Capítulo 8.

1.5K 121 28
                                    

Acordar bem depois de um dia como ontem, era uma missão difícil, mas que felizmente aconteceu. Nunca me senti tão viva na minha vida inteira, apesar do transtorno no bar, minha bela matéria concluída, a conversa com Vitor e a discussão com o babaca de Oliver, isso me fazia acreditar que eu era mais resiliente do que imaginava.

Como de costume, fiz todas as higienes matinais e vesti a minha roupa de velha - como diz meu irmão -, um sobretudo preto, camiseta de gola alta e um jeans, peças que sempre me agradaram. Sai do quarto e estava um silêncio absurdo, Hermione ainda dormia, o que era estranho, ela sempre levantou primeiro para fazer o café. Organizei as minhas tralhas na bolsa e procurei qualquer bobagem que enchesse a minha barriga, um cereal era até que agradável, para quem não comeu nada na noite passada e nem terminou de eliminar o álcool direito.

Enquanto comia, algo me tirava a paciência, eu balançava a minha perna incontrolavelmente, e o que mais me irritava, era não saber o que era. Olhei de um lado para o outro impaciente, a casa estava arrumada, as minhas coisas, o dia estava lindo e eu tinha uma matéria publicada nos 45 do segundo tempo, o que era ótimo. Mas, meu olhar bateu nas caixas no chão da sala, as coisas de Artur me deixavam ansiosas, nem terminei de mastigar o café da manhã e saltei feito uma desesperado da cadeira, o que consequentemente me fez cair e eu fui me arrastando até as caixas.

Joguei algumas tralhas inúteis no chão, sabonete, um cobertor empoeirado, o ursinho fofo... no fundo, bem lá no fundo das caixas, quase perdido em meio a bagunça, encontrei um papel, ele estava amassado, dobrado em mil partes, e ao desdobrá-lo a bela caligrafia - mas quase que ilegível - foi revelada.

"Eu fui porque precisava, não por querer. Não é justo você não ter todas as explicações que precisa, mas saiba que se me conheceu foi porque todos me deixaram, até mesmo o amor. Você não merece sofrer a vida pobre de luxo que eu tenho, vai viver e desfrutar das pessoas, você vai ficar bem, eu prometo".

Ele sabia que eu ia encontrar essas caixas, acho que ele deve ter pedido isso.

Droga, Artur Evans! Tem mais coisas que eu não sei?

Coloquei o bilhete no bolso do casaco, mexi um pouco mais, era uma caixa cheia de surpresas, igual a Artur.

Encontrei um porta-retrato, estava quebrado e a foto quase que irreconhecível, eu só conseguia ver uma família, era a família do Artur, escrito em alto relevo na parte inferior "Família Evans, 1999", se não me engano, era a mesma fotografia que estava no escritório do Sr. Evans na primeira vez que entrei lá, o que não tinha coerência alguma ele guardar uma foto com Artur, já que ele o odiava, mas Artur poderia ter um... um irmão!

Meu Deus, Artur. Por que você não está aqui para explicar tudo? Eu preciso de você, eu preciso de respostas, você como sempre sendo covardemente egoista. Mais uma vez a foto me deixando receosa, uma família feliz, mas um garoto de olhar triste e marcante, você parecia ter amor, Artur. Por que o amor te deixou? Quando ele se foi?

— O que está fazendo aí? — a voz feminina perguntou e tocou meu ombro, e eu mais uma vez saltava e caia no chão.

— Porra, Hermi! Que susto. — berrei, levando a mão até o peito e sentindo os batimentos acelerados.

— Se se assustou assim, é porque estava fazendo coisa errada. — ela riu. — Qual é dessas caixas? Ei! Não responde, acho que tive um déjà vu!

Ás vezes ela me supera nas doidices. Sentei no chão com o porta-retrato em mais e esperei ela falar, enquanto eu recuperava o fôlego que a mesma me tirou.

— Eu disse a mesma coisa quando você chegou com aquelas caixas da casa do Oliver, você lembra? Então se você se assustou e estava mexendo nisso, é um grande problema. — ao terminar de falar, ela foi até a cozinha e eu a acompanhei.

Meu Inesquecível Vizinho Onde histórias criam vida. Descubra agora