Capítulo 23: Guerreiros vermelhos.

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Balancei a cabeça negativamente, percebendo que Mia estava se esforçando o máximo para me agradar. Para que eu gostasse de todo aquele lugar. Percy também costumava fazer isso. E eu sabia porque minha permanência ali era muito importante pra eles.

—A cidade vai estar lotada? —Indaguei, terminando de comer minha maçã com algumas poucas mordidas, vendo Mia e Margo concordarem com um movimento de cabeça. —Isso não vai ser um problema pra mim? Sabem, as pessoas ainda não estão felizes com a minha mudança pra cá. Não tenho certeza se isso vai ser uma boa ideia.

—Bom saber que você tem consciência de que ninguém queria você aqui. —Soltei um suspiro pesado ao ouvir aquela voz feminina, antes da guerreira surgir na lateral da mesa, espalmando as mãos nela, com um olhar de sarcasmo sobre mim. —Eu só não entendi porque você ainda não pegou suas coisas e foi embora daqui.

—Talvez você devesse fazer uma reclamação sobre minha presença aqui diretamente para a Amélia, Ágatha, porque é ela quem está me mantendo nesse seu chalé. —Afirmei, encarando a guerreira de longos cabelos ruivos, que me encarava como se eu fosse um inseto.

Desde que cheguei ali e a conheci, percebi de cara que Ágatha era como uma versão feminina de Mackenzie. Ela era uma das melhores guerreias do Chalé Azul, sendo um nível dois com a espada. Suas farpas são lançadas na minha direção desde o primeiro dia, porque ela simplesmente não me suporta. Mas é algo totalmente recíproco.

—Ou talvez você devesse ir cuidar da sua própria vida. —Completei, dando de ombros, vendo os olhos de Ágatha escurecerem um pouco quando ouviu minha resposta.

—Eu estou cuidando da minha vida e do meu povo. —Afirmou, lançando um olhar de escárnio a Mia e Margo, como se elas estarem sentadas ali comigo fosse um insulto muito grande para o Chalé Azul. —E eu sei que você estar aqui só vai nos trazer problemas. Todos estão falando sobre você. Não vai demorar para alguém vir aqui atrás de você.

—E por que isso seria um problema pra você? —Indaguei, percebendo que tinha deixado Ágatha sem palavras naquele momento. —Se eu morrer, aposto que você vai ficar feliz. Então torça para que alguém venha atrás de mim.

—Não quero que você morra, quero que você apenas volte para seu mundo. —Ágatha rebateu, soltando uma risada de pura resignação. —Você estar aqui ameaça nossa paz e estabilidade. Não me culpe por me preocupar com o meu povo, quando vocês arcadianos fizeram um excelente trabalho em destruir o seu lado do mundo.

—Ágatha, já chega! —Margo sibilou pra ela, como se sentisse que a guerreira estava começando a passar dos limites. —Zaia não está aqui porque quer. Como ela mesmo disse, vá reclamar com Amélia.

—Ela vai nos trazer problemas. —Ágatha afirmou, olhando para Margo com uma expressão fria. —Quando alguém morrer por causa dela, não diga que eu não avisei.

Ágatha virou as costas e saiu dali, deixando aquelas palavras pairando no ar como uma maldição. Soltei o ar que nem havia notado que estava segurando, sentindo vontade de gritar com todo mundo naquele lugar, porque todos agiam como se eu fosse um objeto problematico, que poderia ser jogado em qualquer lugar.

[...]

A Cidade do Lago não era nada como eu imaginava e não era nada perto do vilarejo que eu vivia em Arcádia. As ruas de pedra eram longas e estreitas, lotadas de barraquinhas de comida. As construções também eram de pedra, com jardins floridos e praças que faziam Arcádia parecer um buraco cheio de lama.

As ruas estavam lotadas naquele momento, com moradores da cidade e guerreiros se misturando entre as comemorações que estavam rolando por ali. Além das barracas de comida, havia outras coisas sendo vendidas, brincadeiras para crianças e pequenos torneios acontecendo em alguns pontos da cidade. A música era constante, deixando tudo com um ar ainda mais animado.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora