Capítulo 28: Bruxa da lua.

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A manhã seguinte foi estranha. Os guerreiros ainda estavam tentando conter os danos causados pelos incêndios e pelo ataque do Chalé Vermelho. Os guerreiros ainda estavam tentando se recuperar do fato de que David tinha morrido. Ele havia sido enterrado no início da manhã, em uma cerimônia com todos os guerreiros.

Não sabia bem o que pensar sobre tudo que estava acontecendo. Meu coração estava apertado por causa de David, ao mesmo tempo que eu sentia uma raiva imensa de Raven, por ele ter feito tudo isso. Não sei o que ele estava esperando que fosse acontecer, mas certamente não era daquele jeito que ele estava pensando que a noite fosse terminar.

Amélia precisou lidar com todas as coisas que envolviam o Chalé Azul, mas havia pedido para Margo me avisar que iria conversar comigo em breve. Ela podia tentar, mas não acho que iria conseguir falar comigo. Já tinha perdido qualquer paciência ou boa vontade de apenas esperar por alguma coisa concreta dela.

—Sabe, por algum motivo eu sabia que ia encontrar você desse jeito. —Percy murmurou assim que entrou no meu dormitório, me encontrando de joelhos no chão arrumando uma bolsa de viagem. Dei a ele minha expressão mais cansada, que deveria servir como um pedido de desculpas. —Você vai embora, não é?

—Desculpa, Percy, mas não posso mais ficar aqui. Não depois do que aconteceu. —Afirmei, umedecendo os lábios com a língua ao fechar a bolsa, ficando de pé. —As coisas saíram do controle. Saíram do controle da Amélia, principalmente.

—Você sabe que a culpa do que aconteceu com David não é sua, certo? A culpa é do Raven. Foi ele quem decidiu nós atacar o Chalé Azul e se voltar contra nós. —Percy afirmou, me fazendo balançar a cabeça negativamente na mesma hora, pegando a espada sobre a cama para prendê-la na minha cintura.

—Raven queria especificamente eu. Se eu tivesse ido com ele... Se Griffin tivesse me pegado naquele momento, David ainda estaria vivo. —Falei, vendo-o soltar um suspiro frustrado, como se eu estivesse falando bobagens. —Sabe que eu tenho razão.

—Não, você com certeza não tem.

—Como Mia está? —Indaguei, tentando deixar o tema sobre de quem era a culpa para trás.

Percy se encolheu um pouco quando ouviu minha pergunta e eu sabia que isso significava que as coisas não estavam boas. Mia tinha entrado em estado de choque depois do que aconteceu. Ela chorou por longas horas até que Margo conseguisse a acalmar. Não a vi no enterro de David, mas escutei alguns guerreiros comentando de que ela estava na enfermaria, sem condições de sair dali.

—Se sentindo tão culpada quanto você, apesar de estar um pouco mais calma. —Percy ergueu a mão para esfregar o rosto, parecendo visivelmente desanimado naquele momento. —Sinto muito por tudo isso, Zaia.

—Não, Percy, sou eu quem sinto muito. Por ter invadido o lugar de vocês. Por David e... —Ele balançou a cabeça negativamente e se aproximou de mim, me fazendo parar de falar na mesma hora.

—Pode falar mil vezes que é a culpada por tudo isso, e eu vou falar mil e uma vezes que a culpa não é sua. —Ele abriu um sorriso pequeno e quase dolorido pra mim. —Pra onde nós vamos?

—Nós? —Ergui as sobrancelhas, não sabendo se ficava surpresa ou simplesmente chocada de estar ouvindo aquilo de Percy depois da noite desastrosa que tivemos.

—Acha que vou deixá-la ir sozinha? Se vai sair andando pelo nosso mundo, vou com você, como seu guia e como seu amigo. Não vou deixá-la sozinha. —Afirmou, sem nem hesitar, erguendo o queixo como se me desafiasse a tentar impedi-lo.

Fiquei sem palavras por um momento, lembrando do que Raven havia dito um pouco antes de tudo desandar por completo. Tinha hesitado com as palavras dele. Tinha deixado-o me envolver com aquelas palavras até eu estar com dúvida. Mas no final Raven estava mesmo errado sobre Percy.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora