As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1

Capítulo 13: Vamos comemorar.

O sorriso dele sumiu quando sua espada se chocou contra a minha com tanta força, que o som foi alto o suficiente para toda a arena ouvir. Dessa vez era eu quem atacava e John que se defendia, indo para trás à medida que eu movia a espada, tentando o atacar de vários lados diferentes.

Pensei nas coisas que já tinha ouvido de Mackenzie, além do que ele me fez passar nos últimos dias. Pensei em marcos e no seu olhar malicioso, sentindo meu sangue esquentar como se estivesse endurecendo e virando brasa. Usei essas lembranças para trazer aquela raiva de dentro de mim, que borbulhou dentro do meu corpo, me fazendo segurar a espada com mais força e ir pra cima de John com tudo.

Pensei em como ele havia notado com aquele guerreiro nível um, lembrando de todos os seus passos e movimentos. John finalmente parou de ir para trás e tentar fugir, me atacando ao mesmo tempo que eu o atacava. Nossas lâminas se encontraram, deslizando uma contra a outra, a ponto de fazer um som estridente que estremeceu até meus ossos e me fez trincar os dentes.

Grunhi contra a pressão que John exercia contra minha espada, firmando os pés no chão, porque não iria abaixar a guarda primeiro, forçando meus braços para frente, a ponto de meus músculos protestarem. Ele pareceu fazer o mesmo, porque ambos empurrávamos uma espada contra a outra, com nossos olhares se encontrando, faiscando determinação e fúria.

A ponta da espada de John se apaixonou do meu rosto quando fiz mais pressão, apertando meus dentes com tanta força para suportar a tensão no meu corpo, que minha mandíbula doeu. Mas a ponta da minha lâmina estava indo de encontro a garganta dele, o que fez o guerreiro hesitar, mas não abaixar a guarda. Um único movimento e um de nós ganharia uma nova cicatriz.

Tentei raciocinar rápido quando John colocou o pé mais pra frente, inclinando o corpo pra cima do meu, fazendo a espada se aproximar ainda mais do meu rosto. Nesse instante deixei minha espada deslizar para baixo até soltar a dele, enquanto virava o rosto rapidamente, soltando o ar preso na minha garganta quando senti sua lâmina deslizar pela minha bochecha.

Abaixei meu corpo, passando por baixo do braço erguido de John até estar ao lado dele. Girei a espada na minha mão e o ataquei antes que ele conseguisse se virar e se proteger, enfiando a espada na lateral da sua armadura, perfurando aquela roupa de couro antes de crava-lá nas suas costelas. Escutei o arquejar assustado que saiu dos lábios dele quando percebeu o que tinha acontecido, no instante que sua espada bateu contra o chão.

Meu corpo estava tomando por uma sensação quente e avassaladora, que me fez demorar a entender o que eu tinha acabado de fazer. Só percebi de fato o que tinha acontecido quando John olhou pra mim e segurou a lâmina da minha espada, soltando um grunhido baixo ao puxar a lâmina para fora do seu corpo, cambaleando para longe de mim logo em seguida.

A arena estava em absoluto silêncio naquele momento, como se todos estivessem chocados demais para expressar qualquer outra coisa. Desci os olhos para a minha espada, observando o sangue vermelho que manchava a lâmina, escorrendo e pingando no chão. John caiu de joelhos na areia, levando a mão para tentar conter o sangramento, enquanto eu me afastava no momento que alguns falesianos passaram pelos portões e correram para socorrê-lo.

Ergui a cabeça para encarar as pessoas nas arquibancadas, vendo a expressão de incredulidade de todos os falesianos que assistiam, enquanto meu povo parecia perdido demais entre surpresa e confusão. Me assustei quando alguém tocou meu ombro, me virando para encontrar David parado atrás de mim, com uma expressão indecifrável.

Ele não disse absolutamente nada quando pegou meu braço, erguendo-o pra cima da minha cabeça, fazendo o sangue da lâmina pingar na minha armadura. Os arcadianos na plateia finalmente explodirão em comemoração, gritando meu nome de uma forma que fez um arrepio atravessar minha coluna, mesmo quando os falesianos do outro lado permaneceram em silêncio. Mas isso não importava, porque me povo estava comemorando. Porque eles estavam gritando meu nome.