É, Mãe, Parece Que Eu Não Sou Todo Mundo

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Olha, eu não sei se eu estou realmente preparado para a próxima aula. Não que eu não seja um grande fã de educação física, eu até curto bastante, mas como se já não bastasse ter que dividir a turma com o Piper, agora que essa aula é feita juntando a minha turma com a de Shel, e tudo que eu mais quero é sair correndo.

Entretanto, sinto a mão de Will entrelaçar na minha e sinto um grande conforto ao encontrar o seu sorriso bonito.

Então, seguimos pela escada, em silêncio, apenas curtindo o fato de estarmos ali, juntos. E, é nesse momento que a garota em nossa frente se abaixa com muita velocidade, e eu não sabia dizer se ela havia caído ou não. Mas ao olharmos com cuidado, deu para perceber que ela não estava nada bem.

— Rachel, você está bem? O que houve? — Will pergunta ao se aproximar.

— Não é nada... — Ela diz tentando se levantar, mas acaba caindo novamente. — É só cólica.

— E você está indo para educação física assim? — Ele pergunta preocupado, e ela concorda. — Por quê?

— O professor não aceita o atestado da enfermaria quando é cólica. E a enfermeira não muda o atestado, eu já tentei. — Ela explica suspirando.

— Não aceita, é uma ova. A gente vai te levar pra enfermaria, e quanto ao professor, você não se preocupa que eu resolvo com ele. — O loiro dita confiante, mas ela segue sem conseguir levantar direito.

Respiro fundo e tomo coragem para chegar mais perto dos dois. — A gente te ajuda. Eu posso carregar sua mochila e o Will te leva. — Digo com calma, um pouco trêmulo e com medo de assustar a menina.

Vejo os olhos do maior brilhar e, sinceramente, fazia muito tempo que alguém não me olhava com esse tipo de olhar, orgulhoso. Chega até a dar uns coiso aqui no coração, umas tremedeira, umas vontades de chorar. Mas eu me seguro e me concentro, porque Will está vendo com Rachel se ela se importa em ser carregada.

Na situação dela, sei que não vai negar a ajuda do Will, mas não ficaria surpreso se negasse a minha — até porque já estou acostumado —. Mas para a minha surpresa, ela aceitou a ajuda, e logo eu estava colocando sua mochila em minhas costas.

Caminhamos em silêncio até a enfermaria, Will desceu Rachel quando chegamos, e eu a ajudei a andar até a maca, a apoiando em meu ombro, enquanto o loiro explicava a situação à enfermeira. — Consegue subir? — Pergunto, com medo de piorar a situação.

— Consigo... — Ela diz, soltando meu ombro, subindo na maca e deitando enfim. Eu acompanho esse processo de perto, caso ela caia. — Nico, certo? — Eu concordo. — Muito obrigada.

E eu apenas sorrio um pouco. Will me chama e seguimos novamente até a aula.

— O que vai fazer para o professor aceitar?

— Pelo que eu sei sobre esse cara: ele é insuportável com as meninas. Então, por mais triste que seja isso, é só chegar um dos garotos, que ele considera bastante, falando o que elas falam, que ele escuta. — Ele explica, e eu apenas concordo com um som monossilábico. — Fazer o quê? Se eu tenho voz, eu vou usar ela pra ajudar quem não tem.

— Vocês estão atrasados. — Escutamos o professor dizer.

— Bom dia, professor Ford. Desculpe o atraso, nós estávamos ajudando a Rachel a ir até a enfermaria. — Ele explica e entrega o papel dado pela mulher.

— O que ela tem? — Ele pergunta sem nem olhar para o que lhe foi entregue.

— Fortes cólicas, professor.

— Isso é ridículo. Se ela tem cólica é só se exercitar que o corpo esquenta e ela melhora. — Ele diz devolvendo o papel ao maior.

— Professor, por favor. Encontramos ela quase desmaiada na escada, por isso a levamos. Eu tive que carregá-la nas costas, ela não se aguentava em pé.

Bad Influence ✧ SolangeloOnde histórias criam vida. Descubra agora