As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1

Capítulo 24: O nome dele é Griffin.

Olhei para John e para o irmão dele, levando a mão até a espada presa na minha cintura, antes de olhar de relance para trás, para ver os outros dois guerreiros puxando as espadas também. Percy ficou de costas pra mim, parecendo tremer de tão tenso que estava com a situação.

—Deixa eu adivinhar, você não superou a derrota ainda? —Indaguei, soltando uma risada ao ver minhas palavras o atingirem em cheio. Sua mandíbula ficou tensa, enquanto o irmão ao seu lado balançava a cabeça negativamente.

—Você acha que tudo isso a faz ser um de nós? —Max indagou, enrugando os lábios como se a minha presença ali o deixasse com nojo. —Aquele dragão pertence aos falesianos e não ao seu povo. Isso... —Ele apontou para o meu braço. Para a pulseira azul com número 2 que eu havia recebido de Amélia quando cheguei ali. —Não faz você uma de nós. Seu sangue ainda é inferior. Seu povo todo é. E vocês não merecem nosso mundo.

—Inferior. —Repeti, tombando a cabeça de lado, antes de girar a espada na minha mão e apontar na direção dos dois. —Mas não inferior o suficiente para vencer do seu irmão e quase o matar. Não o suficiente para que um dragão do seu mundo achasse que eu deveria ser protegida.

—Você teve sorte. Uma coisa que facilmente vamos resolver hoje. —John afirmou, dando um passo na minha direção, enquanto eu engolia em seco, me surpreendendo com a calmaria que tomava conta do meu corpo naquele momento.

—Me matar é a sua solução? —Soltei uma risada sarcástica, sem conseguir evitar a provocação que subiu na minha língua. —Talvez seja por isso que Misty resolveu me proteger. Se uma arcadiana ganhou a atenção de uma criatura tão importante do seu mundo, deve ser porque vocês não são mais dignos deles.

A expressão dos dois endureceu na mesma hora, me fazendo perceber que eu os havia irritado o suficiente para virem pra cima de mim. E era isso que os quatro iam fazer, se um circulo de fogo não tivesse surgido do chão ao redor de Percy e eu, nos separando deles. Percy e eu nos encolhemos na mesma hora, porque o calor fez meus olhos lacrimejarem, antes de eu olhar por cima dos irmãos quando os dois se viraram.

Raven estava parado ali, com os braços cruzados, exibindo uma expressão de negação. Seus lábios se comprimiram ao encarar John e Max, antes de ele negar com a cabeça e estalar a língua. Por um segundo não soube se ficava grata ou ofendida, porque queria muito lutar com aqueles dois e os destroçar depois de ouvi-los chamar meu povo de inferior.

—Quatro contra dois? —Raven fez um barulho de incredulidade com a boca, balançando a cabeça negativamente ainda mais. —Por que vocês guerreiros vermelhos nunca me surpreendem de verdade? Isso é tão típico de gente da laia de vocês.

—Não se meta nos assuntos onde você não foi chamado, Raven. —Max rosnou as palavras pra ele, tendo a coragem de erguer a espada e apontar para o elemental. Raven não pareceu nem um pouco preocupado com isso, porque sua pose não se alterou.

—Quando o assunto é a segurança de Falésia e do povo, vou me meter com toda certeza. Todos sabem o papel que Zaia pode vir a ocupar no nosso mundo. Não vai ser um grupo de guerreiros desocupados que vai atrapalhar isso. —Raven afirmou, erguendo o queixo como se os desafiasse a rebater aquilo. —Percy, leve Zaia de volta para o Chalé Azul, por favor. Eu vou cuidar disso.

As chamas sumiram, fazendo meu corpo relaxar. Os guerreiros vermelhos não tentaram impedir quando Percy segurou minha mão e me puxou para longe dali. John e Max mantendo os olhos em Raven, como se toda a raiva que estavam sentindo por mim tivessem sido direcionadas ao elemental.

—Não deveríamos ficar e ajuda-lo? —Indaguei, quase tropeçando nos meus próprios pés, porque Percy estava andando rápido demais e segurando meu braço com força para que eu o seguisse.