Prólogo

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O som do salto batendo contra o chão ecoava pelo salão, as mãos nervosas ao lado do corpo, a respiração pesada e os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo. Um homem alto, musculoso, com sua barba feita e o cabelo arrumado vinha logo atrás, com seu terno preto caro e sua pose séria.

O homem mais velho estava sentada em sua cadeira, as pernas cruzadas, o olhar sério e frio como sempre acostumou a ser. A garota tremeu enquanto olhava para aquele olhar, 31 anos convivendo com ele e não se acostumou.

- O que faz aqui? – A voz grossa ecoou pelo salão e a garota parou de andar, respirando fundo, tomando coragem para contar sua ideia.

- Falta um ano para a minha coroação e eu queria te pedir uma coisa – Falou e o homem fez um sinal para ela continuar a falar - Quero encontrar minha alma gêmea – Ela concluiu a sua fala e a expressão do homem não mudou.

- Está história novamente? Eu já te falei, não vai acontecer, não vou mandar ninguém para outro país sozinho – Ele falou em tom claro e óbvio.

- Eu sei, pai, mas se eu não achar, se eu não encontrar a minha alma gêmea, eu me caso com quem você quiser, sem reclamar – Deu um passo a frente, sobre o olhar atento do pai. Faz anos que ele tentar arranjar alguém para a filha se casar, mas ela sempre faz alguma coisa para a pessoa fugir.

- Você tem dez meses para achar essa pessoa, nenhum dia a mais – Ele falou e ela fez uma comemoração disfarçada - E Juliette, Arcrebiano vai com você e não quero ouvir reclamações sobre isso, estamos entendidos?

- Sim, pai – Ela olhou para o segurança, que continuava sério, mesmo tendo vontade de dar um enorme sorriso por ter que acompanhar a morena.

Ele dispensou a mulher que apressou os passos para fora do palácio do pai, o motorista dela estava a esperando junto do carro. O palácio dela não era muito longe do homem, mas ficava mais afastado do centro do país, era um dos maiores após o principal e ela morava com a irmã mais nova.

Lidar com Thaís era fácil para a morena, mas para o pai era outra história, a mais nova tinha uma energia de adolescente, mesmo tendo vinte e seis, ela gostava de sair, de fazer festas e de voltar apenas no dia seguinte com uma ressaca das piores. Claro que para ela aquilo não era problema, mas Juliette nunca pode fazer nada disso, foi criada para ser rainha, precisava agir como uma e raramente era vista fora dos portões do seu palácio.

Enquanto Thaís era espírito livre, Juliette era comportada, centrada no seu destino, nunca tinha enchido a cara, comido coisas fora do cardápio do seu chefe, que foi escolhido pelo rei. Desde de pequena ela era criada assim, os seus costumes eram totalmente diferente da Thaís.

Ir para outro país, para longe dos olhos atentos do seu pai, era o passo que a morena precisava antes de se tornar rainha, antes de assumir tudo que já estava escrito desde que ela nasceu. Ela precisava disso antes de se prender a aquele país para sempre, como o pai dela se prendeu após a coroação.

- Eu vou com você – Assim que passou pelos portões, Thaís apareceu ao seu lado, a mais velha respirou fundo, tirando o casaco e entregando para o seu mordomo que logo se afastou das duas - Eu não vou ficar aqui sozinha.

- Não fazendo merda... Pra mim – Juliette respondeu, se direcionando para as escadas. Thaís comemorou de forma disfarçada e começou a subir atrás da irmã, já planejando muitas coisas para fazer no outro país.

(...)

Nova York

O frio da cidade era maior que o frio do país de Juliette, ela tentou conter o mesmo usando dois casacos, mas mesmo assim sentia um enorme frio. Era uma quinta-feira quando pousaram no aeroporto particular, se passava das dez da manhã e o motorista que o pai dela contratou já a esperava.

- Ah Nova York – Thaís comentou enquanto colocava o óculos escuro - Que lugar maravilhoso – Juliette apenas balançou a cabeça, saindo do jatinho, a morena colocou a touca na cabeça e caminhou na direção do carro.

- Srta. Lafayette, eu sou Caio, o seu motorista nesse tempo – Ela sorriu para o homem, apertando a mão dela. Depois ela abriu a porta para ela e para a Thaís, deixando Arcrebiano entrar no banco do passageiro.

O apartamento da família Lafayette ficava em Tribeca, no prédio Park Place, era uma cobertura, que era pouco usado, o pai de Juliette visitou o local só duas vezes durante toda sua vida e era apenas para negócios. Ele pediu para Juliette ficar naquele apartamento e não em um hotel, quer ter certeza que as duas filhas estavam seguras em outra cidade.

Após se instalar no quarto, Juliette se sentou na ponta da cama, puxando a manga do casaco para ver a marca em seu braço, é uma lua com uma coroa, ela sempre teve uma fascinação para saber quem carregava a marca como ela e estar na mesma cidade que essa pessoa já era um grande passo. Foram anos tentando fazer o pai mudar de ideia sobre não deixar ela achar a alma gêmea dela, ele sempre respondia que era uma bobagem aquilo.

Ele nunca conheceu a alma gêmea dele, ela morreu quando eram crianças, então tudo se tornou uma bobagem ao ver dele, mas a mãe de Juliette tinha a percepção totalmente diferente do homem e sempre contou as histórias, deixando a morena sonhar em encontrar quem foi destinada.

(...)

Os cabelos loiros voavam com o vento forte batendo contra eles, a brisa se jogava contra o corpo alto e magro, as pontas dos dedos quase brancas com a força que era segurada uma garrafa de tequila. A adrenalina era alta, seus ouvidos eram preenchidos pela música alta do andar debaixo.

Os olhos fechados e a enorme sensação de estar em paz, os pés na beira do parapeito enquanto a mente viajava para vários momentos, o coração está acelerado e piorou quando ela abriu os olhos, encarando a altura que está.

- Não acho que pretendes pular – Uma voz com sotaque francês invadiu os ouvidos da mulher. Ela quase se desequilibrou, mas se manteve firma e saiu de cima do parapeito, encarando a outra pessoa que estava no terraço.

Uma mulher de cabelos castanhos e um sorriso encantador se encontra na frente da loira, usava um vestido preto com uma jaqueta de couro preta, os pés da mesma eram cobertos por um all star de cano alto vermelho. O olhar da loira focou nos cabelos que estavam ondulados e soltos como ondas, os olhos da mesma estavam destacados por um delineado preto marcante.

- E quem é você? – A loira tomou mais um gole da tequila enquanto encara a morena na sua frente. A morena se aproximou mais dela.

- Juliette Lafayette – A mulher estendeu a mão - E você? Qual é o nome da pessoa que tentava verificar se conseguia voar?

- Carolline – Ela apertou a mão da morena, que sorriu mais para ela - E por que achou que eu estava querendo pular? Não tenho tendências suicidas.

- Não me pareceu, pelo que eu sei, únicos seres humanoides que voam são anjos – Juliette se encostou no parapeito, encarando a vista da cidade, uma vista fantástica do Central Park. Carolline olhou para o rosto da morena, seu olhar passou por todo o corpo da mesma e depois parou ao lado dela, vendo a vista que Juliette estava apreciando naquele momento.

- Mas me fala, princesa francesa, o que faz nesse terraço?

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⏰ Última atualização: Jun 27, 2021 ⏰

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Almas Gêmeas? - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora