Capítulo 37: Temos um problema.

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Deixamos a sala de Estel em silêncio depois de ela entregar o mapa. Fui ao lado de Percy, sem conseguir olhar na direção de Sky em nenhum momento, porque ainda estava absorvendo o que havia acontecido. Cada parte do meu corpo rígida e gelada, porque precisei observar a fada morta no chão, se transformar em milhares de pontinhos de luz até desaparecer. Não tive coragem de perguntar a Percy o porque, mas aconteceu.

—Ela ia te entregar o mapa. —Falei para Sky, finalmente olhando pra ele quando deixamos o lugar e saímos naquele beco escuro. Seus olhos se voltaram para os meus, nada além de tranquilidade presente ali. —Ela ia te entregar, não precisava ter mata-o.

—Não, ela não ia. Ela ia tentar me convencer a não fazer aquilo, duvidando de mim e tentando ganhar mais tempo. —Afirmou, sem qualquer pingo de remorso, soltando uma risada ao ver minha expressão resignada. —O que foi, Zaia, ficou com pena daquela fada? Acha que se a situação fosse ao contrário, e a espada estivesse na sua garganta, ela teria pena?

—Eu não estou com pena dela. —Sibilei, mesmo que fosse mentira. Estava sim com pena, porque ela não tinha feito nada de errado.

—Que bom. —Sky se aproximou de mim, me obrigando a erguer o queixo para não baixar a guarda e deixá-lo ver o que eu realmente estava sentindo. —Porque essas fadas são mais sujas do que qualquer um de nós aqui. E não estou falando isso pelo fato de elas existirem apenas para dar prazer aos outros. Mas porque elas matariam qualquer um de nós aqui se pudessem, sem nem hesitar.

Não consegui achar uma resposta boa o suficiente pra ele, então me obriguei a ficar em silêncio, engolindo o nó que havia se formado na minha garganta. Sky me encarou, esperando por qualquer coisa de mim, mas quando percebeu que não receberia uma resposta, se afastou. Observei ele pegar a esfera, indicando que todos segurassem o braço dele.

Minha mão parecia brasa quente em contato com seu ombro quando o toquei, antes de estarmos na floresta do acampamento de novo. Na mesma hora me afastei, caminhando com movimentos rígidos até as pontes. Parecia que os gêmeos e Percy notaram a tempestade sobre a minha cabeça, já que nenhum dos três abriu a boca para dizer nada. Nem mesmo uma única provocação.

Quando entramos na cabana principal, Caio estava andando de um lado para o outro, com o primeiro sinal de algo que não fosse seriedade presente no rosto. Ele suspirou assim que viu Sky, como se estivesse aliviado por vê-lo de volta.

—Que bom que voltaram. Temos um problema. Ou algo que ainda vai virar um problema. —Afirmou, puxando os cabelos loiros para trás com força. —Recebemos duas visitas enquanto vocês estavam fora. E elas não tem boas notícias.

—Que visitas? —Sky indagou, com a voz saindo mais afiada que o normal, como se ele não estivesse com paciência para lidar com aquilo no momento.

—Seja lá o que estejam esperando pra ir atrás da bruxa da lua, é melhor irem rápido. —Olhamos para trás quando escutamos a voz de Margo, encontrando ela e Mia subindo as escadas até a entrada da cabana. —Amélia já sabe que vocês estão aqui no Acampamento Vertical. E ela vai aparecer aqui a qualquer momento, com a intenção de levá-los de volta para o Chalé Azul.

[...]

—O que Amélia quer comigo afinal? —Perguntei, me sentindo mais frustrada do que qualquer outra coisa naquele momento. Nada estava dando certo pra mim desde que entrei naquele torneio. Estou começando a me arrepender de não ter dado ouvidos ao meu tio.

—Ela não é uma pessoa ruim, Zaia. —Mia afirmou, me fazendo soltar uma risada descrente, porque eu não tinha muita certeza de nada naquele momento. —Ela está realmente preocupada com você. Só está fazendo as coisas de um jeito errado.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora