One way, or Another.

Inebriante

A lágrima rolou por pura empatia. Sabe... Não era muito comum ouvir aquilo por "N" fatores. Romantização do abuso infantil a garotos era um por quê.

Quando diziam que os meninos deveriam se sentir homens ou melhores porque eles iniciaram sua vida sexual mais cedo era outro por quê. Na verdade, tiveram sua escolha roubada e seus corpos abusados por alguma filha da puta doente. Os lábios rosados dele se abriram em um sorriso que revelaram os dentes alinhados com caninos levemente pontudos. Em outro momento diria que era um sorriso sexy porque ele era muito bonito. Mas não agora.

-Não me olhe assim! -Disse ele por fim passando o polegar em meu rosto. Eu é quem deveria estar lhe dando suporte.

-Assim como? -Disse por fim.

-Com pena. -Disse Sasuke encarando o próprio colo. Segurei seu rosto em minhas mãos. Nos encaramos por longos segundos e então o abracei. O abraçava calmamente com todo o carinho que conseguia dar e ele sequer afrouxava o aperto.

-Não é pena Sasuke... É compaixão. Eu sinto tanto por você! -Disse por fim enquanto sentia algo molhar a manga do meu vestido. Acariciei suas costas largas e fortes quando o senti chorar. Ficamos assim por um tempo até que me afastei para encarar seu rosto. As lágrimas dele estavam ali, deixando seu rosto avermelhado.

-Acredite... Não tem que fazer nada comigo se não sentir vontade. Sexo nunca foi sobre parecer uma máquina. É a intimidade que faz tudo ter sentido. -Disse da melhor forma que pude, ele sorriu logo permanecendo uma expressão confusa.

-Intimidade? -Sua voz saiu sombeteira.

-Nossa sim! Sabe... As cabeças batem, tem crises de risos nas piores ou melhores horas, tem respiração pesada, tem conforto... Tem carinho... A-amor! -Disse por fim entretida em explicações mas senti minha cara arder quando ele estava atento ao que eu dizia. Ele sorriu acariciando meu rosto com o polegar.

-Então a senhorita sai batendo a cabeça nos homens por aí? -Disse ele gargalhando.

-O senhor me entendeu! -Disse a ele. Sasuke voltou a me encarar. Ele depositou um beijo calmo na palma da minha mão.

-Acontece que eu queria... Eu te... -Ele pausou. Foi a vez dele de ficar absurdamente vermelho. Ele encarou o chão e logo enfiou as mãos nos bolsos. Aquilo foi fofo para um caralho.

-Eu queria muito... Estar com você. -Disse ele por fim encarando os meus olhos. Senti o meu coração parar por alguns instantes. Suas bochechas ainda estavam vermelhas em contraste com a face carrancuda.

-Eu consigo me relacionar bem geralmente... Apesar do que ela me causou. Eu consigo... Ter relações. Mas hoje quando a vi... Tudo voltou! É uma droga porque... Eu realmente te quero. Pra caralho. -Ele disse levemente sem jeito. Era como se alguém tivesse empurrado a minha cara em uma grande panela de sopa. Respirei fundo voltando a me aproximar dele.

-T-Tudo bem... A-a gente divide um quarto. Oportunidades não vão faltar. -Disse por fim fazendo-o rir. Ele encarou o chão.

-Se importa se formos embora agora? Não quero ter que falar disso com a minha mãe. -Disse ele por fim, seus olhos saíram da janela e repousaram no meu rosto.

-Sasuke... Bebemos hoje. Sei que pouco mas ainda assim... T-tudo bem que não queira falar com ela sobre algo tão íntimo e doloroso, está tudo bem. Mas se posso dar um humilde parecer, desabafe isto com ela! -Disse da melhor forma que pude.

-Isso pode virar um escândalo e eu não quero ser exposto. Não foi bem como está pensando se quer saber... Ela me... -Sasuke respirou fundo, pareceu ficar irritado.

-Ela me tocava quando eu tinha por volta de 14 anos. Ela tentou me masturbar uma vez mas eu corri. Com 14 anos eu não pensava muito nisso. Com 16 meus hormônios explodiram mas... Não com 14. E com Itachi, não falamos muito mas... Acho que com ele foi pior. E foi na casa do meu pai. Fugaku fez de tudo para morarmos com ele quando se separou, mas se evolveu com ela.