Estávamos rindo, apesar que nem eu nem ele sabíamos mais o motivo das risadas. Particularmente eu estava apenas feliz, então o riso vinha fácil, transbordando, quase incontrolável.
As pessoas que passavam por nós nos olhavam como se fôssemos loucos, mas não nos importamos. Eu sei que parece aqueles clichês de filme, mas naquele momento, era como se só existíssemos nós dois ali.
Respirei fundo, tentando retomar o oxigênio. Seth ajeitou meu cabelo que o vento insistia em bagunçar. Seus dedos roçaram levemente em meu pescoço, subindo até meu queixo, até minha bochecha. Com cuidado, ele envolveu meu rosto com suas mãos.
Ele me olhou. Me olhou como se esperasse que eu o afastasse. Ou como se esperasse que eu desse algum sinal de que ele poderia se aproximar. Senti um leve frio na barriga quando segurei sua camisa levemente e o puxei, fazendo-o sorrir, se inclinando e encostando os lábios levemente nos meus no que não passou de um roçar de lábios.
A música que tocava mudou, saindo de uma balada estranha para uma música que eu reconheci no mesmo momento. Seth olhou ao redor, à procura da fonte de som que até esse momento só tinha reproduzido música ruim, mas agora tocava Lady Gaga.
- I'll Never Love Again – falou baixinho, também reconhecendo a introdução do piano. – Combina – riu, encostando seus lábios aos meus novamente.
Dessa vez o beijo não foi só um selinho. Ele exigiu mais de mim, e eu retribuí. Seus braços rodearam minha cintura, me puxando para mais perto, e os meus foram parar ao redor do seu pescoço, me dando um certo apoio, já que ele é bem mais alto do que eu.
A letra da música me causou sentimentos mistos. Era como se estivesse tocando no momento perfeito, mas a ideia de sentir isso tudo tão profundamente assim como a letra, estava levemente me assustando. Nunca foi minha intenção me apaixonar por Seth, e mesmo assim, aqui estou eu. E pela primeira vez eu entendi o que Lucy quis dizer aquele dia em sua cozinha. Ela falou que eu deveria prestar mais atenção, mas eu ignorei. E apenas agora, quando tudo chegou num ponto em que eu não poderia mais negar, eu entendi que eu estava apenas renegando algo que já estava fadado a acontecer.
Ele desfez o beijo, apoiando sua testa à minha. Ainda de olhos fechados um sorriso preguiçoso começou a surgir em seus lábios. Ele me deu mais alguns pequenos beijos antes de reabrir os olhos e me encarar.
Eu não sei o que dizer, então apenas fico calada, observando seus profundos olhos azuis brilharem levemente. Respirei fundo, apoiando minha testa em seu peito, inalando seu perfume, pouco a pouco me encontrando naquele abraço.
Seth depositou um beijo no topo da minha cabeça, me surpreendendo, e quando me afastei para olhá-lo, ele me beijou novamente. Senti sua língua na minha e por um momento senti que tudo estava no lugar, que isso era certo.
Nos beijamos e nos beijamos, até alguma coisa chamar nossa atenção no centro, fazendo a gente retomar as gargalhadas. Segurei sua mão, puxando-o para longe, de volta para o carro. Eu não quero voltar para casa ainda.
- Eu lembrei de um lugar que eu vou às vezes – falei, entrelaçando meus dedos aos seus, guiando-o.
- E que lugar seria esse?
- Você já viu o sol nascer, Seth? – parei ao lado do carro, sorrindo levemente para ele. Ele fez que não com a cabeça e meu sorriso se alargou um pouco.
- Gostaria de ter essa experiência?
Ele sorriu.
- Com você, quero ter todas essas experiências – falou, galante, e mais uma vez a gente caiu na risada.
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Transições
Roman d'amourSam é uma garota com um passado complicado e marcado por traumas familiares e pessoais, que foi obrigada a virar as costas para toda uma vida e começar tudo de novo ao precisar se mudar para um lugar completamente novo. Movida pela paixão por esport...