- 𝖳𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒

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5 de julho

— S/N.

Tentei virar para o outro lado da cama, mas então ouvi de novo, mais alto.

— S/N!

Alguém estava me sacudindo para que eu acordasse. Abri os olhos. Era minha mãe. Ela estava com olheiras, e sua boca, praticamente inexistente, estava franzida em uma linha fina.

Usava agasalho de ficar em casa, com o qual nunca saía, nem para ir à academia. O que ela estava fazendo na casa dos meninos ?

Ouvi um bipe. Primeiro pensei que fosse o despertador, mas então me dei conta de que tinha derrubado o telefone, e entendi que o que eu estava escutando era o sinal de ocupado. Foi aí que me lembrei.

Eu havia ligado para minha mãe quando estava bêbada. Eu tinha feito com que ela se deslocasse até ali.

Eu me sentei na cama, a cabeça latejava tanto que eu tinha a impressão de que meu coração estava batendo lá dentro. Então isso era ter uma ressaca.

Eu não tinha tirado as lentes antes de dormir, e meus olhos estavam ardendo. Tinha areia por toda a cama, e um
pouco nos meus pés.

Minha mãe se levantou. Ela era um grande borrão.

— Você tem cinco minutos para pegar suas coisas.

— Espere aí... o quê?

— Nós vamos embora.

— Mas eu não posso ir agora. Ainda preciso...

Foi como se ela não tivesse me escutado, como se eu estivesse no mudo.

Ela começou a juntar minhas coisas do chão, atirando as sandálias e o short de Taylor na minha mochila.

— Mamãe, pare! Pare um minuto.

— Nós vamos embora em cinco minutos — repetiu ela, olhando
ao redor.

— Só me escute um segundo. Eu tinha que vir. Noah e Aidan precisavam de mim.

A expressão no rosto da minha mãe me fez parar imediatamente. Eu nunca a tinha visto tão brava antes.

— E você não achou que precisava me contar sobre isso? A Emma pediu que eu cuidasse dos meninos dela. Como eu posso fazer isso quando nem sei que eles precisam da minha ajuda? Se eles
estavam com problemas, você devia ter me contado. Mas não, você preferiu mentir pra mim. Você mentiu.

— Eu não queria mentir pra você... — comecei.

Ela continuou falando.

— Você estava aqui, fazendo sabe Deus o quê...

Eu a encarei. Não acreditei que ela tinha dito aquilo.

— Como assim “sabe Deus o quê”?

Minha mãe se virou para mim, os olhos cheios de raiva.

— O que você quer que eu pense? Você já veio escondida pra cá com o Aidan uma vez e passou a noite aqui! Então me diga. O que você está fazendo aqui com ele? Porque para mim parece que você mentiu para poder vir aqui, ficar bêbada e se divertir com seu namorado.

Eu a odiava. Eu a odiava muito.

— Ele não é meu namorado! Você não sabe de nada!

A veia na testa da minha mãe latejava.

— Você me liga às quatro da manhã, bêbada. Eu ligo para o seu celular, e a ligação cai direto na caixa postal. Ligo para o telefone da casa, e só dá ocupado. Eu dirijo a noite toda, morta de preocupação, e quando chego aqui encontro a casa um verdadeiro
caos. Latas de cerveja por todo lado, lixo espalhado em todos os cantos. O que você acha que está fazendo, S/n? Ou você nem sabe?

It's not a game without you • Aidan gallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora