come back, i still need you

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N/A: Hehe, oi. Me desculpem por isso.

Eu vi muitas pessoas falando sobre isso no tiktok, e também há os vídeos das contas @bkdkfanclub e @biglosersirius, imaginando como seria se o arpão que Ercole lançou em Alberto não houvesse errado. Bem, eu decidi escrever.

Foi baseada na música Hold On.

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Alberto sentiu a dor no peito mas não conseguiu gritar.

Alberto havia crescido em meio ao abandono. O abandono da morte de sua mãe, o abandono da partida de seu pai. Ele sempre era abandonado, de uma forma ou de outra, por tudo e por todos que conhecia.

A única coisa que nunca o havia abandonado foi o seu forte na ilha, onde guardava seus tesouros. E, por este motivo, ele nunca o havia deixado, mesmo que quisesse conhecer todo o mundo.

Até que Luca chegou em sua vida.

Luca chegou e se tornou tudo, se tornou o amigo que ele nunca teve, a liberdade que ele queria, os sorrisos e a alegria que ele já não sentia há muito tempo, tanto que havia parado de contar. E Alberto se agarrava à ele com força porque de repente Luca era tudo o que ele tinha.

E, por Luca, ele faria qualquer coisa.

Ele saiu de sua ilha e seu forte e foi para Portorosso, porque Luca precisava fugir de sua família e ser feliz, e ele queria que o amigo fosse feliz. Ele queria viajar o mundo com ele, porque esse era seu sonho.

Ele pensou que ele e Luca estariam sempre juntos. Eles selaram esse desejo. Só nós dois, disseram. Mas então o só nós dois se tornou nós dois e Giulia, e então Luca o estava deixando também, como sua mãe havia feito, como seu pai havia feito. Mas ele não iria permitir que isso acontecesse, ele não podia.

Não podia perder outra pessoa que amava. Não Luca. Ele não suportaria.

Mas Alberto nunca havia sido bom com palavras e nem com ações, então naquele fim de tarde, quando o sol poente banhava Portorosso com dourado e Luca estava prestes a descer a colina, ele deixou sua raiva e ressentimento falarem mais alto.

E eles brigaram, porque Alberto tinha que mostrar a Luca que não queria perdê-lo, que os humanos de Genova não o aceitariam e tudo o que ele menos queria era ver Luca sofrer.

E, quando Giulia apareceu, ele fez a sua última tentativa de mostrá-lo isso.

Mas, então, só houve dor.

Ele observou com os olhos arregalados o dedo de Luca apontando para si, o rosto retorcido em uma falsa expressão de medo enquanto gritava monstro marinho e aquela apunhalada foi mais forte do que qualquer outra que ele já havia sentido em toda sua vida.

Mais forte, até, do que o arpão que Ercole o lançou quando ele estava afundando na água, dando as costas a Luca, fugindo, porque ele havia entendido.

Ninguém o queria. Nem mesmo Luca. Nem mesmo o doce e gentil Luca, e, se nem mesmo ele, então mais ninguém.

Então o arpão o atravessou.

Alberto sentiu a dor no peito, mas não conseguiu gritar. Sua garganta estava fechada por conta do choro iminente então tudo o que ele fez foi fechar os olhos e cair na água, ouvindo o grito estridente e dolorido de Luca atrás de si.

Seus olhos se abriram e ele viu vermelho escuro, viu a ponta do arpão despontando avermelhada e prateada de seu estômago, e, pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu frio. Mesmo quando braços o seguraram firme e seu corpo se chocou contra outro, mesmo quando os últimos raios de sol tocaram seu rosto quando ele foi levado de volta para a costa.

Mesmo quando lágrimas quentes tocaram seu rosto.

— Não... Não, Alberto, não... — ele ouviu a voz de Luca soar quebrada e instável, e abriu os olhos outra vez para ver o amigo com os olhos castanhos cheios de dor.

Luca o segurava forte, como se temesse que Alberto fosse embora. E Alberto sorriu tristemente, porque era uma maldita ironia de que eles estivessem trocando de lugar justo agora.

E era culpa dele. Sempre era culpa dele.

— Me... Me desculpe, Luca... — ele murmurou, a dor de vê-lo chorando sendo pior do que a dor em seu peito.

— Não! Você não... Fui eu quem... Me desculpa...

— Tá tudo bem... Eu não queria brigar com você. Eu só... Não queria que fosse embora e se machucasse...

— Alberto... — Luca balançou a cabeça, as escamas azuladas jogando pingos de água para os lados.

— Me perdoe... Me... — ele engasgou um soluço, uma sensação borbulhante e viscosa no fundo da garganta.

— Ei, não, não fala mais nada. Espere, ok? Giulia foi buscar Massimo, e aí... E aí nós vamos voltar para casa e você vai ficar bem, ok? Só... Aguenta, por favor...

O frio em seu corpo aumentou, e Alberto sentiu lágrimas escorrendo de seus próprios olhos também. Luca o segurou mais forte, suas feições adoráveis agora retorcidas em culpa, medo e desespero.

— Por favor, Alberto, por favor, aguente só mais um pouco... Eu preciso de você. Preciso de você para me contar mais sobre as anchovas e as coisas que você sabe sobre os humanos... Eu ainda preciso que você me leve para conhecer o mundo... Você vai, não vai?

Por que ele sentia que estava ficando mais difícil se concentrar? Era estranho. Sua mente estava se tornando mais lenta, quase como se não pudesse mais controlar seu corpo. Mesmo assim, ele foi capaz de tocar a bochecha de Luca. Estava tão quente e acolhedora que Alberto sorriu.

Ele sabia que aquele futuro não existia mais. Não para ele. Seus sonhos estavam escorregando por suas mãos assim como seu sangue pelos braços de Luca, e o seu único arrependimento era não poder ter feito mais por ele.

Mesmo assim, ele continuou sorrindo. Mesmo assim, ele deitou a cabeça na camisa listrada e ouviu o coração de Luca batendo rápido.

Mesmo que não quisesse que aquele abraço fosse o último.

— É claro que vou — ele sussurrou, por fim, a voz tão baixa que Luca quase não escutou. — E vai ser só nós dois. Juntos.

E então sua respiração cessou e a mão na bochecha de Luca caiu.

E Luca gritou.

Mas Alberto não escutou. Só o que ele pôde sentir, antes de mergulhar em águas desconhecidas, foram os braços de Luca ainda o segurando forte.

E eles espantaram o frio, o medo e todos os arrependimentos que Alberto pudesse ter em seu coração. Eles apenas trouxeram paz e carinho.

Era tudo o que ele sempre havia desejado.

Hold OnOnde histórias criam vida. Descubra agora