Adeline
A professora de português ainda não tinha entrado na sala. Ela estava quase quinze minutos atrasada. E um professor atrasado naquela sala da oitava série significava fazer bagunça sem supervisão e sem restrição. Eles já estavam até pensando em colocar uma cadeira na porta para fazer com que a professora não entrasse na sala.
Mas Adeline não deixava eles fazerem isso. Ela estava em cima da carteira brigando com os meninos da sala, tentando fazer eles não trancarem a professora para fora da sala.
— Até parece que ela estuda, falando desse jeito. — Miguel, o mais encrenqueiro da sala, revidou. Ele usava o uniforme com as mangas arregaçadas até o ombro. Adeline ficou vermelha, e ela não sabia se era de timidez ou de raiva. — Que foi? Ta com medo de não ganhar pontos extras com a prof?
— Vai cagar, Miguel. — Adeline disse e sentou no seu lugar, com os pés para cima da mesa.
Miguel tinha agora trocado de vítima. Ele decidiu que incomodaria ela ao invés da professora, afinal, Adeline ficava hilária quando estava brava.
— Vocês viram como ela ficou vermelha? — Disse para os seus colegas atrás dele e todos riram. Todos menos as meninas. Ele foi até Adeline e começou a cutucá-la. — Você fica tão engraçada vermelhinha.
Adeline começou a bater nele para tirar ele de cima dela, mas não com força. Não, sua mãe não deixava ela entrar em brigas na escola, mas se ela entrasse em brigas, era ela quem tinha que se machucar e não o outro. Adeline achava isso injusto.
A um certo ponto sem Adeline perceber, Miguel roubou o laço vermelho do cabelo de Adeline e saiu correndo pela sala inteira com o laço dela. Era a marca registrada de Adeline, ela nunca era vista sem aquele laço. E Miguel sabia disso.
Ele corria pela sala de aula com o laço na mão, pisando nas carteiras vazias e nas que tinham caderno também. Adeline corria atrás dele. Até que Miguel parou de correr e desceu da mesa, e Adeline pulou em cima dele, arrancando o laço de sua mão e xingando até a sétima geração.
Só então que Adeline percebeu que ele tinha parado por que a professora tinha entrado na sala.
— Todos em suas carteiras, agora. — A professora Nádia disse, seu tom de voz cortante. Todos correram para suas mesas correspondentes. Francine sentava sempre na frente da professora e aquele dia foi o dia em que se arrependia de escolher aquele lugar. — Adeline. — A professora disse seu nome e suspirou. — Você deveria começar a agir mais como uma menina e parar de implicar com os meninos.
Adeline estava ofendida e Miguel riu baixinho com seus amigos. Sim, agora ela era a vilã da história.
— Eu não estava implicando com eles. Eles que roubaram o meu laço! — Adeline gritou.
Nádia olhou para ela de uma forma como que quisesse pedir para que ela ficasse quieta.
— Se for pra brigar com alguém, briga com o Miguel! Ele quem me irrita todo dia!
— Não retruque, ou eu vou chamar sua mãe. — Nádia disse, calando a boca de Adeline. Ela cruzou os braços, emburrada com a professora.
A única coisa que Adeline queria agora era que sua professora caisse da cadeira.
Pensado e feito, quando Nádia se agaixou para sentar na cadeira, a cadeira puxou-se sozinha para trás, afastando-se da bunda da professora, fazendo ela cair sentada no chão. Todos riram. Era a vez da professora de ficar vermelha de raiva.
Ela olhou para todos, procurando quem é que tinha feito aquilo. Mas ninguém fez aquilo. Ninguém tinha puxado a cadeira atrás dela, foi um acidente. Ela se recompôs e puxou a cadeira novamente e dessa vez sentou-se segurando a cadeira embaixo dela para que não saísse deslizando. E então, começou a chamada.
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Francine
FantasyFrancine é uma jovem dedicada, sonha em ser desenhista de histórias em quadrinhos algum dia e está trabalhando muito para conseguir o que quer. Até que um dia, ela acaba trocando de corpo com sua colega de quarto, Vanessa, que está grávida de 8 mese...