Todos os dias Hinata ouvia o som da bateria do vizinho e já estava cansada disso. Pelo que soube, o garoto se mudou para o lado de sua casa há algumas semanas e ela ainda não o tinha visto. Trabalhava demais e não tinha interesse algum em falar com o novo vizinho estranho. Ainda assim, sentiu necessidade de alertá-lo referente ao barulho insuportável que ele fazia em horários que ela queria descansar. Trabalhava dia sim dia não, à noite, como segurança de shopping e estava farta de não conseguir dormir quando chegava em casa.
Alguém teria que fazer alguma coisa em relação àquela bateria insuportável. E, ao que tudo indicava, teria que ser Hinata. Afinal, de todos, era a mais interessada no silêncio. Levantou da cama, retirou os protetores de ouvido e saiu andando. Estava de pijama e nem ligou, não trocaria de roupa para repreender o garoto barulhento que não tinha noção.
Qual é, todos os vizinhos sabiam que Hinata precisava dormir durante o dia. Pelo menos os mais próximos, era tipo um acordo entre eles. Ela era muito querida na rua e ninguém fazia objeção ao limite de barulho que poderiam produzir por causa de Hinata.
Exceto Naruto.
Ele batia naqueles pratos sem parar, fazendo um som ensurdecedor que nem os protetores tunados de Hinata eram capazes de abafar.
E lá estava ela, batendo na porta ao lado, mas desejando bater na cabeça daquele garoto idiota.
Esperou e esperou, ninguém veio atendê-la. Claro, a merda da casa não tinha campanhia e com o barulho do instrumento — se é que podia ser chamado assim — como o indivíduo a ouviria?
Não desistiu, em determinado momento, estava praticamente chutando a porta com toda a força a fim de ser ouvida. Foi nesse ponto que alguém veio atendê-la. Um garoto de no máximo vinte anos, cabelos loiros que apontavam para todas as direções e olhos muito azuis.
Tipo, muito mesmo.
Eram lindos, constatou. Mas varreu o pensamento rapidamente, quando ele a olhou com o cenho franzido. Como se questionasse quem ousaria atrapalhar a barulheira que ele estava fazendo.
— Oi? — O garoto sorriu, ao vislumbrar de relance o pijama de unicórnio de Hinata.
Ela se acanhou, no entanto, manteve a postura altiva. Sem se deixar abater.
— Oi, eu sou Hinata, sua vizinha — Se apresentou. — Gostaria de pedir que fizesse menos barulho, porque eu trabalho à noite e não consigo dormir...
Naruto riu debochado.
— A vizinha controladora — refletiu.
— O que? — Hinata se empertigou.
— O locatário me deixou alugar a casa, com a condição de não fazer barulho quando você está. Porque trabalha à noite e blá blá bla — desdenhou.
Hinata quis socá-lo.
— Se sabe da condição, por que desobedece? — desafiou, querendo ser uns vinte centímetros maior para olhá-lo nos olhos.
— Eu gosto de quebrar as regras — respondeu sarcástico e abriu um sorriso muito do sacana.
Que poderia ser bonito, se Naruto não fosse um completo babaca.
— Você pode, por favor, fazer menos barulho? — Hinata tentou soar calma e ponderada.
Sabia que com esse tipo de pessoa não poderia bater de frente. Teria que agir com cautela, para não piorar tudo.
— Posso — ele concordou prontamente, foi mais fácil do que ela imaginava. — Eu só queria ter certeza de que existia uma vizinha controladora mesmo, vai que era só caô pra eu não tocar minha bateria?
— Eu não sou controladora — Hinata revidou com o restante de paciência que sobrou. — Então estamos acordados — foi praticamente uma ordem, ela deu as costas e já ia se afastar.
Quando Naruto acrescentou:
— Talvez eu continue fazendo barulho, só para te ver com esse pijama fofo! — Hinata não viu o que aconteceu a seguir, só sentiu quando seu jeb acertou em cheio o nariz de Naruto.
— Talvez eu seja um pouco agressiva também, anota aí — e ela foi embora, deixando um Naruto embasbacado e sangrando para trás.
(...)
Não tinha mais barulho.
Mas provavelmente teria uma denuncia de agressão física. Talvez ela fosse indiciada por ter socado o vizinho inocente do nada.
— Argh! — gritou consigo mesma. — Você é doida ou o que?
Hinata não podia ser privada do sono, quando isso acontecia ela tinha tendências agressivas. Que tentava controlar no boxe. Naruto pediu, não pediu? Por que ela estava com medo se ele procurou quando a chamou de controladora e ficou tocando àquela bateria sem parar?
Todos na rua colaboravam, gostavam de Hinata e não viam problemas de não fazerem barulho extremo. Por que Naruto tinha que ser um ponto fora da curva?
Alguém bateu à porta, ela estremeceu.
É isso, serei indiciada por agressão. Melhor aceitar logo e seguir em frente. Pensou, ao abrir a porta e dar de cara com Naruto.
O nariz ainda vermelho ao redor indicava que o soco doeu e quem sabe atingiu o objetivo.
— Oi de novo — ele iniciou — quero pedir desculpas pelo barulho.
— O que? — Hinata piscou algumas vezes, sem compreender.
— Vim pedir desculpas e dizer que vou me controlar — respondeu, levantando as mãos em sinal de rendição. — Eu já te vi por aí e queria chamar sua atenção, mas não sabia como então o jeito encontrado foi a minha bateria. Eu fiquei apavorado quando te vi e estraguei tudo, quero começar de novo. Se for possível — declarou, deixando a garota completamente desnorteada.
— Eu soquei seu nariz — constatou o óbvio. — Eu que devo pedir desculpas, mas por que agiu feito um idiota? Era só se apresentar e pronto.
— Você é meio intimidadora — Naruto respondeu.
Hinata riu.
— E ainda assim você preferiu me testar?
— Meus pais costumam dizer que não tenho muito juízo — riu também, coçando a nuca.
— Entra, por favor — Hinata pediu, dando espaço para ele. — Vou cuidar do estrago que eu fiz.
— Foi o ponto alto da minha vida, sabe? — Naruto contou, entrando na casa. — Levar um soco tão forte de uma garota, você me colocou no meu devido lugar. Acho que me apaixonei — gracejou.
As bochechas dela ficaram vermelhas.
Naruto era bonitinho e se não fosse babaca, eles podiam até ser amigos, por que não?
— Me desculpa mesmo — ela estava profundamente envergonhada.
Mas não arrependida.
— Eu mereci — ele deu de ombros.
— O que posso fazer para reparar meu erro? — Hinata perguntou, sincera.
Naruto refletiu por um instante, coçando o queixo. Uma expressão travessa surgindo em seus olhos.
— Que tal um beijinho pra sarar? — brincou, não esperando que ela aceitasse.
Na verdade, teve foi medo de tomar outro soco daquela baixinha invocada. Contudo, quando Hinata aproximou-se, colocando as mãos no peito de Naruto antes de ficar na ponta dos pés para beijá-lo suavemente na boca. Ele pensou que valia a pena se arriscar.
E, enquanto Hinata sentia os lábios macios de Naruto nos seus. Ponderou que talvez e só talvez, ficar sem dormir por um bom motivo de vez em quando, até que não era tão ruim assim.
Fim.
Escrevi essa one para matar a saudade de NH, pq tá rolando frames no Facebook e eu tô meio afastada do ship. Apesar de amar o casal, lembrando que não apoio qualquer tipo de agressão física vindo de homem ou de mulher.Pelo amor de Deus, não saiam socando o nariz de ninguém sem motivo, tá bom? Hahaha!
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Entre socos e beijos
FanfictionHinata só queria silêncio, mas o vizinho não parava de tocar bateria. Então, bom, ela teria que fazer alguma coisa a respeito.