Capítulo 8: Estava curioso sobre você.

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Não demorou para que todo o vilarejo ficasse sabendo quem eram os cinco guerreiros sorteados para participar do torneio. Eu me sentia ansiosa e um pouco nervosa, mas também sentia uma euforia diferente de qualquer outra, porque finalmente ia fazer aquilo que tinha sonhado a muito tempo.

Tinha certeza que meu tio já deveria saber que meu nome tinha sido chamado. Se não soubesse ainda, era questão de tempo até que a noticia chegasse aos ouvidos dele. Sabia que isso ia acarretar outra discussão, então me poupei o trabalho de voltar pra casa aquele dia. Peter me treinou por várias horas, já que eu era a única dos cinco que fazia parte do seu centro de treinamento.

Peter estava confiante sobre mim, mesmo depois de me entregar o arco e me ver errar o alvo todas as vezes que lancei a flecha. Quando anoite chegou ele arrumou um cantinho pra mim na sua casa, já estava com receio de voltar pra minha casa e meu tio não me permitir sair na manhã seguinte, quando o torneio tivesse inicio.

Não dormi bem a noite, porque sempre que fechava meus olhos pensava na arena e nas provas que iria precisar passar. Mesmo confiante sobre tudo que eu havia treinado, ainda tinha medo de falhar. Havia alguma coisa correndo dentro do meu sangue, me chamando para a batalha. E eu estava ansiosa para começar.

—Seu tio esteve lá em casa ontem a noite, depois de passar na Cecília. —Ayla murmurou, enquanto eu fazia uma careta ao observar as roupas que um falesiano tinha me entregado assim que cheguei na arena. —Estava procurando por você, visivelmente preocupado. Se esconder dele talvez não tenha sido uma boa ideia, Zaia. Você precisava ver, ele estava desesperado.

—Eu não estava me escondendo dele, eu estava evitando uma briga sem sentido. Ele não vai mudar de ideia e muito menos eu. —Afirmei, porque já estava ali, pronta para entrar na arena independente da prova que teria que passar.

Comecei a me vestir, sentindo a roupa de couro praticamente engolir meu corpo pequeno. Estava acostumada com coisas largas e de tecido, mas couro era a marca dos guerreiros de Falésia e eu teria que os usar para as provas, em baixo da armadura. Era desconfortável e me fazia sentir sobre a pele de outra coisa.

—Você ficou bonita. Combinou com você. —Ayla murmurou, abrindo um sorriso confiante pra mim quando me virei pra ela, fechando a jaqueta de couro que esmagou meus seios, me deixando um pouco incomodada, porque precisaria me acostumar com aquele tipo de roupa. —Quer que eu prenda seu cabelo?

—Uma trança, por favor. —Me virei de costas para Ayla, encarando o espelho na parede rochosa daquele cômodo na arena. A pessoa que eu via pelo espelho parecia alguém totalmente diferente da Zaia que eu conhecia. Parecia uma guerreira de verdade. Não uma garota perdida que sequer tem uma espada para lutar.

—Zaia, está pronta? —Peter bateu na porta e entrou, trazendo uma caixa junto com ele, vendo que eu já estava quase pronta. —Temos mais 15 minutos antes de você precisar se juntar aos outros. Vou te ajudar a por a armadura e quero te dar uma coisa também.

—Presentes antes da minha morte? —Indaguei, fazendo Ayla se engasgar atrás de mim, puxando meu cabelo com um pouco mais de força do que deveria, enquanto Peter soltava uma gargalhada. Abri um sorriso inocente, vendo-o atravessar o cômodo até a mesa, onde a armadura estava colocada, deixando a caixa ao lado dela.

—Prefiro considerar como um presente de boa sorte. —Peter piscou pra mim, como se estivesse orgulhoso. Engoli em seco, pensando em como gostaria que meu tio estivesse ali, se sentindo orgulhoso de mim assim como meu treinador.

—Pronto, ficou perfeita. —Ayla jogou a trança sobre meu ombro, se inclinando para deixar um beijo no meu ombro, enquanto apertava meus ombros com carinho. —Boa sorte, Zaia. Vou estar lá gritando e torcendo por você.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora