VINTE E QUATRO

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#mentaEcanela

          Quase não podia enxergar pela fraca iluminação do cômodo, a única luz que tinha era a que vinha da sala onde as crianças estavam dormindo. Olhou para o teto e depois para o espaço vazio ao seu lado, franziu o cenho sentindo o coração acelerar de maneira repentina.

Como um pressentimento ruim, como se soubesse exatamente pelo o que viria. Um truque da mente.

Encarou a porta, contendo um grito ao encontrar os olhos dela, vidrados e fixos nos seus. O cabelo curto e negro tocando seus ombros, os lábios em um tom de azul escuro e a pele lívida. Estava usando um vestido vermelho onde a saia ia até os seus tornozelos e revelavam seus pés descalços.

Enxergou cada detalhe do rosto extremamente familiar dela, lendo cada traço que remetia à Haewon. Engoliu em seco, paralisado pelo medo.

Ela permaneceu imóvel pelo o que pareceu uma eternidade então, se virou desaparecendo no corredor.

Jung levou as mãos de forma desesperada até o seu pescoço, arranhando sua pele ao tentar gritar e é quando seus olhos se abrem de verdade. Ele se senta no colchão, ofegante e com o coração batendo forte.

Esfrega o rosto, encarando a porta e não encontrando nada além de um corredor vazio.

– Foi um sonho ruim – murmura para si mesmo, respirando fundo e encarando o lado esquerdo da cama onde estava Taehyung.

Ele dormia, agarrado à um travesseiro, com parte do corpo descoberto e cabelo cobrindo seus olhos. Parecia em paz.

Se levantou devagar, atravessando a porta e olhando para a porta que lavava para a varanda no final do corredor. Respirou fundo ao perceber que ela estava fechada, virou-se na direção da sala e seguiu caminho até lá.

As crianças ainda dormiam nas camas improvisadas no chão, enrolados nos cobertores e afundando-se em travesseiros. Ele os observou por um momento, os assistindo respirar serenamente.

Esfregou os olhos, arrastando-se de volta para o quarto. Passou pelo quarto de Haewon e encarou a porta entreaberta, parando para fecha-la de uma vez e só então, entrou em seu próprio quarto.

Enfiando-se outra vez embaixo dos cobertores, remexendo-se o suficiente para acabar acordando Taehyung.

Ele abriu os olhos um tanto confuso, juntando as sobrancelhas ao encarar o Jung.

– Tudo bem? – perguntou rouco.

– Sim – sussurrou, deitando-se junto à ele e aceitando de bom grado o abraço que ele lhe deu.

Hoseok o puxou para mais perto e deixou que se acomodasse, soltando grunhidos antes de praticamente cair no sono outra vez. Puxou o cobertor e cobriu seus corpos, fechando os olhos e forçando-se à dormir.

(...)

Comumente era acordado nos finais de semana por Haewon e sua necessidade de ver desenho às oito da manhã.

Entretanto, aquele sábado era diferente porque ao invés de ter a menina Jung pulando em sua cama, tinha risadas altas ecoando da cozinha.

Abriu os olhos, encarando seu celular sobre a cômoda ele o pegou e conferiu as horas, nove da manhã. Virou-se de barriga para cima, esfregando os olhos e o rosto.

Fitou o espaço vazio ao seu lado, o travesseiro amassado e os cobertores enrolados, algumas roupas de Taehyung esquecidas ali.

Após criar coragem para se levantar, arrastou-se até o banheiro onde perdeu alguns minutos. Para quando entrar no cômodo seguinte visualizar a seguinte cena: Os gêmeos ainda em seus pijamas, e cabelos desgrenhados cantarolando baixinho enquanto esperavam na bancada. Taehyung e Haewon juntos em frente ao balcão, enquanto ele a ajudava a quebrar alguns ovos e a parabenizando por não deixar as cascas caírem na tigela.

Quando Os Anjos DormemOnde histórias criam vida. Descubra agora