Capítulo 16

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Capítulo 16

Eduardo Toledo

Cheguei ao meu apartamento lendo as mensagens da minha secretária, alertando sobre os compromissos da manhã. Fui me trocar e Noêmia me esperava com o café na mesa.

— Dormiu onde, posso saber? — ela perguntou curiosa, se sentando comigo. A olhei, lidando com essa presunção no olhar — Fred disse que está saindo com aquela moça...

— Jordana — completei e ela assentiu.

— Parece uma boa garota... Eu gostei dela, se você quer saber.

— Não coloque expectativas demais — eu alertei.

— Já está na hora de você se deixar levar, não acha? — ela perguntou, me servindo o café preto — de conhecer uma mulher bacana, se apaixonar de novo... Ainda mais agora, que finalmente terminou aquela coisa esquisita com Dona Luísa.

— Dona — resmunguei quase involuntariamente.

— Fred acha que você gosta dela... Da Jordana — Noêmia comentou e eu suspirei impaciente — não quer avançar, tentar de novo?

— Não — fui categórico e a olhei inquieto — não quero outro relacionamento amoroso, tenho outras prioridades agora.

— Você deveria parar de ser tão carrasco... Desde que... — ela parou de falar com meu olhar fulminante a impedindo de continuar — que eu não vejo você assim, interessado em alguém.

Como a conhecia e sabia que ela não iria parar, bebi dois goles do café e me levantei, mas antes de sair, voltei dois passos e falei:

— Eu e Jordana estamos transando, apenas isso. Não vai acontecer nada além — falei irritado e Noêmia cresceu os olhos, assustada pela minha falta de pudor na explicação. Não prolonguei a conversa e saí logo dali.

Naquele dia, tudo pareceu querer dar errado. Primeiro um cliente desfazendo contrato por causa do show de Luísa. Era contratante dos serviços de divulgação dela, que deve ter feito alguma chantagem emocional. A explicação fajuta era que não compactuava com o que eu fiz com minha ex. Deixei estar, essa louca não iria me ferrar por causa do seu ego ferido.

O dia seguiu e tudo parecia inflamado, prestes a explodir. No sentido mais literal da palavra. Quis demitir um dos meus engenheiros iniciantes. Por um erro corriqueiro e corrigível, mas queria descontar em alguém a minha sensação de impotência. Não fiz, de qualquer maneira, Fred não deixou.

— Quer conversar? — ele perguntou, mas o encarei irritado e neguei com a cabeça. Saí dali e voltei para meu escritório.

Já à noite, avisei à Jordana que iria buscá-la, disse que poderíamos jantar em um lugar legal, mas ela enviou uma mensagem negando.

"Não vai dar por quê?" — respondi de volta.

"Vou sair com um amigo." — fiz uma pausa na respiração ao ler.

"?" — enviei apenas isso. Ela ficou online e enviou uma foto em frente ao espelho. Usava um vestido prateado de alças finas, curto e com uma fenda que subia demais até a coxa.

Não haveria explicação que me inocentasse, mas eu me corroía em pensar nela por aí sozinha com essa roupa excitante. Ela era bonita, diria que a mulher mais bonita com quem eu já estive, era óbvio que chamava atenção de qualquer homem com olhos. A nuca formigou com a impotência que me dominava nesse momento.

"Já estou indo. Beijo, Edu" — ela enviou e ficou off-line. Cheguei a responder, perguntar para onde, mas ela sequer recebeu a mensagem. Praguejei e soltei o celular com força sobre a mesa de centro. Puxei os primeiros botões da camisa social, os abrindo, como se isso me fizesse respirar melhor. Levantei e fui me servir com uma dose de uísque, como se beber fosse me acalmar.

Doce Tentação - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora