Capítulo único

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• A cereja do bolo •

Uma vida repleta de surpresas, sejam elas boas ou ruins. Dias tranquilos, sejam eles quentes ou frios. Sonhos animados, sejam eles curtos ou longos. Assim era como Shisui imaginava sua vida, pelo menos até algumas horas atrás.

Em uma mesa qualquer ao canto de uma sala, cartas que antes faziam o Uchiha lacrimejar de alegria, agora o traziam dor. Ao seu lado, o homem que fazia seus dias serem os mais felizes estava chorando.

Uma família inteira encarando os rostos chorosos de dois garotos, dois garotos que apenas queriam ser livres.

Sabiam o que estavam fazendo, e sabiam das consequências de seus atos, mas mesmo assim, não deram o braço a torcer, continuando o tempo todo de mãos dadas.

Fugaku e Mikoto demonstravam suas decepções apenas com os olhares lançados para os garotos e para as cartas logo acima da mesa.

Shisui e Itachi foram descobertos, e dessa vez não haviam desculpas plausíveis para que pudessem se livrar da situação. As cartas nitidamente escritas com suas letras marcavam os nomes de maneira totalmente visível.

Coisas como; A noite estava ótima, um pouco mais fresco que os outros dias. Tudo que faltou foi você aqui comigo, Itachi. De seu amor, Shisui. Pareciam ter sido escritas o mais delicadamente possível.

— Eu confiei em você, Shisui. Confiei meu filho a você, aos seus cuidados. E olha o que você fez com meu menino! — As lágrimas nos olhos de Mikoto parecia já estar ardendo. E enquanto a mesma resmungava, Fugaku estava quieto, pensativo talvez, mas quieto.

— Mãe! Não foi apenas ele, eu também fiz isso! Já te disse, me entreguei por vontade própria. — Itachi não conseguia engolir o choro, e Shisui queria apenas poder o abraçar, dizer baixinho em seu ouvido que logo mais tudo ficaria bem. Mas isso poderia até mesmo acabar piorando a situação.

— Não o ouça, dona Mikoto. Foi ape-

— Por favor, calem a boca. Shisui, você me prometeu, me prometeu que entre vocês seria apenas amizade. E olha as coisas que você escreveu para ele, olha o que você o fez escrever. Quero te pedir, saía. E se puder, nunca mais volte. — O silêncio tomou conta do local, e Shisui fechou os olhos. Ele não sairia. Não deixaria Itachi para trás.

— Não, se quiser que eu saía, me deixe levar Itachi comigo. Permita que sejamos livres! Só te peço isso senhor! — O garoto que nunca antes demonstrou ser alguém de coração frágil, estava prestes a chorar.

E depois disso, nada mais foi dito.

Fugaku correu para fora do cômodo, com os pés firmes contra o chão. Mikoto o seguiu, e logo depois os dois garotos. Já na rua, o mais velho colocou sua indignação e raiva para fora, com gritos impossíveis de não serem ouvidos por vizinhos.

Shisui aproveitou que os pais de Itachi não estavam olhando, e abraçou seu amado rapidamente, com um breve selar em seu pescoço, na tentativa de confortá-lo, proferiu da maneira mais suave e gentil que pôde.

— Eu te amo. E não importa o quê, ficaremos juntos até o fim. Lembra? Enquanto tiver lenha, o fogo nunca se apaga. — O soltou logo em seguida, voltando seu olhar para Fugaku.

— Pai!? O que é isso? Mãe, me explica o que está acontecendo? — Sasuke se aproximou, o mesmo estava pálido, tentando entender o motivo que levava seu pai a estar gritando igual doido no meio da rua.

Nada, Sasu. Volte para casa. — Estava óbvio que Itachi não queria demonstrar fraqueza logo na frente de seu irmão, por isso tentou secar as lágrimas e se acalmar. Mas era nítido que não era simplesmente um nada.

O fogo dos Uchihas - ShiitaOnde histórias criam vida. Descubra agora