Aquele dia não era muito diferente dos outros. Fazia muito sol e as pessoas tentavam inutilmente aliviar o calor soprando o ar da boca para dentro da camisa, quase como um ato de desespero.
N a vida de Astrid, porém, era uma sexta-feira de mudanças e atrasos. A garota andava nervosamente pela casa, de um lado para o outro, sem tirar os olhos do relógio na parede. Sabia que se atrasaria, mesmo assim, esperou até o último segundo para arrumar as ma-las. Astrid olhou o celular pela décima vez naquela manhã, vasculhou todas as suas redes sociais, esperando algum sinal que a fizesse desistir da mudança. Por fim, ela apenas os deixou de lado e enviou uma mensagem para a irmã, pedindo que a encontrasse no aeroporto de Fortaleza.
Após enviar a mensagem, a garota correu para o quarto, apanhou a mala do chão e começou a jogar as roupas dentro dela aleatoriamente. Por último, ela lançou um olhar significativo para a pequena capa de couro que está ao seu lado na cama. Com apenas uma mão, ela alcançou o instrumento musical e olhou as marcas de uso, que não foram deixadas por ela. Soltou um suspiro. Ela cuidadosamente o devolveu para a capa de proteção e cogitou se deve-ria realmente leva-lo. Com a decisão tomada, ela o colocou delicadamente na mala.
Apesar de não gostar da ajuda financeira dos pais, ela ainda tinha que seguir algumas ordens que lhe eram impostas. Além disso, sua irmã sempre quis o melhor e mais prático, então era aceitar ou aceitar. Entretanto, contrariando a expectativa dos pais e de sua irmã, resolveu pegar o ônibus mesmo sabendo que isso a atrasaria ainda mais, porém valeria a rebeldia.
Ao sair de São Paulo, Astrid, não contou com a chuva inesperada. Desembarcando do ônibus em frente ao aeroporto pisou em uma poça de lama e sua bota ensopou. Olha para o relógio e sabe que terá que se preocupar com isso mais tarde, então sai correndo a caminho do embarque.
Quando o despertador tocou Elisa já estava acordada há algum tempo, ela gostava das coisas em ordem. Após desligá-lo, ela levanta de sua cama e calmamente se prepara para mais um dia de estágio na confeitaria Papillon, que ficava entre sua faculdade e sua casa.
Enquanto toma seu café da manhã, coloca ração para o Sr. Sócrates, fazendo uma nota mental para comprar mais após o serviço. Ela verifica seu celular e se depara com a mensagem de sua chefe, Sra. Cláudia, a solicitando para abrir o estabelecimento meia hora mais cedo.
Após ver que a mensagem havia sido envia-da há quase uma hora, os olhos de Elisa dobram de tamanho, ela levanta da mesa, agarra sua mochila sem terminar de tomar o café e sai de casa. Por estar apressada não percebe que sua porta, que trancava automaticamente, estava com defeito e permaneceu entreaberta. O gatinho de Elisa que não era bobo, aproveita a porta entreaberta e desliza furtivamente para explorar o prédio.
No outro lado da cidade, Maya envia uma mensagem para sua irmã, avisando que não conseguirá buscá-la no aeroporto.
Enquanto vagava pelos corredores, Sr. Sócrates testemunha a chegada de Astrid. O gatinho curioso a segue até a entrada do aparta-mento enquanto ela digita a senha para entrar no imóvel. A moça percebe o bichano, que se esfrega em suas malas, e olha ao redor tentando descobrir de onde ele veio. Não descobrindo sua origem, Astrid pega o felino em seus braços e o leva para dentro de casa, com suas malas.
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Cara, você roubou meu gato?
RomanceCasais costumam dividir a guarda de seus animais, mas elas nunca pensaram em compartilhar a guarda do gato ou do Sr. sócrates sem antes ter um relacionamento, ou sem ao menos se conhecerem. Um gato que vive uma vida dupla e juntará a vida de Astrid...