As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1

Capítulo 15: Dragão da água.

Na manhã seguinte eu estava uma pilha de nervos enquanto ia para a arena, tentando não deixar na cara que tinha alguma coisa errada, porque Peter ficou comigo o tempo todo e eu não podia deixá-lo descobrir que eu sabia qual seria a última prova. Mas estava difícil controlar minhas emoções, enquanto eu não fazia ideia do que iria acontecer comigo.

David nos mandou colocar a armadura assim que chegamos, parecendo mais ansioso do que qualquer outra pessoa por ali. Deixei que Peter me ajudasse a colocar a armadura, enquanto Ayla fazia uma trança no meu cabelo, ajeitando-o em um coque logo em seguida, porque eu não queria acabar tendo o cabelo chamuscado por um dragão.

Peter e os outros dois treinadores foram afastados de nós depois disso, porque segundo David não teríamos nossos treinadores sempre do nosso lado quando precisássemos. Precisávamos aprender a lidar com as situações sozinhos. Como se não fosse exatamente isso que fizemos desde o início, já que Peter não correu pela porcaria daquele labirinto ao meu lado.

—Espero que tenham descansado bem essa semana, tanto fisicamente, quanto mentalmente. —David murmurou, enquanto eu, Mackenzie e Tyrian o seguíamos pelos corredores da arena até a ala mais funda daquele lugar, na mais completa escuridão, já que poucas tochas se mantinham acesas nos níveis mais baixos da arena. —A última prova vai exigir muito de vocês.

Olhei para Mackenzie para testar a reação dele, percebendo que ele estava mais tenso do que em qualquer outro momento que eu já o tivesse visto. Seu corpo inteiro estava rígido, enquanto seu rosto parecia uma máscara de estranheza. Seus olhos encontraram os meus quando ele notou que eu o encarava, com seus lábios se enrugando em escárnio.

Voltei a olhar para David quando paramos em frente a duas portas de madeira enormes, que exigiram um pouco de força do falesiano quando ele as empurrou, revelando um corredor de jaulas. Meu corpo estremeceu com o som grotesco e animalesco que veio lá de dentro, enquanto eu observava algumas das jaulas ocupadas por alguns daqueles lobos que estavam na primeira prova.

—O desafio que vocês terão que enfrentar hoje, é uma das coisas que falesianos precisam lidar todos os dias. —David nos guiou por aqueles corredores de jaulas, nos levando na direção do som de grunhidos e batidas pesadas, que faziam o chão estremecer embaixo de nós. Parei de andar no instante que vi um deles, de escamas tão negras quanto a noite e olhos vermelhos e laranjas como fogo.

—Dragões? —Tyrian indagou, parecendo subitamente incrédulo e assustado. —Pensei que eles fossem lendas.

—A maioria das coisas que vocês acreditam ser lendas no nosso mundo, são muito reais. Quanto antes se acostumarem com isso, melhor pra vocês. —David retrucou Tyrian, que engoliu em seco e deu um passo para trás, estremecendo de medo quando o dragão enorme bateu contra as grades, fazendo um pouco de poeira cair sobre nós quando tudo ao redor estremeceu.

Era difícil saber o tamanho dele em um espaço tão pequeno como aquela jaula, onde ele se debatia. Mas suas garras pareciam do tamanho dos meus braços. Talvez eu não chegasse nem a metade de uma das suas patas. O dragão grunhiu, abrindo a boca, fazendo todos nós cambalearmos para trás quando línguas de fogo saíram da sua boca, antes de se tornarem uma fumaça negra.

—Como podem ver, eles já estão um pouco animados. —David se virou pra nós, soltando uma risada baixa e tensa, enquanto Mackenzie soltava um grunhido de indignação.

—Eles? Quantos malditos dragões vocês pretendem nos colocar para enfrentar? —Indagou, soando um tanto grosseiro, a ponto de David erguer as sobrancelhas.

—São três dragões. Um para cada um de vocês. Eles serão sorteados. —David esclareceu, enquanto eu evitava olhar para o dragão que ainda se debatia contra as grades da jaula, absolutamente furioso com a nossa presença ali. —Vocês devem ter ouvido sobre os elementais. Eles também não são lendas. Cada um deles se torna um cavaleiro de dragão assim que ganha seu poder da natureza. Dragões que possuem um elemental não são descontrolados como esses. Mas aqueles que já perderam seu cavaleiro, são incontroláveis.