Capítulo 4

1K 121 18
                                    

Steve

A situação está claramente fugindo do controle.

E se há uma coisa que eu abomino é perder o controle.

Desde que acordei essa manhã, com aquela moça desconhecida do lado balbuciando coisas sem sentido enquanto dormia, estou me sentindo num trem desgovernado indo ladeira abaixo, para onde só existe o caos.

Um trem chamado Natasha Romanoff.

E não gosto nem um pouco disso.

Não foi assim que cheguei onde estou. No topo. Onde tudo é ordem e disciplina. Onde todos seguem minhas ordens. É assim que eu gosto que as coisas sejam.

É assim que eu mantinha o controle.

Eu sempre sei aonde vou, como vou e o que me espera quando chegar lá.

Sempre sei o resultado final.

Sempre tenho a palavra final.

Agora a moça diante de mim acaba de confundir minha mente.

Que diabos ela tinha acabado de propor? Provavelmente eu não tinha ouvido direito. Ela continua ali, me fitando com o queixo erguido. Os cabelos loiros em completo desalinho, os braços cruzados sobre o peito, batendo os pequenos pés descalços no chão.

Os olhos verdes, borrados pelo resto de maquiagem preta que escorre por seu rosto, presos nos meus em desafio.

Mas que porra?

Quando lhe propus que fingisse ser minha noiva e ela começou com aquele papo de que queria algo em troca, imaginei que fosse dinheiro.

O que mais ela poderia querer?


No entanto ela queria…

— Está dizendo que quer que eu faça sexo com você? — expresso minha dúvida da forma mais clara possível, para não haver confusão.

Porque só podia ter entendido errado.

— Exatamente. É isso ou nada.

Abro a boca para refutar e não encontro palavras.

Eu não sou um cara de perder as palavras. Fui orador da turma na formatura da escola, presidente do grêmio na faculdade e sou a droga do CEO de uma importante empresa, porra!

— Certo, acho que talvez precise pensar — ela diz por fim, diante do meu silêncio. — Vou tomar um banho, terá alguns minutos para pensar.

E ela fica olhando pra mim, até que sacudo a cabeça, aturdido, entendendo que quer que eu saia do banheiro.

— Tudo bem — balbucio de um jeito que é estranho para mim, enquanto saio e fecho a porta.

Como é que eu me meti naquela enrascada?

Para começar, nunca deveria ter mentido para minha família.

Eles me exasperavam demais. Desde que meus dois irmãos mais novos, Sean e Hope, tinham se casado, eles começaram a agir como se eu fosse uma espécie de ovelha negra. E não perdiam a oportunidade de me crivar de perguntas impertinentes sobre meus relacionamentos amorosos e quando um deles se tornaria sério e eu iria colocar um anel no dedo de alguma felizarda.

Um Noivado Inesperado Onde histórias criam vida. Descubra agora