos a própria integridade física. A segurança emocional refere-se a expectativa feminina em torno do comprometimento masculino com o seu emocional, é a espera de que o homem, como companheiro, respeite seus sentimentos. Exige-se integridade, fidelidade, respeito. A confiança e a segurança nesse contexto seria a graça, o benefício, o privilégio concedido pelo homem (que na verdade é obrigação). É seguindo esses critérios que afirmo, as mulheres por sua seletividade e visando o seu bem-estar são na maioria das vezes adversas aos assediadores, aos homens movidos pelo desejo sexual, pois são infiéis e irresponsáveis quanto aos sentimentos alheios.
Partindo para a parte polêmica, a segurança material é a exigência de recursos que satisfaçam os interesses femininos e suprima suas necessidades. É natural que as mulheres deem preferencia aos homens mais promissores, inteligentes e talentosos, esses possuem poder e força, no sentido de que podem criar suas próprias oportunidades, sendo mais capazes de assumir os compromissos de um casamento. Os casais normalmente tem filhos, e filhos significam custos, tempo e comprometimento. A responsabilidade de uma criança é sempre mais pesada para a mulher, pois é ela quem passará nove meses gerando o bebê e levará para o resto da vida as sequelas da gravidez, tudo ficaria pior sem o auxílio do pai da criança. Imagine que uma mulher não seja cuidadosa ao escolher seu companheiro e engravide de um homem fraco, incompetente e sem nenhum recurso, ela poderá ter a sua vida arruinada, no mínimo dificultada, pois o pai não dará nenhuma segurança financeira, não suprirá as necessidades do bebê e deixará com que todas as obrigações (educação, saúde, alimentação, lazer e despesas) recaiam totalmente sobre ela. Não é condenável que as mulheres tenham um olhar “interesseiro” em alguns pontos, mas vale ressaltar que o “interesse” deve ser justificável, caso contrário, é puro egoísmo, mau-caratismo e oportunismo.
Há um ponto muito importante dentro dessa problemática que deve ser abordado urgentemente. É assustador o fato de que vivemos na era das pesquisas, sofrendo com a grande escassez de pesquisadores confiáveis. Albert Einstein reconhecia a importância dos missionários da pesquisa, “Dentre todas as comunidades, a única que eu gostaria de pertencer e me dedicar é a dos verdadeiros pesquisadores, que só conta com alguns raros membros vivos”. Os pesquisadores são fundamentais para a compreensão da sociedade como um todo, essas nobres almas, com uma determinação exímia, fornecem para a sociedade dados importantíssimos, tornando possível, através de uma simples interpretação de dados, enxergar e compreender as debilidades sociais. Os pesquisadores também são grandes aliados da comunidade científica e possuem a sua merecida parcela de mérito quanto aos avanços científicos.
É muito comum, hoje, deparar-se com uma pesquisa social, o próprio neofeminismo é especialista no uso de dados numéricos para o sustento de suas convicções. Há um grande número de pesquisas na internet, nas redes sociais em específico, que apresentam dados alarmantes e causam repulsa no colocar dos olhos. Essas pesquisas raramente esclarecem os critérios ou os meios utilizados para a obtenção dos dados, as manchetes costumam ser sensacionalistas, hiperbólicas, colocando sempre em evidência um número acompanhado de uma conclusão negativa. A maioria dos ditos pesquisadores contemporâneos estão banhados de ideologias, são parciais, mentirosos, sem compromisso com a verdade, colocam acima de tudo não a verdadeira informação, mas sim a visibilidade e a defesa de seus posicionamentos. Não existe o interesse genuíno de informar, as estatísticas são manipuladas de forma escabrosa, forçando os leitores a terem uma única opinião. Há sempre dois posicionamentos à respeito das discussões proporcionadas pelas pesquisas, um é esperado, o outro considerado absurdo.
As pessoas adotaram o péssimo hábito de ver o mundo a partir dos olhos de outros. Existe um indivíduo que é perfeito para os mal intencionados, o “informado de post". O “informado de post" é aquele que vê uma publicação oriunda de uma fonte sem credibilidade, contendo dados e uma conclusão, e automaticamente já toma os ditos como verdade absoluta, sem analisar ou questionar. A fonte de informação desse indivíduo são as redes sociais, tudo que fala ou defende baseia-se no que viu sendo colocado por lá, é tão descuidado e manipulável a ponto de compartilhar toda publicação contendo uma informação, que na opinião dele, parece verdade. Noticias falsas e informações manipuladas propagam numa velocidade assustadora, pois os seus divulgadores, como informadores, são bons marketeiros, conseguem enganar o público e fazer com que compartilhem suas publicações sem uma mínima análise de veracidade. Essa é também a era das “fake news".
O neofeminismo constantemente divulga resultados de pesquisas que colocam o homem na posição de vilão, algoz, cruel, incurável. Uma pesquisa feita pela Organização Não Governamental Think Olga teve o seguinte título “99,6% das mulheres já foram assediadas”, é claro que a manchete é inteligente, pois possui um efeito impactante que atrairá a atenção dos leitores, que sofrem de um problema na absorção de informação. Pouquíssimos são os que olham para o título da manchete e dedicam tempo a leitura dos fatos, para melhor compreensão dos mesmos. Muitos sequer tem a noção de que pesquisas sociais possuem limitações regionais e quantitativas, podendo não ser aplicáveis em todas as realidades, sendo o resultado, na maioria das vezes, uma conclusão de teor geral a partir de relatos de uma pequena quantidade de pessoas.
A semântica de “assediar" foi limitada a um sentido negativo, ou pelo menos limitada a somente uma interpretação. O verbo “assediar” esclarece-se de acordo com o contexto da situação, “assediar” pode ser “insistir com pedidos ou propostas; importunar alguém para que esta pessoa faça alguma coisa; tentar possuir algo pela insistência: o chefe assediava as funcionárias; assediaram-no com questões inoportunas”, e também “aproximar-se de alguém inesperada e repentinamente: assediou a pedestre num momento de distração”. Devido ao assédio sexual ter se tornado uma pauta muito presente na sociedade, o verbo “assédio” é automaticamente interpretado como algo de natureza grave, e sim, dependendo do contexto é gravíssimo. A pesquisa da Organização Não Governamental Think Olga citada anteriormente, circula nas redes sociais com apenas o resultado da pesquisa estampada nos posts, sem os critérios e sem os fatos. No site Paraná Portal e em outros sites da internet, onde a pesquisa foi publicada, os métodos e critérios utilizados para a pesquisa não foram divulgados, apenas informações superficiais como a quantidade de entrevistados e os números percentuais de cada situação de assédio.
“Assobios, comentários de viés sexual, olhares e até mesmo contato indesejado são considerados crimes pela Constituição. Em geral, enquadram-se como importunação ofensiva ao pudor. Esses casos se referem ao assédio verbal, ou seja, cantadas e ameaças.
Se comprovada a prática, os autores são condenados e multados. Levantamento da Organização Não Governamental Think Olga revela que 99,6% das 7,7 mil mulheres entrevistadas durante pesquisa já foram assediadas em algum momento de suas vidas.
O documento revela, ainda, que cerca de 98% sofreu assédio na rua e 64%, no transporte público. Segundo a pesquisa, 81% das mulheres mudam a rotina por medo do assédio. Isso inclui desde uma simples troca de roupa até a escolha por outro trajeto nas ruas.”
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão, apontou dados semelhantes aos da pesquisa anterior, a manchete dos sites que divulgam a pesquisa dizem o seguinte “97% das mulheres dizem que já sofreram assédio no transporte público e privado no Brasil, diz pesquisa”. O título dessa pesquisa não possui elementos apelativos, e diferente da pesquisa anterior não é tendenciosa e obscura. Eis a pesquisa do Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão divulgada pelo site G1 SP e Globo News:
“Quase todas as brasileiras com mais de 18 anos (97%) afirmaram que já passaram por situações de assédio sexual no transporte público, por aplicativo ou em táxis, segundo pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber.
"É um número muito forte. Esse é o cotidiano da vida das mulheres, a pura expressão do que acontece", disse Jacira Melo, diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão.
Os institutos entrevistaram, em fevereiro deste ano, 1.081 mulheres que utilizaram transporte público ou privado nos 3 meses anteriores à data do início do estudo. As entrevistadas foram ouvidas em todas as regiões do Brasil: Sudeste: 38% (416 entrevistas), Nordeste: 22% (236), Centro-Oeste+Norte: 20% (219) e Sul: 20% (210).
Os pesquisadores mostraram para as entrevistadas uma lista com as principais queixas de assédio. E quase todas as mulheres responderam que já passaram por ao menos uma das situações, como olhares insistentes (41%) no transporte coletivo, (10%) no transporte por aplicativo e (11%) no táxi, cantadas indesejadas (33%) no coletivo e (9%) nos aplicativos e táxis.
"O homem fica olhando para ela, que fica com medo e troca de lugar, mas não percebe que foi vitima de assédio. Explicitamos algumas situações para conseguir ver como as mulheres são assediadas no meio de transporte", disse Maíra Saruê, diretora de pesquisa do Instituto Locomotiva.
A maioria das mulheres (71%) também afirmou conhecer alguma mulher que já sofreu assédio em espaço público, segundo o levantamento.
De acordo com a pesquisa, para 72% das mulheres, o tempo para chegar ao trabalho influencia na decisão de aceitar ou ficar em um emprego. Segundo dados da PNAD contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), das 92 milhões de brasileiras adultas, 40 milhões trabalham, 8 milhões estudam, 33 milhões foram a bares no último mês e 82 milhões fizeram compras em supermercados.
Apesar de tantos deslocamentos, 46% das mulheres não se sentem confiantes para usar meios de transporte sem sofrer assédio.
"O assédio sexual nos meios de transporte é sabido e conhecido por todos, mas ainda pouco abordado, como se fosse algo de menor importância. As mulheres enfrentam “encoxadas”, ejaculação na roupa e nas pernas, são expostas a violência pesada, que fere o direito de ir e vir", afirma Jacira.
Jacira diz que o risco da mulher em um carro sozinha com um homem é grande. Os únicos casos de estupro relatados pelas entrevistadas ocorreram em carros de aplicativo.
"Você tem a placa do carro, em muitos casos, o nome do motorista. Mas convenhamos. O risco que a mulher corre dentro do carro onde o motorista tem todo o controle e ir para um caminho que ela não conhece, a coloca em um risco bastante elevado. Parto da máxima que não é aceitável nenhum tipo de violência em um transporte por aplicativo", diz.
"As empresas precisam ter rigor na seleção dos motorista, dar cursos, etc. Criar mecanismo para as mulheres ficarem mais seguras e a fazerem denúncias. Elas têm condições de evitar o assédio e o estupro de forma muito mais eficaz do que no transporte público", completa.”
A pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão merece um elogio a sua clareza, o diferencial da pesquisa é sua transparência, pois revela os métodos e critérios utilizados para a obtenção dos dados. Retorno para a questão semântica, para facilitar a compreensão da hipérbole existente em torno dos fatos, o assédio sexual possui em todos os casos a mesma natureza, porém, gravidades diferentes. Existem três tipos de assédio: verbal, não verbal e físico, é lógico, que de todos, o mais grave é o físico. Acontece que as pessoas ao verem a palavra “assédio” só conseguem pensar na pior situação possível, não há em muitos casos, sequer noção de que existem assédios diferentes. Ao ouvir a frase “aquela moça foi assediada”, o imaginário do ouvinte cria o pior cenário possível e faz também as piores considerações, dificilmente há uma pausa para o seguinte questionamento: “Qual tipo de assédio ocorreu?”, é verdade que o assédio verbal (cantada, assobio, etc.) é algo absurdo, mas não chega a ser comparável ao assédio físico, a indignação que cabe ao assédio físico não é proporcional ao assédio verbal.
Na pesquisa do Instituto Locomotiva e Instituto Patrícia Galvão “olhares insistentes” foram considerados assédio, junto de abordagens invasivas e contatos físicos violadores. E então, encontramos um problema. Use novamente a sua imaginação e pense em mais um cenário, imagine que uma mulher esteja em um ônibus, e de repente ela note que alguém está olhando-a insistentemente e sinta-se assediada, começando a gritar descontroladamente “ele está me assediando!”, as outras pessoas ao redor, sem saber do que de fato se trata, tomarão o partido da moça e entrarão no estado mais profundo de revolta e indignação para com o suposto assediador, já que acreditam que o mesmo cometeu a pior das barbaridades possíveis, o mesmo pode chegar a ser linchado, na melhor das hipóteses julgado sem chances de defesa.
Essa pesquisa e muitas outras são utilizadas no processo de demonificação do homem, pois o vilão, a besta responsável por esses números negativos pertence ao masculino. Ao ler o título da pesquisa “97% das mulheres dizem que já sofreram assédio no transporte público e privado no Brasil, diz pesquisa”, o leitor descuidado, igualmente no exemplo anterior, considerará a pior situação devido ao peso sombrio da palavra assédio. Não se sabe exatamente quantas das entrevistadas foram assediadas de forma não verbal, verbal e física, tudo que se tem apresentado é o resultado final, que é a junção das três tipicidades. Não se pode sequer dizer com exatidão quantas das situações relatadas chegam ao nível de assédio, pois até mesmo “olhares insistentes” foram considerados como tal. Deve-se também levar em conta como o leitor absorve a informação, a falta de especificação e clareza dão margem a má interpretação, 97% das mulheres entrevistadas afirmaram ter sofrido algum tipo de assédio, mas isso não quer dizer que 97% dos homens cometem assédio, essa observação parece ridícula, porém, se faz necessária.
Os critérios das pesquisas que definem o que é assédio são superficiais e abrangentes, o homem corre o risco de entrar nas estatísticas como assediador sem ao menos ter a intenção de assediar, basta que o olhar dele seja considerado violador por uma mulher. Esses números alarmantes, na maioria dos casos, tendenciosos e manipulados, reforçam o estereótipo bestial que foi criado em torno do masculino e também prejudica as relações sociais, pois o homem por ser colocado na história sempre como vilão, será temido no ato de existir. Os homens não são perversos em sua maioria, não existe um assediador para cada assediada, seguindo os critérios definidores de assédio apresentados, afirmo com tranquilidade que apenas um homem ínfero, em um dia, é capaz de assediar dezenas de mulheres, com olhares, cantadas, gestos e atitudes invasivas.
A maioria das crueldades sofridas pelo feminino são cometidas por uma minoria do masculino, pelo pequeno e chamativo grupo dos homens medíocres. As neofeministas tornaram-se ótimas em usarem os dados ao seu favor, aproveitando-se da falta de capacidade cognitiva das massas. Os informadores do neofeminismo fazem parecer que as coisas estão indo de mau a pior, ocultando os avanços e exibindo apenas os pontos negativos da sociedade. Nas redes sociais, sites, blogs, artigos e em outros meios de comunicação os casos de assédio e atitudes grotescas do masculino recebem um status de ascensão, como se estivessem em uma crescente contínua e irreversível, mesmo diante de tantos protestos, campanhas de conscientização e diálogos sobre o problema, isso dá impressão de que o homem é incapaz de rever os seus atos.
Ocorridos sem tanta gravidade em comparação com outros, como assobios, cantadas, olhares insistentes e outras atitudes da mesma natureza, estão sendo somados com ocorridos gravíssimos, para dar um corpo mais robusto, volumoso a narrativa de que o homem é um ser maligno. A conduta inconveniente do homem para com a mulher continua a existir, porém é inegável o fato de que a nova geração masculina está mais conscientizada, a postura dos homens mudou ao ponto de tornarem-se submissos, abriram mão das próprias vontades e do que acreditam para somente agradar o feminino. Há aqueles que não só desistiram da defesa aos ataques que sofrem do neofeminismo, mas também aceitaram que são aquilo que acusam-nos de ser, passando a lutar à favor das neofeministas no processo de demonificação do homem, esses são os “homens desconstruídos". Nunca houve homens tão determinados a defender as mulheres como os que se tem na época, então por que o masculino está sendo retratado como pior a cada dia que passa?

Em defesa do homem: o processo de demonificaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora