Família terapêutica

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Eu não sei nada de psicologia essa escrita é uma fração da minha vida. Cuidem das suas crianças.
Comentem o capitulo e me mandem estrelinhas se gostaram



Retração, timidez, desmotivação, regressão, silencio, mudança de hábitos, isolamento social.

Aquele poderia ser só mais um dia em que eu iria atender um novo paciente no meu consultório, quando recebemos um novo paciente precisamos que ele se sinta confortável para que ele queira retornar e tratando-se de crianças isso era muito mais difícil e importante.

Nos minutos que em que a conheci ela mostrava ser de uma educação inapropriada para uma criança, ouvia atentamente, não ousava olhar minha face raramente fraquejava no meu olhar.

Não tinha um pingo de paciência com jogos de montar,  gostava de pintura, nunca se entregava a brincadeira, nos métodos visuais ela respondia o que ela achava que era melhor e não o que enxergava, por vezes viajava na invenção do que via.

O sentar era retraído, mantinha seus olhos sempre fora de alcance, as mãos sempre cruzadas sob a barriga, parecia querer encolher-se, a voz quase inaudível, os passos esses eram rápidos, quando terminava nosso tempo, esperava que eu abrisse a porta e ao ver a mãe segurava forte no seu braço tá ali o seu porto seguro sem dúvida.

Já havia 3 meses que nos encontrávamos toda segunda-feira, mas o comportamento era o mesmo de quando a mãe a trouxe a primeira vez. — Louise é muito retraída, a verdade é que a cada dia ela fala menos, era ótima aluna mas suas notas estão péssimas, se a professora chamar no quadro ela faz xixi na roupa Rafa ela tem 9 anos, o pediatra indicou que o psicólogo pois não havia nenhum problema físico.

— Lo como cê tá hoje?

— Ótima. - Essa era a resposta de toda semana.

— Eu convidei uma amiga minha para lhe conhecer é a minha amiga Ivy.

— Eu trouxe algumas brinquedos, são chamamos eles de Família terapêutica é como se fosse a sua família tem você sua mãe, papai.

— Você é uma princesa. - Lo disse a Ivy, isso me deu um alivio enorme pois é inicio de vinculo. 

— Lolo pega uma boneca que a representava você.

Pela maneira que a sessão foi se desenvolvendo notei que seria esse o caminho a seguir

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Pela maneira que a sessão foi se desenvolvendo notei que seria esse o caminho a seguir. Ivy já havia tipo experiência não sei se infelizmente ou felizmente com crianças que passaram pelo mesmo trauma.

— Como você sabe meu nome, tia Ivy?

— A tia Rafa, ela me disse que você vem sempre aqui. Você gosta de vim aqui?

— Sim, a tia é legal me deixa fazer desenhos de cera. Mas não gostava antes.

Acompanhei as duas e a forma que Ivy ia conduzindo. 

Algumas sessões depois, logo de início a mãe pediu para falar comigo deixei Lo na sala e fomos a sala de Ivy.

— Rafa essa semana aconteceu algo que incomodou. Pedi a Lo pra ver se a Leti precisava trocar a fralda ela demorou e fui atrás quando cheguei ela estava beijando a Leti na boca, mas não era um beijo inocente me pareceu que ela estava dando um beijo adulto. Não sei eu estou muito confusa e com medo.

— Mãe  fique aqui com a Ivy que irei conversar e entender o que aconteceu, por enquanto vamos tentar manter a calma. A Lo precisa da gente, precisa que a gente leve tranquilidade para ela. Pense o seguinte, pela situação a sra está se sentindo assim confusa a mesma situação ou pior está ocorrendo com Lo.

Avisei a secretária que não nos interrompesse mesmo que passasse do horario.

— Voltei Lo, tá tudo bem?

— Cadê eu Rafa?

— Onde você está?

— Eu boneca.

— Oi Lolo cheguei, soube que você estava aqui e vim lhe visitar.

— Lolo com quem você brinca durante o dia? Pega aqui os bonequinhos de cada um que você brinca.

Separou dois daqueles um menino e uma menina e disse ser seus primos.

— De que vocês brincam? De casinha, de desenho, de fazer comida?

Pegou a a boneca foi até Rafa passou a mão no rosto dela. — Tia Rafa você é linda, parece a princesa, mas sua cabeça é enorme e feia. Não fica triste tia e não chora. Eu também sou uma princesa minha prima disse que minha florzinha fede por isso ela limpa, tem que limpar direitinho né?

Assustada olhei pra Ivy, que fez sinal para que eu relaxar.

— Lo você fica sozinha com esses seus primos? Ou com outras pessoas? O que mais vocês fazem?

— Um pouquinho, mas eu fujo eu eu sou rápida. Outro dia bem longe, o primo fez  isso. Simulou um beijo. — Mas eu não gosto, fujo.

— Foi por isso que você beijou a Leti?

— Não pode contar pra mamãe.

— A mamãe não sabia? - Balançou a cabeça em negação.

— As tias aqui e a mamãe vão ajudar você tá bom.

— Qualquer pessoa toca em você e você não gostar, ou se falar alguma coisa que você não gostar, você pode contar pra alguém que você confie.

A Lo abraçou a Ivy, e a ela relatou outras situações que não nos cabe repetir aqui. Ali eu entendi que chamar Ivy foi o mais correto pois nem sempre sozinhos podemos resolver questões, psicólogos não são máquinas, como humanos precisamos saber até que ponto conseguimos acompanhar e ouvir determinados relatos. 

Conversei com a mãe da Lo junto com Fernanda. Em pouco tempo o pai da Lo estava ali e seguiram o protocolo. 


🦒🦒🦒🦒🦒


— Foi isso Gi, estou completamente arrasada.

— O pior é que em casos de abuso sexual somente 10% são relados, Rafaella 90% das nossas crianças estão agora sendo abusadas e continuarão sendo abusadas. A política de intervenção e proteção ainda é fraca.

— A Lo está em atendimento social lá na clinica, me comprometi a atender ela por um período indefinido. Ivy também se disponibilizou e vamos deixar ver como será daqui para frente pois as consequências são enormes adultos ansiosos, depressivos, com problemas de relacionamento. Ai Gi é são muitas as consequências. - falei enquanto minha namorada me entregava uma xícara com café.

— É que precisamos estar cada dia mais atentas as pessoas que tem contato com nossas crianças e entender que esse é um problema nosso não podemos fechar os olhos.


A violência sexual infantil é um problema invisível, invisível no sentido de que muitas vezes ela não deixa marcas visíveis, sendo muito mais difícil de ser identificada.


Em 87% dos casos o abusador é do sexo masculino, mas as mulheres também são abusadoras embora ocorra com menor frequência.

Denuncie disque 100
Ao ter qualquer suspeita;
Ao ver qualquer evidência;
Se a criança achou em você um porto seguro,  seja pra ela.




Stay - Eu quero que você fiqueOnde histórias criam vida. Descubra agora