Capítulo 6 - Jafari

25 3 11
                                    

Era dia 27 de fevereiro, 9 horas da manhã, e cá estou eu, usando parte de peitoral de uma armadura para fazer a guarda da floresta junto de Ablon e Thomas. Nunca entendo porque temos que fazer guarda junto de Ablon, o cara é um tanque de guerra humano praticamente!

Mas okay, não posso fugir disso, então lá vamos nós, é bom que já planejo mais ou menos o dia de amanhã...

Entramos na floresta ao redor do acampamento e cada um foi para um canto, eu fiquei na área perto da praia. Carregava minha espada na bainha presa a cintura e uma mochila média com ambrosia, néctar, comida, água e um kit médico básico.

Jafari: fazer essa ronda vai ser um tédio...

Subi em uma árvore alta que me dava uma boa visão de quase toda a área em que estava. Peguei minha espada e comecei a afiar ela enquanto cantava baixo algumas músicas aleatórias que eu me recordava. O dia provavelmente seria assim, parado.

Após umas três horas ali parado, ouvi um baixo barulho nas folhas bem abaixo de mim e logo vi minha lindíssima deusa saindo de uns arbustos e me coloquei em completo silêncio. Ela tinha alguns galhos presos no cabelo, mas parecia não se importar e... SANGUE DE APOLO, ELA ESTÁ COM ASAS APARECENDO!! Se algum campista aparecer aqui e ver ela assim, será uma enorme confusão!! E ainda está sangrando, ela deve ter expandido as asas a pouco tempo... Minha deusa é louca, ela pode pegar uma infecção por deixar desse jeito, sem limpar esse sangue todo!

Ela apenas se sentou num canto e colocou a capa sobre as asas. Quando fui descer da árvore para ajudar ela ou força-la aceitar minha ajuda, notei que carregava uma sacola e dela tirou um pequeno bolo que daria para uma ou, no máximo, duas pessoas. Por que ela trouxe um bolo para floresta?

Kaayra: *cantando meio baixo* parabéns para mim, nessa data inútil, não preciso comemorar, mas é até que legal. Tô fazendo 16 anos de alguns milhares, e tô aqui sozinha, porque com mais pessoas, é desnecessário!

Quase caí da árvore ouvindo ela cantar. Voz doce como a de um anjo, poderia passar dias ouvindo aquela voz e nunca enjoaria. Mas confesso que achei meio triste a letra... Eu sei que ela pode viver eternamente, mas não tinha que ser algo triste isso...

Desci da árvore com cuidado e, no primeiro mínimo barulho que fiz, Kay levantou e apontou a espada para a árvore em que estava. Assim que terminei de descer, ela abaixou a arma branca. Notei que a capa dela escondia completamente as asas e fazia parecer que não havia nada em suas costas.

Kaayra: *sorrio* ah, é você... Olá *fico em frente ao bolo para escondê-lo*
Jafari: *meio sem jeito* desculpe se te assustei, não esperava encontrar alguém aqui na floresta agora, ainda mais no sábado...
Kaayra: bom... É dia 27, meu dia de sumiço
Jafari: você não gosta do seu aniversário e fingi que não é hoje, não é?

Ela me olhou surpresa e meio na defensiva. Droga, eu preciso me controlar mais! Mas a culpa não é minha que esses olhos dourados (ou verdes, não tenho certeza mais) são tão encantadores e me deixam tão abobalhado.

Kaayra: *solto um riso envergonhado* você me ouviu cantar, não foi?
Jafari: sim... E sua voz é linda, sabia?
Kaayra: *sorrio sem jeito* obrigado

Ela puxou a capa para ficar escondendo mais as asas e se sentou ao lado do bolo, olhando o mesmo. Ela com certeza ama muito azul, até esse bolo é dessa mesma cor!

Kaayra: quer metade dele? Dá para dois comer
Jafari: ah, pode ser, obrigado

Sentei de frente para ela, de seu cinto retirou uma faca e cortou o bolo em quatro, duas fatias para cada. Eu peguei uma e ela fez o mesmo e começamos a comer em silêncio. Bom... Se ela ficar o dia todo... Acho que a guarda da floresta não será tão tediosa...

As Sete Pecadoras e o Deus do MarOnde histórias criam vida. Descubra agora