Capítulo 17

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    Cassian nos encontra com o sorriso de sempre, mas ele está claramente bêbado. Ver isso com meus olhos me faz sorrir como tola.

—Vão ficar se pegando ou vamos dançar?

    Então dançamos madrugada afora. A excitação da resposta de Az faz meus nervos ficarem sensíveis, e quando ele encosta meu corpo no seu, nos balançando no ritmo da música, eu não quero acordar se isso for um sonho. Se eu estiver num hospital, não quero voltar à vida, porque estar aqui equivale ao mesmo. Estou respirando oxigênio puro, que só Azriel pode me oferecer, com seus sorrisos contidos e os abertos, com os olhos brilhando ou apagados de luxúria.

    Eu quero ele. Depois de anos me afogando em medos e escuridão, quero me afogar em suas sombras, dessa vez sabendo que ele é muito mais que um espião da Corte Noturna, um encantador de sombras. Quero Azriel porque ele me faz sentir viva e faíscando como um robô.

    Dançamos pela eternidade naquela pista de dança, e não me importo dos olhares dos parceiros ao nosso lado, as piadinhas sobre Az não compartilhar com eles a noticia que também compartilhamos o laço. A impossibilidade da coisa não me apavora, porque sendo humana, eu deveria ter medo do desconhecido. Mas adoro essa sensação quente no meu peito enquanto passo os dedos em sua cintura, o segurando contra mim.

    Acho também que não preciso falar em voz alta que o amo, que necessito dele assim como a lua precisa do sol para ser iluminado. Porque enquanto nos olhamos, essas coisas tendem a ficar claras ao nosso redor.

    Demora apenas uma hora e meia para convencer minha mãe de que estou viajar com Azriel para a praia no final de semana

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    Demora apenas uma hora e meia para convencer minha mãe de que estou viajar com Azriel para a praia no final de semana. Ela não engole isso, e continua estreitando os olhos azuis profundos enquanto sai da sala.

    Eu entendo sua desconfiança, e estou mesmo mentindo pra ela, mas aposto que dizer as palavras "vou viajar pra outra dimensão, para o mundo do meu parceiro" não cairia tão bem assim. Por isso aceito seu silêncio julgador e vou pro quarto, ajeitando uma mala de mão, com calcinhas e roupas necessárias. Mas me pego pensando no quão estranho é isso. Montando uma malinha pra deixar meu mundo através de uma viagem interdimensional. Quase bato minha cabeça na parede, pra ver se a confusão passa, mas acho que é um sintoma comum nessas situações.

    Só torço que nenhum cientista me sequestre por respostas depois de voltar. Seria irritante.

    Quando termino de colocar um frasco de perfume no compartimento da mala, meu telefone acende com mensagens. É sexta a noite, e amanhã Az e eu vamos partir logo cedo, porque ele disse que preciso aproveitar tudo.

    Pego o telefone e franzo a testa, porque Gabriel, meu chefe está mandando as mensagens. Só consigo me perguntar como conseguiu meu telefone. No trabalho, apenas Thalia tem meu número. Mas não pergunto a ela, porque há um clima estranho agora entre nós. Pode ser inútil essa desconfiança, mas o que Nestha disse ainda me apavora. Os dois foram embora depois da balada, com Cassian carregando Nestha no colo, tropeçando de bêbado, e Nestha revirando os olhos pela imprudência do parceiro.

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