CAPÍTULO O4.

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O4. "Uma oportunidade de ouro."

A dor de cabeça latejante em que Kiara acordou na manhã seguinte dizia muito sobre seus arrependimentos; não sabia qual a castigava mais. Para sua infelicidade, as memórias foram surgindo com seus detalhes gradualmente, e nem o fato de ter finalmente conversado mais de um minuto com o vizinho acalmou todas as sensações de constrangimento que a preenchiam.

E então ela lembrou que tinha aula; tinha, porque já estava dois períodos atrasada.

— Por que você não me acordou? — Praguejou quando viu a amiga na cozinha enquanto tentava acertar o buraco das mangas, sem sucesso. — Meu Deus, parece que minha cabeça foi atropelada por um caminhão.

— Achei que precisava de um descanso. — Sarah bebericou o café em sua mão, observando a amiga lutar para colocar a blusa e prosseguir na tarefa de achar uma xícara. — Você vai assim?

Levantou as sobrancelhas escuras para a amiga, culminando-a com o olhar.

— O que isso quer dizer?

— Que você tá um caco. — E para evidenciar o que falava, pegou a xícara da mão de Kiara, mostrando que ela quase tentara servir o café do lado errado. — Ao menos toma um banho antes de ir.

A estudante de jornalismo esfregou o rosto com a mão e soltou um suspiro irritado.

— Vou me atrasar mais ainda.

— Você já tá atrasada.

É claro, Sarah estava certa, ela fedia a suor e mal conseguia abrir os olhos direito; não podia ir assim para a aula, mesmo que a culpa por estar faltando por causa de uma ressaca a remoesse, costumava levar muito a sério os estudos por conta de sua bolsa.

— Não vai morrer faltando um dia, Kie.

Odiava dar razão à companheira de apartamento, mas por fim, refez seus passos até o quarto e, após uma ducha quente e reconfortante, sentiu-se muito melhor. Ao menos quando tentava não recordar dos acontecimentos anteriores.

— Eu vomitei na porta do carro dele. — Contou quando já servia, propriamente dessa vez, seu café na cozinha e observava Sarah queimar as panquecas. — Deixa que eu faço isso.

Ela adonou-se do fogão para a felicidade da amiga; crescendo com um pai chef e ajudando este no restaurante desde muito nova, as habilidades de Carrera na cozinha eram impecáveis. Sorte da loira, já que esta mal conseguia fritar um ovo direito sem se estabanar toda.

— Ele me contou quando te trouxe. — Sarah deu de ombros, buscando os pratos enquanto Kiara fazia sua mágica com o café da manhã.

— O que mais ele contou? — Não queria ter soado tão suspeita.

— O que mais tem pra ele contar?

A amiga parecia estar vendo mais coisa do que deveria, quando abriu a boca exasperada.

— Vocês se pegaram?!

— O quê? Não! — O revirar de seus olhos mostrava a indignação com a sugestão. — Eu só disse... algumas coisas, e quase contei do contrato.

A loira fez uma careta, quando as panquecas estavam servidas e ambas comiam, Sarah murmurou.

— Ele parece um cara legal, um pé no saco, mas legal.

Permaneceu em silêncio, tomando de seu café e querendo muito que o latejar de sua cabeça fosse apenas sobre a ressaca.

— Não vou magoar ele, só tô tentando ajudar.

Um Contrato Para Amar • JJ & KiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora