Chegamos no centro e a Molly achou uma vaga para estacionar o carro.
- Vamos fazer o seguinte, começamos por aquela loja, depois vamos ir para aquela, e depois todas elas. - disse a Molly apontando.
- Ok, então. - digo sorrindo.
- Vamos lanchar em um intervalo entre aquelas duas lojas, ok?
- Ok.
Entramos em cinco lojas. Em cada loja, a Molly comprou quase tudo. Ela queria um sapato, e a vendedora mostrava um muito mais caro, aí ela comprava os dois, pois não sabia qual levar. Molly comprou vestidos, roupas, sapatos, bolsas, cintos e outras acessórios.
- Molly, estou morrendo de fome. Podemos ir logo para a lanchonete? - pergunto segurando as sacolas.
- Vamos nessa antes! Vamos escolher o seu vestido! - disse ela.
Hesitei por segundo, mas concordei.
Molly foi falar com a vendedora, e eu fui dá uma olhadinha nos vestidos. Não tinha nenhum agradável. A maioria era colado, cintilante e curtos. Vesti mais de dez vestidos, um atrás do outro. Não aguentava mais.
- Ela gosta de um simples, nada chamativo. - disse a Molly para a vendedora.
- Entendo. Temos esse aqui... - disse a vendedora.
Tirei o vestido e coloquei a minha roupa.
- Molly, vou comprar algo para comer, você quer alguma coisa?
- Não, não. Pode ir. Já estou indo.
Sai da loja e fui direto para a biblioteca. Estava com fome, mas a curiosidade era maior.
Procurei sobre visões, sobre o sobrenatural. Mas não tinha nada. Apenas histórias criadas por outras pessoas.
- Com licença. - disse um senhor à minha esquerda. - Quer alguma ajuda?
Pela sua aparência, ele trabalha aqui à bastante tempo.
- Hã... Claro. Eu adoraria.
Tirando o fato que eu estou completamente perdida.
- Mas o que uma garota linda como você está procurando por aqui?
Ele analisou os livros que eu estava olhando à alguns minutos.
- Sobrenatural? - perguntou ele surpreso.
- É para um trabalho escolar. - digo forçando um sorriso.
- Mas o que está realmente procurando? Histórias ou a verdade? - ele me encara e sorri, como se já soubesse de tudo.
- A verdade é sempre bom, não é? - digo sem graça.
Ele sorriu.
- Você não vai encontrar nada nessa prateleira. Venha comigo.
Ele foi em direção à Ala Sul da biblioteca. Seu charme me chamou à atenção. Ele era engraçado de alguma forma. Parecia aqueles velhinhos de filmes. Ele usava uma blusa quadriculada vermelha, com uma calça jeans e suspensório.
Parei de reparar nele e olhei ao meu redor. Aqui era diferente. As prateleiras eram maiores e mais empoeiradas. Os livros antigos eram grandes e escuros.
- Quase não vem muitas pessoas aqui. - disse ele na minha frente. - Porque muitas pessoas não sabem de nada, muito menos da verdade.
Ele pisca pra mim e pega um livro na sua frente.
- Aqui está. - disse ele me entregando o livro. - Se precisar, é só me chamar. Meu nome é Bobby.
- Tudo bem. Obrigado. - digo sorrindo.
O livro em minhas mãos era pesado e enorme. Sua capa era de couro avermelhado e suas páginas eram douradas. Em sua capa, continha um título, mas era quase impossível de ler. Passei a mão para tirar a poeira, e acabei espirrando. Com uma tinta preta e detalhes dourados estava escrito em latim. Já tive algumas aulas de latim no início do Ensino Médio, mas eu não me lembrava de muita coisa.
- Livro dos Magos. - sussurrei.
Mas como ele sabia? Talvez eu não fosse a única. Talvez o Bobby fizesse parte disso, como eu.
Abri o livro devagar. Suas letras eram bem delicadas, como escrita à mão. Li algumas páginas, mas o sono veio à tona. Acho que esse negócio de "nova habilidade" exige muito da mente. Acabo dormindo em cima do livro.
Não demorou muito para uma outra visão. Dessa vez aconteceu mais rápido do que o normal, não consegui ver muitas coisas. Consegui decifrar algumas sombras, tenho certeza que eram magos, com túnicas de várias cores. Mas tinha algo estranho, todos estavam parados olhando para a mesma direção. Para apenas um mago. Ele estava de cabeça baixa e de túnica escura. Ele levantou a cabeça devagar, sorrindo. Ele olhou diretamente para mim, seus olhos eram vermelhos, e seus dentes, brancos como a neve. Mas por incrível que pareça, suas feições eram familiar. Ele sorriu com mais intensidade e sussurrou. " Claire"
Acordei babando em cima do livro.
- Você está bem? Sei que esses livros antigos são bem tediosos. - disse o velhinho sorrindo.
- Ah, me desculpe. Ando muito cansada. - levantei e fechei o livro.
- Gostou da leitura?
- Sim. Achei tudo o que eu estava procurando. Muito obrigada, Bobby.
Ele acenou com a cabeça e sorriu.
- Voltei sempre, querida.
Me afastei e me despedi com um aceno, saindo da biblioteca. Que horas deveriam ser? Será que a Molly já foi embora?
Meu estômago roncou ferozmente. Fui a uma pequena barraca que vendia salada de frutas e sorvetes.
- Uma água, por favor. - digo entregando o dinheiro ao vendedor.
Fiquei enjoada de repente.
Sentei no banco diante da loja que a Molly estava.
Sim, ela ainda estava lá.
Peguei o meu celular e vi à hora. Não passou nenhum minuto, desde quando entrei na biblioteca. Será que isso aconteceu mesmo?
Apesar de tudo, estava pensando no Josh, uma coisa que acontece com freqüência. Preciso encontrá-lo, mas aonde? Olho no reflexo do vidro da loja e vejo o Matt. Viro, na espectativa de vê-lo, mas ele não estava mais ali. Talvez eu esteja delirando.
Senti um cala frio.
- Oi, Claire. - Matt sentou ao meu lado.
- Matt. O que está fazendo aqui? - pergunto, soando um pouco grossa.
- Nossa. Aqui é um shopping, sabia? Bom, é um shopping. - disse ele olhando ao redor.
Me levanto, tentando sair de perto dele. Não estava de bom humor hoje.
- Bom, a Molly está lá dentro. Se você quiser...
Não consegui terminar a frase, porque o Matt segurou meu rosto e me beijou.
Fiquei mais do que surpresa, se é possível. O empurrei com toda a minha força.
- O que você pensa que está fazendo? - pergunto gritando com os olhos cheios de lágrimas.
- Me desculpe, Claire. - disse ele. - Eu pensei... Eu não sabia...
- Meu deus. - coloco a mão na cabeça.
- É sério, me desculpe. Eu quero que você veja de como eu me arrependo dos meus atos, quero que você veja como eu me sinto mal. Eu sei da sua habilidade, Claire.
Fiquei encarando ele por um longo tempo. Como ele sabia? Meu deus! O Matt me beijou! Respirei fundo.
- Como você sabe? - pergunto indignada.
- Seu irmão... Ele me contou.
- Você conhece o Josh?
- Sim. Falei com ele na semana passada.
- Onde ele está?
Fico surpresa à cada vez que ele abre a boca
A Molly já estava saindo da loja.
- Sinto muito por tudo , Claire. - disse ele. - Espero poder conversar com você novamente. Tchau.
- Matt! Espera! - virei a esquina atrás dele.
E ele tinha sumido.
- Claire! Quer comer algo? - disse a Molly atrás de mim.
Eu realmente não sabia o que eu estava sentindo. Meus olhos estavam cheios de lágrimas, de raiva.
- Você está bem?
- Só estou um pouco enjoada, podemos ir?
- Ah, claro. Já comprei tudo o que eu queria.
Molly foi me contando tudo o que ela comprou.
Fomos para o estacionamento e entramos no carro dela.
- Ah, você vai lá para casa, né? Para eu poder te arrumar. Quero que fique perfeita! - disse a Molly me cutucando.
- Pode ser. Não sei se ainda vou no baile, Molly.
- Por que? O Peter não te convidou, não é?
- Também. - digo sorrindo. - Mas tem algo mais importante para mim. Meu aniversário, se lembra?
Molly freiou o carro.
- Meu deus! Como fui esquecer! Meu deus!
Molly ficou desesperada.
- Relaxa Molly. - digo sorrindo.
- Relaxar ? Eu esqueci o seu aniversário! Nunca vou me perdoar.
- Pelo menos eu te lembrei agora. - dei um sorriso forçado para ela.
Só de olhar para a Molly eu lembrava do beijo do Matt. Me senti mal no mesmo instante. Eu precisava falar para ela. Não vou me sentir bem enquanto ela estiver com ele.
- Ah! É o Matt! - Molly atendeu o telefone. - Oi amor.
Meu deus, isso me deixou mais enjoada.
- Vai passar lá em casa mais tarde? Ah, ótimo!
Molly desligou o telefone e se virou para mim.
- Você vai dormir lá em casa hoje né?
- Ah... Acho que não vai dar, Molly. - digo. - Prometi a Mia que iria desenhar com ela hoje.
- Logo hoje? Pensei que seria o nosso dia.
- Desculpa, amiga. Mas vamos passar o dia todo juntas, no meu aniversário.
- Ainda falta uma semana! - ela questionou.
- Vai passar rapidinho. - digo sorrindo.
- Dezoito, não é?
- Sim.
- Precisamos fazer uma enorme festa!
- Não ligo para isso Molly!
- Mas precisamos!
- Bom, vamos pensar que o baile vai ser a minha festa, o que acha?
- Pode ser.
- Ótimo, então. Pode me levar na casa do Peter?
- Posso.
Meus pensamentos estavam à mil. Josh, magos, Bobby, Matt, Peter, visões, sobrenatural, profecia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Escolhida
FantasyEstava escuro e frio. Olhei no relógio e eram três da manhã. Uma pequena melodia estava tocando baixinho. Levantei da minha cama e abri a porta devagar. Uma luz muito forte lá de baixo chamou a minha atenção . Fiquei curiosa e desci as escadas. Paro...