"Você já tentou correr de um furacão? É impossível. É ainda mais difícil quando a vida é uma puta mal comida que te odeia. Eda Yildiz entrou na minha vida como um vento, mas o que eu não esperava é que ela cresceria para se tornar um furação de esca...
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Eda Bolat Dias atuais...
A noite passada não foi fácil... Serkan teve pesadelos a noite inteira. Lutava com o sono, acordava assustado, chorando... Foi difícil.
Ele me contou sobre sua conversa com Kaan e babanne, sobre as revelações sobre seu pai, os Ruzgari e a relação deles com a morte do seu irmão. O que mais me doeu foi ouvi-lo contar sobre o acidente, que era o que ele estava revivendo em seus sonhos repetidamente.
Serkan era só uma criança de 6 anos de idade e foi deixado completamente sozinho no hospital por quase 2 meses... Meu coração aperta e meu olhos se enchem de lágrimas por imaginar a cena de um garotinho machucado, perdido, cheio de dores físicas e emocionais que perdeu toda a sua família.
Os ferimentos físicos da minha sogra não foram tão extensos, mas o dano psicológico de perder um filho e ver o outro em coma lhe tirou todas as esperanças. Ela atentou contra a sua própria vida e seu pai a internou em um centro de recuperação para estabilizá-la. Alptekin fugiu, abandonando a família sem deixar nenhum tipo de explicação... Então quando Serkan acordou, ele estava completamente só.
Eu sei o que é ter 6 anos, acordar querendo sua mãe e não poder abraçá-la...
Eu tive muito apoio, muitas pessoas que me amavam e que sofriam comigo e por mim. Nunca me faltou um abraço para me confortar quando a saudade transbordava pelos meus olhos. Só consigo imaginar a dor dilacerante que deve ser, uma criança que não tem autonomia nenhuma sobre si mesmo, não ter alguém de quem depender, com quem contar ou alguém nos braços de quem chorar...
Foi um momento choradeira em família. Eu, ele e Sirius, porque o pobre não queria ficar de fora e por incrível que pareça, o Serkan só conseguiu dormir tranquilamente depois que nós desistimos de negar e deixamos o nosso filhotinho subir na cama e se aconchegar entre nós.
Acordar, acordei, mas não recomendo!
Minha cabeça doí tanto que parece que vai explodir! Imagino como deve estar a cabeça meu marido, a noite foi ainda pior para ele. O mundo adulto que nos perdoe, mas é impossível manter compromissos de trabalho esta manhã. Aproveitamos para descansar e passar um tempo juntos. Só assim para aguentar a vida lá fora que insiste em acordar os monstros do passado. Deixamos o trabalho para a tarde.
Após o trabalho, combinamos de encontrar toda a galera no Çiçekçi, o restaurante da Melo e do Sinan. Todo mundo está morrendo de rir do Serkan contando a versão dele do "barraco na ilha de Creta".
Meu marido é uma fofoqueirazinha de quinta, que aumenta e inventa! Falando que eu quase dei na cara da mulher, sendo que eu estava super contida.
— Sua cara nem treme né, Serkan? — Digo, indignada ao meu marido e depois me dirijo aos nossos amigos. — Quem me conhece sabe que eu jamais perderia a classe dessa forma. — Todos explodem em crise de risos altos que podem ser ouvidos por todo o restaurante.
