Capítulo 6

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Os textos em itálico são flashbacks.

XX

Veronica Lodge's Point of View

Veronica: Você precisava ter visto a cara dele quando eu disse isso! - gargalhei,  me jogando no sofá, destruída. - Ele achava mesmo que eu ia me render como uma idiota.

O último convidado havia saído há alguns minutos e Betty e eu juntávamos os cacos do que restara daquela noite, ela ia dormir aqui, porque, como dissera, estava muito tarde para uma jovem, linda, gostosa e loira sair por aí, correndo risco de ser atacada por algum maníaco serial killer ou estuprador. Modéstia definitivamente não era sua maior virtude, assim como a sanidade.

Betty: E pela segunda vez ele fica lambendo os dedos. - bateu pequenas palminhas - Estou adorando a ideia de ser sua cúmplice nesse plano macabro, apesar de que, devo confessar, é muito difícil pra mim enxergar esse filho da puta que você disse que ele era, ele me parece ser tão gente boa. - fechei os olhos, tentando bloquear aquele comentário - Já parou para pensar que ele pode ter se arrependido e realmente ter mudado?

Veronica: Vai começar a ter crise de mulherzinha agora? - entreabri os olhos e resmunguei - Ele não mudou, e mesmo se tivesse mudado, isso não muda o que ele fez no passado.

E nunca mudava mesmo, eu sabia bem. Ela deu de ombros e ficou calada, sentada na beirada que restava do sofá onde eu me mantinha deitada, novamente de olhos fechados.

Eu não queria pensar na possibilidade de estar fazendo algo errado, não queria começar a me arrepender, antes mesmo de ter começado a dar o troco, podia parecer errado para qualquer um, menos para mim, eu havia sentido na pela o que aquela atitude cruel foi capaz de provocar, desolação era pouco se comparado a forma como fiquei nos meses seguintes. Minha única vontade então fora sumir do mundo, encolher a ponto de desaparecer e ninguém conseguir presenciar o fracasso em que eu havia me transformado, entretanto, por mais que ansiasse por aquilo, nunca aconteceu, e eu fui obrigada a lidar com todo aquele caos emocional e suas consequências sob os olhos atentos de mamãe, para onde fugi quando acabei descobrindo sobre a tal aposta, no dia seguinte ao baile de formatura, na manhã seguinte à noite que me entregara completamente a ele.

Betty: Sabe no que eu não consigo acreditar? - a voz dela me trouxe de volta a realidade e eu reabri os olhos, percebendo seu olhar fixo em meu rosto - Ele não se lembrar em momento algum de você, quer dizer, não perceber na Monica nada que o leve à Veronica de antes...

Veronica: Pra você ver o quanto eu devo ter sido importante na listinha das mulheres com quem ele já dormiu na vida - desdenhei.

Ok, aquilo fora um desabafo amargurado, algo que eu realmente acreditava, mas, lá no fundo eu queria que ele me reconhecesse assim que me visse, que lembrasse de mim ou do que vivemos, que suas lembraças focem o suficiente para transpassar todos aqueles anos de afastamento, mas eu tinha plena consciência de que eu estava completamente diferente do que havia sido naquela época, quando tínhamos algum contato. Algo que nem eu conseguia negar era que meu passado condenava, e muito.

Há dez anos eu não era nem a sombra da  mulher que sou agora; não conseguia me maquiar e não tinha lá muito dom para reconhecer as últimas tendências da moda (todos os tipos de moda), eu diria, além do aparelho ortodôntico e do óculos fundo de garrafa que compunha o figurino, não seria de se estranhar se alguém que me conhecera antes passasse por mim hoje e fizesse a mínima para que eu era, porém, de certa forma, doía que ele fosse uma dessas pessoas. Por tudo.

Betty: Ou então ele tem probleminhas - disse tentando quebrar o clima - Por que, né... nem como a morena da festa ele te reconheceu.

Eu sorri ante a tentativa de brincadeira, mas não foi algo sincero.

O PECADO MORA EM FRENTE (adaptação - Varchie)Onde histórias criam vida. Descubra agora