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Mounbridge House, Londres

 Boatos alcançaram meus sensíveis e atentos ouvidos esta manhã, e de acordo com alguns deles, alguns cavalheiros estão buscando noivas desesperadamente nesta temporada, e ouso dizer que é por pura pressão de suas mães. Essas mais conhecidas como feras indomáveis e sem controle.
 Não posso mais afirmar quem deve tomar cuidado com a caçada, pois as damas estão à procura de maridos, e muitos dos cavalheiros estão facilitando as coisas. Na humilde opinião desta autora, eu diria que estão se oferecendo em uma valiosa bandeja de prata.

Crônicas da Sociedade Britânica
13 de abril de 1811

— Bom, tenho que admitir: nenhuma mentira foi citada — comentou Diana, baixando o jornal que havia erguido para ler, e o depositando em seu colo, encarando as quatro filhas que estavam presentes na sala.

— Pobres rapazes — ironizou Olívia, o que arrancou risos de sua gêmea, Charlotte.

— Sábios rapazes é o mais correto, Liv. Se eles estão à procura de uma esposa, isto significa que as damas têm mais chances de conseguirem casamentos este ano, até mesmo Catarina — observou a condessa, fazendo as duas menores revirarem os olhos.

— Mamãe, são todos libertinos. Não quero que Catarina case-se com um deles e o traga para nossa família — resmungou Charlotte. Olívia balançou a cabeça em concordância, e Amélia, Diana e Catarina piscaram atordoadas, até que a condessa se empertigou.

— Charlotte Mounbridge, que palavreado feio é este? A senhorita só tem 12 anos. Não deveria nem ousar pronunciar a palavra libertino. Ou melhor, nem deveria conhecê-la. Quem está lhe ensinando a falar assim? — ralhou a condessa, arrancando um rolar de olhos de Lotte, e fazendo Amélia e Catarina rirem baixo.

— Ora, mamãe, a senhora bem sabe quem nos ensina a dizer estas coisas. E eu sei que tenho 12 anos, mas não sou nenhuma tola — retrucou Charlotte, focando sua atenção em um de seus bordados bonitos, e arrancando um olhar raivoso da condessa.

— Harry e Benjamin ouvirão por horas o que tenho a lhes dizer sobre falar coisas erradas em suas presenças — prometeu a matrona, com seu maxilar trincado e suas unhas perfurando o estofado da poltrona. Charlotte somente deu de ombros, e sequer retirou o olhar de seu bordado para encarar a fúria da mãe.

— Esta semana Benjamin disse uma palavra muito interessante em minha presença. Querem ouvir? — questionou Olívia, visivelmente empolgada, atraindo o olhar curioso e divertido das irmãs, e fazendo a condessa murchar em seu assento, levando seus dedos às têmporas, massageando as mesmas. Como não disse nada, sua filha continuou: — Bordel. É interessante, não é? Mamãe, o que é um bordel? — finalizou e Diana piscou atordoada, depois ergueu seu lenço e se abanou rapidamente, tomando bastante fôlego.

— Anotem o que digo. Eu vou matar Benjamin — afirmou a condessa com veemência, voltando a massagear suas têmporas, e arrancando gargalhadas de Catarina e Amélia.

— Mamãe, a senhora não me respondeu ainda. O que é um bordel? — enfatizou Olívia, fazendo a condessa proferir um muxoxo e ruborizar violentamente.

— É um lugar... Bom, você deve manter bastante distância dele. Nós, ladies, não devemos frequentá-lo nunca, você ouviu bem? E isto serve para você também, Charlotte — respondeu Diana, fazendo as mais novas franzirem seus cenhos. Amélia e Catarina ergueram seus livros de uma maneira que escondiam seus rostos atrás deles, e as permitia rir baixinho do constrangimento de sua mãe.

— Mas por que não devemos ir lá? — perguntou Olívia, e a condessa lhe encarou com um olhar duro, mas aquilo nunca iria fazer a mais nova parar de questionar, pois ela sempre tinha uma necessidade de sanar todas as suas diversas dúvidas.

O Lorde Mountobbani - Mounbridge 01Onde histórias criam vida. Descubra agora