Me sentei na quadra, voltando à torturante rotina de assistir Lucy e Seth jogarem vôlei sem poder participar.
O problema não é só eu não poder, mas também o fato de que Seth e Lucy simplesmente não deixam eu jogar!
Seth se sentou ao meu lado enquanto estavam na pausa entre partidas. Olhei feio para ele, irritada.
- Eu não tenho culpa! – se defendeu.
- Tem sim! – bufei. – Vocês não me deixam jogar!
- Porque você não pode! – fez cara feia também.
- Mas que inferno. Como eu supostamente vou ser de alguma utilidade no torneio se eu não posso praticar? Como você acha que eu vou manter um mínimo de condicionamento físico assim?
Deu de ombros.
- Eu confio na sua capacidade – falou simplesmente, o que, por algum motivo, me irritou mais ainda.
- Seth, eu não sou um prodígio. Eu cometo erros. Muitos. Se eu não me esforçar para superar eles e simplesmente parar de treinar, eu vou ser tão útil em quadra quanto aqui sentada no banco...
- E se você levar outra bolada? Ou se alguém esbarrar em você? Ou qualquer acidente acontecer? – suspirei.
- E eu já não estava em risco de todas essas coisas antes de me machucar?
- Sim, mas agora você já está em desvantagem. Se qualquer coisa acertar seu nariz, pode ser que piore em muito a fratura anterior. Você nem se recuperou da cirurgia ainda!
- Seth, o meu limite é até sexta-feira. Segunda eu volto à quadra, queiram vocês ou não! – ele abriu a boca para contestar, mas o impedi. – Se eu não jogar aqui, vai ser em outro lugar, sem vocês por perto para serem minhas babás – ele ficou quieto, só me observando e eu sorri, sabendo que tinha ganho.
- Você não tem juízo – suspirou. Dei de ombros.
- Você precisa voltar. Estão te chamando – disse e gesticulei pros garotos acenando para ele.
- Sam... – seu olhar pesou sobre mim, intenso.
- Seth, só... Só esquece, ok? Pra mim, ficar sem jogar é muito pior do que a possibilidade de me machucar de novo... – ele suspirou e concordou com a cabeça e depois se inclinou para dar um beijo em minha bochecha. Olhei para ele de canto de olho e depois para as pessoas que nos observavam. – Você também não colabora, não é?
Ele sorriu travesso.
- Eu gosto de dar alguma coisa para eles se distraírem de vez em quando – piscou um olho para mim. Me recostei no banco, mas não disse mais nada, apenas o observei voltar.
Lucy me olhou maliciosamente à distância, me fazendo corar. Agora ela vai ficar com essa maldita mania de ficar me olhando desse jeito? Diferente dos olhares que ela me lançava antes, parece que agora eles têm realmente um significado, e é isso o que mais me irrita!
Fiquei tentada em mandar um belo dedo do meio pra ela, mas não vou ser infantil assim.
Coloquei os fones e dei play em uma música qualquer no celular. Parece que hoje o dia está se arrastando... Fechei os olhos, inclinando minha cabeça para trás, já que não tinha encosto. Não sei quanto tempo fiquei assim e nem quando acabei pegando no sono, mas em algum momento eu senti alguém cutucar delicadamente minha coxa.
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Transições
RomanceSam é uma garota com um passado complicado e marcado por traumas familiares e pessoais, que foi obrigada a virar as costas para toda uma vida e começar tudo de novo ao precisar se mudar para um lugar completamente novo. Movida pela paixão por esport...